Como a WEG se tornou uma fábrica de bilionários no Brasil. Modelo de gestão profissional aliado à sucessão familiar transformou a empresa em um dos maiores polos de riqueza do país.
A história da WEG vai muito além de motores elétricos e inovação industrial. Com uma estratégia de sucessão planejada e gestão profissionalizada, a companhia catarinense criada em 1961 não só se tornou uma das mais valiosas do Brasil, mas também gerou um número impressionante de bilionários no Brasil.
Em 2024, segundo a revista Forbes, nada menos que 29 pessoas ligadas à WEG possuíam patrimônio bilionário, superando até gigantes como o Itaú na quantidade de herdeiros com fortuna acima de nove dígitos. O feito é resultado de uma combinação rara: governança sólida, foco em crescimento contínuo e manutenção dos valores estabelecidos pelos fundadores.
A origem de uma potência
Fundada em Jaraguá do Sul (SC) por Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus, a WEG começou produzindo motores elétricos e expandiu gradualmente seu portfólio para mais de 1.500 produtos. Hoje, a empresa fatura mais de R$ 30 bilhões por ano, fabrica 60 mil motores diariamente e está presente em mais de 130 países.
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Mesmo sendo uma companhia de origem familiar, a WEG decidiu profissionalizar cedo sua gestão. Desde a década de 1980, criou regras claras para a escolha de executivos — que podem ou não ser membros das famílias — e instituiu programas internos de treinamento e planos de sucessão para preparar futuros líderes.
Sucessão planejada e estabilidade no comando
Ao longo de mais de 60 anos, a WEG teve apenas quatro presidentes. O atual CEO, Alberto Kuba, começou como estagiário e assumiu o cargo em 2024 após duas décadas na empresa. Antes dele, Harry Schmelzer Júnior ocupou a presidência por 16 anos, também tendo iniciado sua trajetória como estagiário.
Essa política de promoção interna mantém a cultura corporativa e reduz riscos de rupturas na liderança. Além disso, a presença das famílias fundadoras é garantida por meio da holding WPA Participações, que detém 50,1% das ações com direito a voto, assegurando controle estratégico sem interferir na gestão executiva do dia a dia.
Acordo entre famílias e preservação da cultura
Na década de 1970, os fundadores redigiram uma carta definindo princípios de governança e sucessão. Entre as regras, ficou estabelecido que herdeiros interessados em trabalhar na empresa deveriam começar por cargos de base e que ninguém seria obrigado a assumir funções de liderança.
O compromisso também previa programas de formação para os descendentes, abordando temas como finanças, gestão e história da companhia. Hoje, mais de 90 herdeiros participam do chamado Conselho de Família, que garante a preservação desses valores e acompanha de perto os resultados e planos estratégicos da WEG.
Crescimento global e valorização das ações
A expansão internacional, intensificada a partir de 1989, foi decisiva para o aumento do valor de mercado e para a multiplicação de bilionários no Brasil ligados à WEG. Atualmente, a empresa opera 52 fábricas em 15 países, e mais da metade do faturamento vem do exterior.
Desde 2014, quando o primeiro herdeiro apareceu na lista de bilionários da Forbes, as ações da companhia subiram mais de 1.000% na B3. Cerca de 60% da receita atual vem de produtos lançados nos últimos cinco anos, evidenciando a aposta contínua em inovação e novos mercados, como energia solar, eólica e soluções para veículos elétricos.
Quem são os bilionários da WEG
Entre os nomes mais conhecidos está Lívia Voigt, neta de Werner Ricardo Voigt, que em 2024 foi reconhecida como a jovem mais rica do mundo aos 19 anos, com fortuna estimada em R$ 5,5 bilhões herdada da mãe. Anne Werninghaus, neta de Geraldo Werninghaus, é outra acionista de destaque, com patrimônio próximo a R$ 9 bilhões.
O crescimento rápido da lista de bilionários da WEG também se deve a valorização recente das ações, que ampliou significativamente o patrimônio das famílias. Em alguns casos, como no acordo judicial envolvendo Lucas Demathé da Silva, filho de Eggon fora do casamento, o ganho bilionário veio na forma de indenização patrimonial.
O segredo por trás da “fábrica de fortunas”
O caso WEG mostra que a combinação entre profissionalização da gestão e manutenção da cultura familiar pode gerar resultados extraordinários. Ao criar um modelo sólido de governança, investir em inovação e manter a união dos herdeiros em torno de objetivos comuns, a empresa conseguiu se expandir globalmente e gerar riqueza para várias gerações.
A WEG segue como exemplo de que é possível equilibrar tradição e modernidade nos negócios, produzindo não apenas motores e tecnologia, mas também alguns dos mais influentes bilionários no Brasil.
E você? Acredita que a estratégia da WEG poderia ser replicada por outras empresas brasileiras para criar valor a longo prazo? Ou esse modelo só funciona em casos muito específicos? Compartilhe sua opinião nos comentários.