A Usina de Belo Monte, a maior barragem 100% brasileira, carrega uma trajetória repleta de polêmicas, desafios ambientais e impactos sociais.
A Usina de Belo Monte, localizada no Rio Xingu, no estado do Pará, é uma das obras de engenharia mais imponentes do Brasil e a maior barragem 100% brasileira. Com uma capacidade de geração de 11.233 MW, suficiente para abastecer 60 milhões de consumidores em 17 estados, Belo Monte representa uma conquista tecnológica e um marco na produção de energia no país.
No entanto, a usina também se tornou sinônimo de controvérsia, envolvendo conflitos com comunidades locais, preocupações ambientais e questionamentos sobre sua eficiência.
Belo Monte é hoje a quarta maior usina hidrelétrica do mundo, atrás apenas de empreendimentos como as Três Gargantas, na China, e a própria usina de Itaipu, que é compartilhada com o Paraguai.
- Construção de túnel de 500 MILHÕES é paralisada por conta de desmatamento e cada árvore derrubada custará R$ 100 MIL
- Investimento bilionário que custou R$ 295,8 milhões o km e a mão de obra de mais de 10 mil trabalhadores e 4 mil vigas de concreto reforçados por fio de aço de alta tensão
- A MAIOR revolução logística da década: Nova construção ferroviária no Brasil promete transformar o transporte e gerar milhares de empregos
- Chapecó dá início a um megaprojeto impressionante: construção de um dos maiores arranha-céus do Brasil promete revolucionar a cidade e atrair investimentos!
Desde seu início, o projeto da Usina de Belo Monte levantou discussões intensas, dividindo opiniões entre a necessidade de ampliar a matriz energética nacional e os impactos causados às populações indígenas e ao meio ambiente.
Um projeto polêmico desde o início na Usina de Belo Monte
A história da Usina de Belo Monte remonta a 1975, quando começaram os estudos hidrelétricos na bacia do Rio Xingu, destacando o potencial energético da região.
Em 1989, o projeto atraiu atenção nacional e internacional devido ao forte protesto da líder indígena Tuíra Kayapó, que marcou o encontro dos povos indígenas em Altamira ao levantar um facão contra o representante da Eletronorte. Desde então, a Usina de Belo Monte tem sido símbolo de resistência para comunidades indígenas e ambientalistas.
Para erguer a Usina de Belo Monte, foi necessário construir um reservatório de 478 km², acompanhado de um canal de derivação e um vertedouro principal para controlar o fluxo de água.
A localização da barragem em uma região remota da Amazônia trouxe desafios logísticos enormes e exigiu a criação de vias de acesso e acampamentos para milhares de trabalhadores.
No entanto, a construção resultou em mudanças drásticas no ecossistema do Rio Xingu, afetando a fauna, a flora e o meio de subsistência das comunidades locais.
A maior barragem 100% brasileira também sofreu críticas pela baixa eficiência das turbinas, que operam a apenas 20% de sua capacidade em períodos de estiagem.
Compensações e programas sociais
Consciente dos impactos causados, o governo e as empresas envolvidas investiram em um amplo programa de compensação ambiental e social. Ao longo de nove anos, foram realizadas mais de 5.000 ações, incluindo a recuperação de áreas degradadas e a replantação de espécies nativas.
Esses esforços se estenderam para a construção de infraestrutura básica, como escolas, hospitais e estradas, beneficiando as comunidades afetadas.
Ainda assim, críticas continuam sobre o crescimento desordenado da população em áreas ao redor de Altamira e o aumento da pressão sobre os serviços públicos locais.
Quem esteve envolvido?
A construção da Usina de Belo Monte envolveu diversos atores, desde o governo federal até as maiores empreiteiras do país. O projeto ganhou tração nos anos 2000, especialmente durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que incluiu Belo Monte no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), reforçando a ideia de que a usina era essencial para expandir a matriz energética brasileira.
A obra foi continuada no governo de Dilma Rousseff, que também defendeu Belo Monte como um marco para o desenvolvimento do Brasil, apesar das controvérsias e dos protestos que a cercaram.
O consórcio Norte Energia S.A., criado para a construção e operação da usina, foi o responsável pelo empreendimento. Ele reuniu diversas empresas e órgãos, incluindo a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) e as estatais Eletrobras e Eletronorte.
Além disso, algumas das maiores empreiteiras brasileiras, como Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Corrêa, também integraram o consórcio e cuidaram das principais obras de engenharia civil. A construção contou com um aporte bilionário do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que garantiu a viabilidade financeira do projeto.
Ao longo dos anos, Belo Monte enfrentou uma onda de protestos e resistência, principalmente de organizações como Greenpeace e Instituto Socioambiental (ISA), que alertaram sobre os impactos ambientais e sociais.
A construção da usina transformou drasticamente a região, afetando as comunidades indígenas e ribeirinhas que dependiam do Rio Xingu para sua subsistência.
A obra é vista até hoje como um símbolo da disputa entre progresso e preservação ambiental, e continua dividindo opiniões entre aqueles que acreditam no potencial energético de Belo Monte e os que denunciam os danos irreversíveis causados ao ecossistema e às populações locais.
A crise hídrica e o futuro de Belo Monte
Nos últimos anos, a Usina de Belo Monte tem enfrentado um de seus maiores desafios: a escassez de chuvas. Em setembro de 2024, durante a maior seca já registrada na região, Belo Monte gerou apenas 323 MW, menos de 3% de sua capacidade total.
A dependência da usina em relação às chuvas compromete sua viabilidade econômica, questionando se o investimento bilionário na maior barragem 100% brasileira realmente trouxe os benefícios prometidos.
Com toda a controvérsia e os desafios enfrentados, a Usina de Belo Monte se mantém como um exemplo de como grandes projetos podem impactar tanto o desenvolvimento quanto o meio ambiente e as comunidades.
A história da Usina de Belo Monte está longe de um desfecho, e seu futuro ainda depende de muitos fatores, desde o equilíbrio ambiental até as necessidades energéticas do país.