A duplicação da BR-101, com R$ 7 bilhões em investimento, transformará a rodovia. Prometendo milhares de empregos, a obra também prevê aumento nos pedágios, levantando preocupações sobre o impacto financeiro para quem utiliza a rodovia diariamente.
Uma rodovia que corta o Espírito Santo está prestes a passar por uma transformação histórica.
Investimentos bilionários, mais de 200 quilômetros de duplicação e promessas de impactos sociais e econômicos sem precedentes estão no horizonte para a BR-101, uma das mais movimentadas e importantes do país.
No entanto, por trás das vantagens dessa modernização, uma questão crucial preocupa os motoristas: os custos crescentes de pedágio que podem pesar no bolso de quem utiliza a rodovia regularmente.
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Com um total de R$ 7,07 bilhões investidos e 221 quilômetros de duplicação planejados, o projeto foi autorizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e prevê a ampliação do contrato de concessão da Eco101, atual concessionária responsável pela BR-101, por mais dez anos.
Segundo o TCU, essa reestruturação tem como meta finalizar as obras de duplicação e realizar melhorias essenciais para a segurança e eficiência do tráfego.
Mas o impacto desse plano já levanta questionamentos sobre o aumento nas tarifas e a dependência de concessões privadas para a manutenção de estradas estratégicas no país.
Transformação prometida no Espírito Santo
O projeto prevê duplicação de 221,41 km da BR-101, com 96 km prontos nos primeiros três anos de obras.
A concessão também inclui a construção de dois novos contornos rodoviários no Espírito Santo, em Ibiraçu e Fundão, totalizando mais de 15 km.
Essas estruturas visam aliviar o tráfego e aumentar a segurança tanto para motoristas quanto para pedestres.
No entanto, o Contorno de Linhares, previsto inicialmente, foi excluído devido à falta de licenciamento ambiental, mas pode ser incorporado ao contrato posteriormente, conforme autorizado pelo TCU.
Segundo o ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo, “há interesse público em sua realização e a minuta de aditivo prevê a possibilidade de incorporação ao contrato em momento posterior.”
Caso o contorno de Linhares seja incluído, a vigência do contrato pode ser estendida para até 40 anos, consolidando a presença da concessionária na BR-101 por mais de três décadas.
Aumento de pedágio preocupa motoristas
Além dos impactos positivos, a duplicação da BR-101 também acarretará aumento significativo nas tarifas de pedágio.
A partir do sexto mês de obras, o pedágio para pistas simples passará de R$ 0,05525 para R$ 0,071 por quilômetro rodado.
Com a duplicação e reclassificação para pistas duplas, essa tarifa poderá chegar a R$ 0,1560 por quilômetro até 2034, o que equivale a aproximadamente R$ 16,55 para cada 100 km rodados no trecho duplicado.
Esse aumento progressivo preocupa principalmente caminhoneiros e trabalhadores que dependem da BR-101 diariamente.
Conforme especialistas em infraestrutura, há o receio de que o modelo adotado, com tarifas mais elevadas e maior extensão do contrato de concessão, sobrecarregue os motoristas e crie uma dependência ainda maior do setor privado para a manutenção de rodovias essenciais.
Esse fator gera questionamentos sobre a justiça e os impactos econômicos dessas condições para a população local.
Gerando empregos e desenvolvimento econômico
A duplicação da BR-101 não beneficia apenas a infraestrutura rodoviária.
O projeto prevê a criação de 102.464 empregos ao longo da execução das obras, incluindo mais de 34 mil empregos diretos e 16 mil indiretos, além de outros 52 mil postos gerados pelos impactos econômicos indiretos.
Segundo estimativas do TCU, esses empregos contribuirão para a economia local, gerando oportunidades e impulsionando o desenvolvimento em áreas próximas à rodovia.
Para a concessionária Eco101, o retorno financeiro virá através das tarifas e da expansão de seu contrato, aprovado inicialmente em 2013 e agora prorrogado para garantir a finalização do projeto de duplicação.
Segundo a Eco101, além dos benefícios em segurança, as melhorias prometem reduzir o tempo de deslocamento dos motoristas e diminuir a taxa de acidentes no trecho da BR-101.
Controvérsias sobre o projeto
Embora o projeto ofereça uma visão de progresso, ele não está isento de críticas.
Muitos questionam os impactos a longo prazo dos reajustes de pedágio e da extensão do contrato de concessão, que pode fazer com que motoristas do Espírito Santo paguem mais caro pelo uso da rodovia até a década de 2040.
Especialistas alertam para o risco de que o modelo de concessão adotado torne a BR-101 inacessível para alguns grupos, especialmente caminhoneiros que utilizam o trecho para transporte de carga.
A extensão do contrato, que antes era de 25 anos e agora pode chegar a 40, também causa controvérsia, pois alguns setores acreditam que essa decisão prioriza os interesses da concessionária em detrimento dos usuários.
Apesar disso, a Eco101 justifica a extensão do prazo como essencial para garantir a execução do projeto e assegurar que as obras de duplicação, contornos rodoviários e melhorias de segurança sejam concluídas dentro do prazo.
O futuro da BR-101
Com o investimento bilionário e as obras em andamento, a BR-101 se prepara para uma nova era de infraestrutura rodoviária no Espírito Santo, com promessas de benefícios e crescimento econômico.
No entanto, o aumento das tarifas de pedágio e o peso financeiro dessas mudanças levantam dúvidas sobre quem realmente arcará com os custos dessa transformação.
A modernização da rodovia representa um avanço, mas o modelo de concessão e as tarifas progressivas podem limitar o acesso para muitos motoristas.
Enquanto o debate sobre os prós e contras dessa transformação continua, a BR-101 segue como uma das principais artérias do transporte no estado e um tema crucial para o futuro da infraestrutura nacional.
Será que os motoristas estarão dispostos a pagar mais caro por uma estrada que se moderniza a cada quilômetro duplicado?