Viciado em café: tarifas dos EUA contra o Brasil revelam crise inesperada no comércio internacional. Professor Oliver Stuenkel analisa como a dependência norte-americana do café brasileiro expôs vulnerabilidades políticas e econômicas
O americano é reconhecidamente viciado em café — e essa característica cultural acabou se transformando em peça central de uma disputa comercial que envolve Brasil e Estados Unidos. Segundo análise do professor Oliver Stuenkel, especialista em relações internacionais, as tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros, em especial o café, geraram forte reação dentro dos EUA, revelando uma pressão política inesperada sobre o governo.
Hoje, os EUA importam 99% do café que consomem, com apenas pequenas plantações no Havaí. Nesse cenário, o Brasil é fornecedor indispensável, responsável por suprir grande parte da demanda de gigantes como a Starbucks. Por isso, a taxação recente causou preocupação entre empresários americanos, que já se mobilizam para pressionar o Congresso e a Casa Branca a rever a medida.
Por que o café brasileiro é estratégico para os EUA?
A ligação entre Brasil e Estados Unidos vai além da diplomacia: o café é insumo essencial para a economia e o dia a dia americano. Trata-se de um mercado bilionário que movimenta cadeias de consumo, desde cafeterias até empresas de tecnologia e coworkings que dependem do hábito de consumo diário.
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Com a tarifa, importar café brasileiro se torna menos viável economicamente, o que ameaça todo um setor que abastece milhões de consumidores. Isso explica por que lobistas e parlamentares norte-americanos entraram em ação imediata, pressionando por uma reversão da medida.
O peso político do viciado em café
De acordo com Stuenkel, a discussão em torno das tarifas não é apenas econômica, mas também política. O Brasil, antes considerado irrelevante nas prioridades de Washington, ganhou protagonismo inesperado justamente por causa da dependência americana do café.
O especialista lembra que, em outras disputas tarifárias, como com Índia ou países europeus, o impacto político foi menor. No caso brasileiro, porém, o perfil “viciado em café” do americano médio colocou pressão direta sobre o governo dos EUA, transformando a pauta em assunto de interesse nacional.
Brasil ainda precisa dos EUA?
Apesar do impacto em setores específicos, Stuenkel avalia que o Brasil está mais preparado para resistir à pressão externa. Hoje, o país exporta mais para a China do que para os EUA e Europa juntos, o que garante maior margem de manobra ao governo brasileiro.
Empresas afetadas pelas tarifas podem buscar compensação em outros mercados, aproveitando o cenário de mundo multipolar, em que não há mais dependência exclusiva de uma potência. Essa realidade coloca o Brasil em posição mais confortável do que vizinhos como a Colômbia, altamente dependente do mercado americano.
O que esperar daqui para frente?
A disputa em torno do café mostra como um hábito cultural pode se transformar em arma política e econômica. Para os EUA, recuar das tarifas pode significar evitar escassez e pressão popular. Para o Brasil, resistir é sinal de soberania e de inserção comercial diversificada.
O futuro dessa crise dependerá da intensidade da pressão doméstica dentro dos Estados Unidos. Afinal, mexer com o americano viciado em café pode custar caro para qualquer governo.
E você, acredita que os EUA vão recuar diante da pressão do próprio consumidor ou manterão as tarifas contra o Brasil? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade de perto.