Segundo a petroquímica, o agronegócio e o hidrogênio verde são as apostas para diversificação da empresa
Petroquímica Unigel está apostando em investimentos no agronegócio e hidrogênio verde, a fim de diversificar a empresa. Segundo o diretor de Relações com Investidores da petroquímica, Luiz Felipe Fustaino, a intenção é investir em produtos mais competitivos, como o hidrogênio verde, visando novos investimentos e maior empregabilidade no Brasil.
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Fustaino ainda explica: “Continuamos investindo no Brasil, mas estamos diversificando o negócio. Primeiro no agronegócio, que é uma potência imbatível e nos ajuda a mitigar os riscos que o setor vive. Mas temos também um projeto de hidrogênio verde que nos coloca na vanguarda para o combustível do futuro, uma solução de carbono zero que vai poder ser utilizada pela indústria do aço e de cimento, por exemplo, que foram desafiadas a descarbonizar as suas cadeias”.
No fim do ano passado, a Unigel selou contratos de aquisição de gás natural com a Petrobras e a Shell para suprir suas indústrias de fertilizantes nitrogenados em Sergipe e na Bahia, que foram reinauguradas ao longo de 2021. Desde o início de janeiro deste ano os acordos já estão valendo e, juntos, somam 2,6 milhões de m³/dia de gás natural. A petroquímica quer assegurar a operação de suas fábricas com toda a capacidade. Na Bahia, ela estabeleceu com o governo investimentos para implantação de uma indústria de hidrogênio verde e amônia.
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Ausência de benefícios
Entre os perigos da operação da petroquímica no Brasil, o diretor aborda a preocupação com a concorrência quanto ao hidrogênio verde e a decisão do governo de interromper imediatamente o Regime Especial da Indústria Química (Reiq), presente na Medida Provisória (MP) 1095/2021. Para compensar a desistência gerada com a isenção do leasing de aviões, o presidente Jair Bolsonaro resolveu cessar benefícios tributários concedidos ao setor químico.
“Começamos o ano com essa má notícia, de suspensão do Reiq de forma antecipada. A redução já estava prevista, mas seria gradual, até 2025. É uma MP que ainda não entrou em vigor, tem alguns pontos sendo questionados. Mas sem dúvida, o fim precoce do regime é uma derrota para a indústria”, analisa Fustaino.
O Reiq, efetivado em 2013, isenta em 3,65% o PIS/Cofins sobre investimentos em matérias-primas básicas de primeira e segunda geração. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirma que o fim inesperado do regime especial põe em risco mais de 80 mil empregos, traz um prejuízo de arrecadação de R$ 3,2 bilhões e uma queda no PIB de cerca de R$5,5 bilhões. Além disso, atinge por volta de 20 indústrias petroquímicas, tanto nacionais quanto estrangeiras, comprometendo muitos investimentos, inclusive o hidrogênio verde.
“A indústria química precisa ser vista no País como viabilizadora da competitividade de todos os outros setores. Como uma das maiores indústrias do setor químico, isso nos preocupa”, complementa o diretor.
Perspectivas favoráveis
No entanto, a previsão de spreads petroquímicos mais altos tem deixado a Unigel otimista. Muito usado na indústria petroquímica, o indicador define o saldo entre o preço do produto e dos investimentos em sua matéria-prima.
Luiz Felipe diz: “[…] Nos próximos anos veremos spreads petroquímicos mais altos, acredito, porque não temos um crescimento de oferta no mundo, enquanto a demanda segue em alta com o PIB. A demanda cresce com o PIB, mas a oferta não cresce no mesmo passo”.
Considerando receita e Ebitda em ascensão, a companhia deve ter alcançado um dos melhores resultados em 2021. Embora os dados ainda não tenham sido divulgados, o Ebitda no último ano até setembro, de R$1,4 bilhão, foi 2,5 vezes maior que o mesmo período de 2020. Já a receita, ficou em R$ 6,3 bilhões, 94% maior que em 2020.
“Estamos caminhando para um excelente resultado em 2021. O ano deve fechar ainda melhor que os indicadores de 12 meses até setembro”, acrescenta o diretor de RI da petroquímica.