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“Verdadeira lei da selva”: Brasil não tem plano estratégico para o mundo e vive “apagando incêndios”, alertam senadores e ex-embaixador

Escrito por Carla Teles
Publicado em 24/09/2025 às 10:06
"Verdadeira lei da selva": Brasil não tem plano estratégico para o mundo e vive "apagando incêndios", alertam senadores e ex-embaixador
O Brasil não tem um plano estratégico como EUA e China, aponta debate no Senado. Saiba por que essa ausência deixa o país vulnerável e quais os caminhos propostos.
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Enquanto potências globais definem seu futuro com relatórios detalhados, debate no Senado revela que o país se limita a diretrizes de defesa, arriscando sua posição no cenário internacional.

Um debate realizado na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado Federal, repercutido pela Agência Senado, expôs uma vulnerabilidade crítica na condução da política externa e do desenvolvimento nacional: o Brasil não possui um plano estratégico unificado para orientar suas ações a médio e longo prazo. Essa ausência contrasta diretamente com a prática de nações como Estados Unidos, China, Índia, Japão e potências europeias, que publicam regularmente documentos oficiais para guiar seu posicionamento no mundo.

A discussão, proposta pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), apontou que, em um cenário de enfraquecimento do multilateralismo e crescente tensão geopolítica, a falta de uma visão de Estado deixa o país em desvantagem. Especialistas e parlamentares presentes na audiência pública concordaram que o Brasil opera de forma reativa, “apagando incêndios”, em vez de seguir uma rota clara para alcançar seus objetivos de soberania, desenvolvimento e segurança, conforme previsto na Constituição.

A ausência de um documento nacional

O ponto central do debate, conforme detalhado pela Agência Senado, foi a análise apresentada por Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington e atual presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). Ele destacou que, enquanto outras nações elaboram relatórios complexos sobre suas metas e estratégias, o Brasil se restringe a documentos setoriais, como os de defesa, que são insuficientes para abarcar a complexidade dos desafios atuais.

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Segundo Barbosa, a motivação para essa discussão é a “verdadeira lei da selva” que prevalece na ordem global, marcada por pandemias, guerras e o uso político de sanções econômicas. “O Brasil não tem um documento que reflita as prioridades e anseios internos e externos”, afirmou ele, explicando que o estudo elaborado por seu instituto, intitulado Uma Estratégia para o Brasil, serve como uma “provocação” para estimular um debate realista e sem amarras ideológicas sobre o lugar que o país deve ocupar no mundo.

Os pilares para um projeto de Estado

Durante a audiência, senadores apontaram quais poderiam ser os eixos centrais de um eventual projeto de Estado para o Brasil. O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) defendeu que o investimento em ciência, tecnologia e educação de qualidade é a “receita comum” de todos os países desenvolvidos. “O Brasil precisa ter metas de longo prazo. Não é uma questão de governo, é uma questão de Estado”, enfatizou Pontes, conectando a necessidade de uma estratégia unificada ao avanço tecnológico e à inovação.

Por sua vez, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) lembrou que a posição estratégica do Brasil está intrinsecamente ligada ao seu papel como provedor global de alimentos. Ele citou dados expressivos, como o fato de o agronegócio brasileiro alimentar quase 800 milhões de pessoas diariamente e o país possuir o maior rebanho bovino do mundo. Essa força, segundo ele, é um ativo estratégico que precisa ser integrado a uma visão mais ampla, protegendo o setor e potencializando seu alcance.

Navegando na nova ordem geopolítica

A complexidade do cenário internacional, marcado pela rivalidade entre Estados Unidos e China, foi outro tema de destaque. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) observou que o Brasil está “metido no meio desse conflito” e precisa de equilíbrio para preservar suas relações históricas, como a amizade de mais de 200 anos com os norte-americanos, sem negligenciar a importância comercial da China. A ausência de uma estratégia clara, segundo ele, torna o país mais suscetível a pressões externas.

Essa visão foi reforçada pela senadora Tereza Cristina (PP-MS), que criticou a falta de continuidade nas políticas externas brasileiras. “Não podemos viver apagando incêndios. A polarização política deixa na sombra temas fundamentais”, declarou, citando como exemplos a perda de protagonismo na América do Sul e o abandono de uma política ativa com a África. Conforme a Agência Senado, a senadora concluiu que a ausência de projetos de Estado, que transcendam os ciclos de governo, faz com que o Brasil perca inúmeras oportunidades.

Um chamado à ação

O consenso formado no debate da Comissão de Relações Exteriores é que a abordagem reativa e fragmentada não é mais suficiente para garantir os interesses do Brasil em um mundo em transformação. A cobrança por um plano estratégico nacional reflete a urgência de definir prioridades, alinhar políticas internas e externas e, finalmente, construir uma visão de futuro que seja resiliente às mudanças de governo e capaz de posicionar o país como um ator relevante e soberano no século XXI.

A falta de um plano estratégico unificado é o que mais prejudica o Brasil no cenário global? Qual setor você acredita que seria mais beneficiado por uma visão de longo prazo: tecnologia, agronegócio ou relações exteriores? Deixe sua opinião nos comentários, queremos ouvir quem vive isso na prática.

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Carla Teles

Produzo conteúdos diários sobre tecnologia, inovação, construção e setor de petróleo e gás, com foco no que realmente importa para o mercado brasileiro. Aqui, você encontra oportunidades de trabalho atualizadas e as principais movimentações da indústria. Tem uma sugestão de pauta ou quer divulgar sua vaga? Fale comigo: carlatdl016@gmail.com

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