Com painel TFT de 6,3″ e conexão Bluetooth, a nova Ténéré 700 aposta em tecnologia e eficiência para retomar seu prestígio no Brasil.
A Yamaha decidiu apostar alto em 2025 com o retorno da lendária Ténéré 700 ao mercado brasileiro. Com chegada prevista às concessionárias em outubro e preço de R$ 72.990, a bigtrail volta ao país com uma promessa ousada: unir robustez e vocação aventureira a um consumo surpreendentemente contido de 19,2 km/l.
Em um segmento dominado por motos grandes, pesadas e sedentas por combustível, esse número chama atenção e se torna um dos principais trunfos da moto para conquistar viajantes e entusiastas do off-road.
Eficiência que impressiona em uma bigtrail
Durante os testes realizados, a Ténéré 700 alcançou média de 19,2 km/l mesmo em condições que combinavam rodovias, estradas de terra e trechos de baixa aderência. Para uma moto de 689 cm³ e 68,9 cv, essa eficiência energética surpreende.
-
Minivan japonesa com motor V6, 7 lugares e conforto de carro executivo volta ao radar dos entusiastas; conheça a Toyota Previa, o “transporte VIP” esquecido
-
Custando o mesmo que uma Yamaha MT-03 zero km e com motor V6 de 231 cv, este sedã alemão de alto luxo entrega couro, conforto executivo e fama de rodar mais de 300 mil km; conheça o Mercedes-Benz C280 Avantgarde usado
-
Novo BYD Dolphin surpreende o Brasil com geladeira e visual renovado — lançamento deve agitar o mercado automotivo
-
Jeep Commander: versão Longitude 2026 que despenca preço para disputar mercado com o Caoa Chery Tiggo 8
Normalmente, modelos dessa categoria apresentam médias mais modestas, especialmente quando levados a terrenos acidentados e rotações mais altas.
Essa boa autonomia coloca a Ténéré em vantagem para longas viagens, onde cada parada para abastecer representa tempo e custo extras. Além disso, esse consumo reforça a proposta da moto como parceira ideal para trajetos extensos, atravessando cidades, estados e até países com menos dependência de postos pelo caminho.
É um ponto que agrada especialmente aos aventureiros, público-alvo que costuma priorizar praticidade e economia em expedições.
Motor bicilíndrico mostra vigor em altas rotações
Apesar do apelo da economia, a Ténéré não deixa de lado o desempenho. O motor de dois cilindros paralelos, com 689 cm³, entrega 68,9 cv e 6,6 kgfm de torque.
Esses números ficam abaixo da versão europeia, que oferece 4,1 cv e 0,4 kgfm a mais, mas ainda garantem respostas firmes em retomadas e ultrapassagens — principalmente acima de 6.500 rpm, faixa onde o propulsor revela todo seu vigor.
Nas saídas em baixas rotações, há certa lentidão na resposta, algo comum em trail de médio porte, já que o ar percorre um caminho mais longo até chegar à câmara de combustão. Mas, passada essa fase, a entrega de força se mostra linear e constante.
O câmbio de seis marchas tem escalonamento eficiente e trabalha em harmonia com o motor: a 120 km/h em sexta marcha, o giro estabiliza em 5.000 rpm, favorecendo o conforto e contribuindo para manter o consumo contido em cruzeiros.
Outro avanço importante é a configuração bicilíndrica. A antiga geração, descontinuada em 2018, usava motor monocilíndrico e sofria com vibrações em alta velocidade.
Agora, a suavidade mecânica melhora a experiência e reduz o cansaço em viagens longas, aproximando a Ténéré do padrão de refinamento de rivais maiores.
Conforto e ergonomia ainda geram debate
Se por um lado a economia de combustível e a suavidade do motor empolgam, por outro o conforto divide opiniões. O assento está a quase 90 cm do chão, o que intimida pilotos iniciantes e dificulta manobras em baixa velocidade. Na Europa, existe uma versão com banco 2 cm mais baixo, mas no Brasil a Yamaha oferecerá apenas a configuração padrão, sem ajustes de altura.
Além disso, o banco poderia ser mais macio. Para o piloto, a espuma rígida cobra um preço em longas jornadas. Para a garupa, o problema é ainda maior: a porção traseira do assento é mais estreita e fina, causando desconforto prolongado.
Essa combinação de altura elevada e firmeza excessiva pode afastar parte do público que busca uma bigtrail confortável para turismo rodoviário.
A ergonomia em movimento, porém, agrada. A posição de pilotagem ereta, o guidão largo e a roda dianteira de 21 polegadas facilitam o controle sobre pisos irregulares, reforçando a vocação off-road do modelo.
Em compensação, a largura de cerca de 20 cm a mais que uma moto urbana como a Honda CG 160 torna inviável circular pelos corredores do trânsito urbano. A Ténéré foi feita para estradas abertas e trilhas — não para o dia a dia em cidades congestionadas.
Tecnologia e segurança para viagens longas
No pacote eletrônico, a Ténéré 700 traz um painel TFT colorido de 6,3 polegadas posicionado verticalmente, com dois modos de exibição (Street e Adventure).
Ele mostra todas as funções da moto e permite conexão com o celular via Bluetooth para atender chamadas, ouvir música e acessar o computador de bordo por um botão no punho esquerdo.
Uma porta USB-C na lateral direita complementa o conjunto e ajuda a carregar dispositivos durante as viagens.
A segurança também recebe atenção especial. Os freios ABS podem ser configurados em três modos: totalmente ativado, desligado apenas na roda traseira ou desativado nas duas rodas — recurso útil para quem encara trechos off-road, onde o controle direto do piloto é preferido.
A iluminação em LED com quatro projetores amplia a visibilidade em estradas escuras e reforça o visual aventureiro. A Yamaha ainda oferece quatro anos de garantia para o modelo, um diferencial no segmento.
Preço elevado e rivais de peso
Apesar dos pontos positivos, o preço de R$ 72.990 coloca a Ténéré em uma posição delicada. A BMW F 800 GS, com 87 cv e 9,1 kgfm, custa R$ 69.990 e entrega desempenho superior.
Já a Moto Morini X-Cape aparece como opção bem mais barata: a versão topo de linha custa R$ 52.990 e a de entrada, R$ 47.990, ainda que com menos potência e torque. Essa diferença de até R$ 25 mil pode influenciar decisivamente a escolha de muitos consumidores.
Uma bigtrail equilibrada e eficiente
No fim, a Ténéré 700 mostra que não quer ser a mais forte ou a mais luxuosa — quer ser a mais equilibrada. E o consumo médio de 19,2 km/l reforça essa proposta, oferecendo autonomia sem abrir mão da robustez e do prazer de pilotar.
Ainda há pontos a melhorar, como o assento e o preço, mas a moto prova que tem fôlego para reviver o legado da linha no Brasil e disputar espaço entre as bigtrails médias mais desejadas do mercado.



Seja o primeiro a reagir!