Com 30 anos de pesquisa em células a combustível e pioneira com o Mirai, a Toyota defende que o hidrogênio, capaz de gerar energia apenas com vapor d’água, pode substituir o diesel no transporte pesado
Enquanto a maioria das montadoras acelera nos veículos elétricos a bateria, a Toyota mantém firme sua convicção de que o hidrogênio pode ser a chave para a mobilidade das próximas décadas.
Em entrevista ao portal Car Expert, da Austrália, Sean Hanley, vice-presidente de vendas e operações da marca no país, destacou que essa tecnologia pode até superar o diesel no transporte pesado.
Segundo o executivo, embora o diesel ainda não desapareça na próxima década, dificilmente será o combustível dominante no longo prazo.
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Para Hanley, o hidrogênio está sendo subestimado no debate atual, mas tem potencial para assumir um papel central, principalmente em segmentos onde os elétricos ainda encontram limitações, como caminhões e ônibus.
O desafio da infraestrutura
Apesar da confiança no hidrogênio, Hanley admite que a infraestrutura continua sendo um obstáculo significativo.
A Austrália, por exemplo, precisaria investir fortemente em postos de abastecimento antes de expandir a adoção em larga escala.
O executivo também criticou a narrativa de que o hidrogênio estaria “em segundo plano” em comparação aos elétricos, reforçando que a transição energética precisa de múltiplas soluções.
Três décadas de pesquisa
A aposta da Toyota não é recente. A montadora acumula mais de 30 anos de experiência com células a combustível e foi pioneira ao lançar, em 2014, o Mirai, primeiro carro a hidrogênio produzido em série.
Ainda assim, a história da tecnologia remonta a 1966, quando a General Motors apresentou o Electrovan, considerado o primeiro veículo movido por célula de combustível, inspirado em pesquisas realizadas paralelamente ao uso do hidrogênio pela NASA no programa Apollo.
Concorrência dividida
Hoje, o setor automotivo adota caminhos distintos. A BMW anunciou que colocará sua nova geração de células de combustível em produção em 2028, enquanto a Stellantis considera o hidrogênio apenas um nicho de mercado.
Já a Hyundai vem ganhando destaque: desde 2018, comercializa o SUV Nexo, que gera eletricidade por reação eletroquímica, emitindo apenas vapor d’água e ainda purificando o ar antes de liberá-lo à atmosfera.
O futuro do diesel em jogo
Mesmo diante dos desafios, a Toyota insiste em sua visão de longo prazo: o hidrogênio tem espaço para crescer e pode, em algum momento, substituir o diesel.
Para isso, no entanto, a tecnologia precisa avançar em escala, reduzir custos e superar a barreira da infraestrutura. Se depender da montadora japonesa, essa transição já está em curso, ainda que mais lenta do que a corrida elétrica.