Técnico da Petrobras morre após queda no mar durante teste de carga na construção da plataforma P-79, em estaleiro sul-coreano. Caso mobilizou autoridades, gerou comoção e abriu debate sobre segurança no setor naval.
O técnico de segurança Rodrigo Reis Barreto, de 39 anos, funcionário da Petrobras, morreu na terça-feira (02) após um acidente durante a construção da plataforma FPSO P-79 no estaleiro Hanwha Ocean, em Geoje, na Coreia do Sul.
De acordo com informações que circulam pelas redes sociais, o brasileiro supervisionava um teste de carga quando uma estrutura cedeu e ele caiu no mar de uma altura estimada em dez metros.
A queda ocorreu por volta das 11h30 no horário local, correspondente às 23h30 de segunda-feira (2) no Brasil e, segundo a página Notícias Macaé, a Guarda Costeira de Changwon informou que Rodrigo foi localizado cerca de 1h30 depois em parada cardiorrespiratória. Levado a um hospital da região, não resistiu.
Resgate e reação imediata

O teste fazia parte da checagem do sistema de transferência de óleo da unidade, conhecido como offloading. Após o colapso, as operações foram interrompidas e equipes de emergência iniciaram as buscas.
Segundo a imprensa sul-coreana, apenas Rodrigo foi retirado da água em estado grave, e não há confirmação de outros feridos.
Em nota, a Petrobras lamentou a morte, informou que presta assistência à família e anunciou a criação de uma comissão para apurar as circunstâncias do acidente. A estatal também destacou que acompanha as investigações conduzidas pelas autoridades locais.
A Hanwha Ocean, responsável pela construção, suspendeu as atividades relacionadas ao teste e declarou que coopera com as autoridades para esclarecer o ocorrido.
Perfil da vítima
Natural de Paulo Afonso, na Bahia, Rodrigo Reis Barreto era casado, pai de dois filhos e atuava como supervisor de segurança.
Ele integrava a equipe de fiscalização enviada pela Petrobras à Coreia do Sul para acompanhar os trabalhos na P-79.
O Sindipetro-NF, sindicato da categoria, confirmou que ele era filiado e defendeu transparência total no processo de investigação.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) também se manifestou, cobrando participação sindical na apuração e reforçando a necessidade de medidas que garantam condições adequadas de trabalho.
Plataforma P-79 no campo de Búzios
A unidade P-79 está em construção para operar no campo de Búzios 8, na área do pré-sal da Bacia de Santos. A expectativa da Petrobras é que a plataforma inicie sua produção em 2026.
O projeto prevê capacidade de processamento de óleo e gás em larga escala, parte do plano de expansão da estatal no pré-sal.
Repercussão nas redes sociais
A morte do trabalhador também repercutiu nas redes sociais, com críticas sobre a segurança e reflexões de quem conhece de perto a rotina em plataformas e estaleiros.
Um profissional afirmou: “Trabalho diretamente com esse sistema que caiu, trabalho mal feito sempre acaba matando alguém”.
Outra usuária criticou: “Meu Deus que tristeza pra família desse trabalhador, mais um que morre no local de trabalho dessa empresa que pelo jeito não tem nem um pingo de responsabilidade e segurança com os seus trabalhadores…”.
Houve ainda quem desabafasse sobre os riscos da atividade: “Nunca mais na minha vida eu quero trabalhar embarcado, nem em navios ou plataformas, pior trabalho do mundo, o verdadeiro trabalho escravo, graças a Deus eu estou em outro ramo”.
Investigação em andamento
As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. Especialistas apontam que testes de carga em estruturas como guindastes e enroladores de mangotes envolvem alto risco, exigindo protocolos rigorosos de segurança.
A comissão da Petrobras deverá atuar em conjunto com técnicos sul-coreanos e representantes dos trabalhadores.
A morte de Rodrigo trouxe comoção entre colegas no Brasil e reforçou o debate sobre a proteção de profissionais destacados em missões internacionais. A expectativa é de que novas informações sobre a investigação sejam divulgadas nos próximos dias.