Universidade de Swansea, King’s College e Google Cloud criam asfalto inteligente que cicatriza em 1 hora e pode reduzir em 30% os custos de manutenção com estradas no Reino Unido
Buracos em estradas são uma dor de cabeça global, mas no Reino Unido, eles representam um verdadeiro pesadelo logístico e financeiro. Só em 2024, mais de 579 milhões de libras foram gastos com consertos de veículos danificados. Agora, cientistas da Universidade de Swansea, em parceria com o King’s College London e a Google Cloud, podem ter encontrado a solução definitiva.
A equipe desenvolveu um novo tipo de asfalto “autocurativo”, capaz de regenerar rachaduras antes que se transformem em buracos, sem necessidade de manutenção ou intervenção humana. O avanço foi possível graças à combinação de inteligência artificial, biomassa vegetal e tecnologia de microcápsulas – uma inovação promissora, conforme revelou a BBC News em 3 de fevereiro de 2025.
Como funciona o asfalto que se regenera sozinho e por que ele pode revolucionar a infraestrutura global
A base da inovação está no betume, uma substância negra e pegajosa feita de petróleo que, ao oxidar com o tempo, se torna frágil e propensa a rachaduras. Para enfrentar isso, os pesquisadores adicionaram esporos microscópicos de plantas embebidos em óleos reciclados diretamente ao material.
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Esses esporos ficam adormecidos até que o tráfego sobre a estrada os comprima, liberando o óleo e preenchendo automaticamente as fissuras. O processo inteiro acontece em menos de uma hora, segundo os testes laboratoriais.
A aplicação é praticamente invisível: os esporos são integrados à mistura de asfalto e não ficam expostos à superfície, o que aumenta a durabilidade. Quando ativados, funcionam como uma “cicatrização interna”, revertendo o processo de deterioração.
Com essa tecnologia, a expectativa é prolongar a vida útil das estradas em até 30%, o que representa uma economia bilionária para governos e contribuintes. E o melhor: com menos interrupções no tráfego para obras.
Além disso, o uso de óleos reciclados e biomassa vegetal torna o produto mais sustentável, reduzindo a dependência do petróleo e contribuindo para metas de neutralidade de carbono, como as estabelecidas pelo Reino Unido até 2050.
Buracos em números: os dados assustadores que motivaram o desenvolvimento dessa tecnologia
O problema dos buracos no Reino Unido é grave: motoristas encontram, em média, seis por milha nas vias gerenciadas por conselhos locais. O custo anual para tapar essas crateras já ultrapassa os 143 milhões de libras.
Segundo a Asphalt Industry Alliance, seriam necessários mais de £16 bilhões para trazer as estradas de volta a um nível “satisfatório” de conservação. Os impactos vão muito além da estética ou conforto — incluem acidentes, danos severos a veículos e até dificuldades para serviços essenciais como ambulâncias.
Um caso emblemático foi o do cantor Rod Stewart, que, indignado com os buracos perto de sua casa em Essex, publicou um vídeo onde aparece pessoalmente tapando as crateras. O artista chegou a cogitar vender sua coleção de Ferraris por não conseguir utilizá-las nas estradas locais.
Comunidades no País de Gales, como em Wrexham, chegaram ao ponto de transformar suas ruas esburacadas em atrações turísticas irônicas, apelidadas de “Pothole Land” (Terra dos Buracos), após anos sem resposta das autoridades.
Esse cenário crítico tornou o Reino Unido terreno fértil para tecnologias disruptivas como o asfalto autocurativo. O objetivo agora é ampliar os testes em campo e escalar a produção para aplicação em larga escala nos próximos anos.
O papel da inteligência artificial e do Google Cloud no projeto do asfalto autocurativo
A inteligência artificial tem sido essencial para acelerar o desenvolvimento dessa nova geração de materiais de infraestrutura. Utilizando algoritmos do Google Cloud, os cientistas modelaram o comportamento das moléculas orgânicas no betume para prever como ele se comportaria diante de rachaduras.
Essas simulações ajudaram a refinar a fórmula e a entender melhor os processos que levam à formação de trincas no asfalto tradicional, um fenômeno até então mal compreendido.
Segundo o Dr. Francisco Martin-Martinez, do King’s College, os modelos computacionais usados foram baseados em simulações atômicas aceleradas por dados, permitindo prever com precisão como e onde o asfalto se deterioraria, e como se regeneraria.
Essa abordagem inspirada na natureza, onde materiais se reconstroem sozinhos, é chamada de “biomimética” e tem aplicações em diversas áreas da engenharia de materiais.
A integração com o Google Cloud também abriu portas para futuros usos em larga escala, com monitoramento contínuo das estradas e detecção precoce de falhas por sensores e IA, antes mesmo que o olho humano possa percebê-las.
Impacto ambiental e o futuro das estradas sustentáveis a partir de resíduos e biomassa
Além de eficiente, o novo asfalto é ecológico. Ele utiliza materiais reciclados, como óleos reaproveitados e resíduos de biomassa vegetal, o que reduz significativamente a pegada de carbono da produção de pavimento.
Dr. Jose Norambuena-Contreras, da Universidade de Swansea, destaca que a produção local a partir de resíduos agrícolas barateia custos e torna as comunidades menos dependentes de asfalto à base de petróleo, principalmente em regiões onde o acesso a combustíveis fósseis é limitado.
Essa característica sustentável é fundamental num cenário em que a infraestrutura responde por uma parcela relevante das emissões de gases do efeito estufa. Estradas que duram mais e poluem menos se alinham perfeitamente com os planos nacionais de descarbonização.
A inovação também pode beneficiar países em desenvolvimento, onde a manutenção de estradas é cara e escassa. Com uma superfície autônoma, a durabilidade aumenta, e a necessidade de reparos frequentes cai drasticamente.
A tecnologia ainda está em fase de testes, mas os pesquisadores estão otimistas. Com apoio governamental e investimento privado, o asfalto autocurativo pode ser implementado nas principais rodovias britânicas nos próximos anos e, eventualmente, exportado para o mundo todo.
E você, acha que essa tecnologia pode mudar o futuro das estradas no Brasil? Comente abaixo, compartilhe com seus amigos que vivem desviando de buracos e fique por dentro das inovações que prometem transformar o asfalto do século XXI.