Crise global atinge operações da marca alemã no mercado chinês, com possíveis fechamentos de fábricas em Nanjing e Ningbo
A Volkswagen, uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo, enfrenta um período desafiador com a possibilidade de encerrar a produção em duas importantes fábricas na China. A crise global que a marca enfrenta, agravada pela queda nas vendas no mercado chinês, levanta a hipótese de fechar as unidades de Nanjing e Ningbo, fruto de sua parceria com a SAIC (Shanghai Automotive Industry Corporation), de acordo com o site Quatro Rodas.
A montadora alemã já havia sinalizado dificuldades financeiras, inclusive considerando o fechamento de fábricas na Alemanha pela primeira vez em quase nove décadas de história. No entanto, o cenário atual na China, que outrora representou cerca de 50% das vendas do grupo Volkswagen, acentua ainda mais a necessidade de ajustes.
Perda de mercado para marcas chinesas
Nos últimos anos, o mercado chinês viu a ascensão de fabricantes locais, como a BYD, que assumiu a liderança em 2023, ultrapassando a Volkswagen, que manteve o topo por mais de 25 anos. No primeiro semestre deste ano, a Volkswagen vendeu 1,34 milhão de veículos na China, representando uma queda de mais de 25% em comparação aos números de três anos atrás.
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O CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, comentou recentemente sobre a perda significativa da marca no mercado chinês, afirmando que “não há mais cheques vindo da China”. Isso reflete a mudança de preferência dos consumidores chineses, que estão cada vez mais optando por marcas locais, especialmente com o crescimento da produção de veículos elétricos, segmento em que a BYD se destacou.
Unidades de Nanjing e Ningbo em risco
Entre as fábricas que podem ser fechadas estão as de Nanjing e Ningbo, ambas resultado da parceria entre SAIC e Volkswagen. A fábrica de Nanjing, inaugurada em 2008, ocupa uma área de 635.000 m² e tem capacidade de produção de 360.000 veículos por ano. Entre os modelos produzidos nessa unidade estão o VW Passat e os veículos da marca Skoda, como Kamiq e Superb.
Já a fábrica de Ningbo, outra forte candidata ao encerramento, é responsável pela produção de modelos populares como Volkswagen Lamando, Tharu, Teramont, Viloran, Skoda Octavia e Audi Q6. O fechamento dessas unidades representaria uma mudança significativa na estratégia da Volkswagen no país, que até pouco tempo atrás era seu principal mercado global.
Mudança de estratégia para conter perdas
A Volkswagen não confirmou oficialmente o fechamento dessas fábricas, limitando-se a afirmar que as decisões sobre a produção estão sendo adaptadas às “exigências do mercado”. No entanto, fontes ligadas à empresa indicam que, caso as unidades sejam de fato fechadas, os trabalhadores podem ser realocados para outras fábricas, como a unidade de Yizheng, também fruto da parceria SAIC-Volkswagen. Curiosamente, essa mesma unidade já havia recebido trabalhadores transferidos da primeira fábrica fechada da Volkswagen em Xangai, há dois anos.
Impacto global e reflexo no mercado chinês
A crise que a Volkswagen enfrenta na China não está isolada. A pandemia de COVID-19 causou uma queda nas vendas de automóveis na Europa, o que também contribuiu para o enfraquecimento das operações da marca em outros mercados. Na China, além da crescente preferência por marcas locais, a transição para veículos elétricos também está remodelando o cenário automotivo. A Volkswagen, apesar de seus esforços no segmento de veículos elétricos, ainda encontra desafios para competir com empresas chinesas como a BYD e Nio, que têm dominado esse nicho.
A parceria SAIC-Volkswagen, que começou em 1984 e foi uma das primeiras colaborações internacionais no setor automotivo chinês, atingiu seu auge entre 2016 e 2019, quando produzia mais de dois milhões de veículos anualmente. Porém, o declínio das vendas nos últimos anos e a rápida evolução do mercado chinês estão forçando a Volkswagen a repensar sua estratégia.