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Cientistas descobrem um oceano escondido sob a crosta terrestre — maior que todos os mares juntos. Entenda a importância dessa reserva de água subterrânea.
Você imaginaria que sob seus pés pode existir um oceano maior do que todos os mares da superfície juntos? Pois é exatamente isso que uma nova descoberta científica sugere: a existência de um gigantesco reservatório de água escondido entre 410 e 660 km de profundidade, dentro da chamada zona de transição do manto terrestre — uma região pouco acessível e cercada de mistérios. Esse “oceano subterrâneo” não está em forma líquida como conhecemos, mas quimicamente aprisionado nas rochas, especialmente em um mineral chamado ringwoodita, que age como uma esponja. O achado foi confirmado por meio da análise de ondas sísmicas, que revelaram anomalias compatíveis com a presença de água em volumes colossais — possivelmente três vezes maiores do que todos os oceanos da superfície combinados.
Essa reserva escondida pode ser a chave para entender o equilíbrio hídrico da Terra ao longo de milhões de anos, influenciando fenômenos como a formação de magma, o deslocamento de placas tectônicas e o funcionamento de vulcões e terremotos.
A zona de transição do manto: onde está essa água escondida
A chamada zona de transição do manto é uma faixa geológica situada entre 410 e 660 quilômetros abaixo da crosta terrestre. Nela, a pressão e a temperatura são tão extremas que minerais comuns se transformam em novas estruturas cristalinas. Um exemplo é a olivina, um dos minerais mais abundantes da Terra, que sob essas condições se torna ringwoodita — e passa a ter capacidade de armazenar água em forma de íons.
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A descoberta da ringwoodita contendo água só foi possível após cientistas detectarem padrões anômalos em ondas sísmicas que atravessavam a Terra. Essas variações indicavam alterações na densidade das rochas, explicáveis apenas pela presença de água aprisionada em profundidade.
Uma amostra real de ringwoodita com água foi finalmente encontrada em um diamante oriundo de 660 km de profundidade — o que confirmou as suspeitas teóricas.
Como a água foi parar ali? E por que ela não evapora ou escapa?
A água encontrada nessas profundezas provavelmente chegou ali por meio do processo de subducção tectônica, em que placas oceânicas mergulham lentamente para o interior da Terra. Essas placas carregam sedimentos, rochas e fluidos — inclusive água — que, ao atingir grandes profundidades, reagem com os minerais do manto. A água, então, é incorporada quimicamente à estrutura das rochas e permanece lá por milhões de anos.
Ela não escapa facilmente porque está integrada molecularmente aos cristais dos minerais. Só quando há movimentos tectônicos intensos ou erupções vulcânicas, essas rochas sobem à superfície e liberam parte dessa água, alimentando vulcões, formando cadeias de montanhas e até renovando oceanos.
Por que esse oceano subterrâneo muda tudo o que sabemos sobre o planeta?
Essa descoberta pode responder a uma das grandes questões geológicas: por que a Terra tem tanta água na superfície, ao contrário de outros planetas do Sistema Solar?
A resposta pode estar nesse sistema oculto de reciclagem hídrica, onde a água entra no planeta pelas placas oceânicas e retorna lentamente à superfície por meio de atividade tectônica.
Essa dinâmica ajuda a manter o equilíbrio da água no planeta, regula a formação de continentes e pode ser uma peça-chave para entender a estabilidade climática da Terra ao longo de bilhões de anos.
Além disso, o oceano subterrâneo:
- Influencia diretamente na formação de magma e vulcões.
- Desempenha papel no surgimento e desaparecimento de oceanos ao longo de eras geológicas.
- Pode ter papel crucial na origem da água superficial, desafiando teorias que a atribuíam apenas ao impacto de cometas.
Em 2025, a ciência segue explorando esse oceano oculto
O estudo do interior do planeta com tecnologias avançadas de sismologia e análise mineralógica continua trazendo respostas e novas perguntas. A confirmação da presença de água em profundidades extremas é uma das descobertas mais fascinantes da geologia moderna e abre um novo capítulo sobre como a Terra funciona por dentro.
O manto terrestre, antes considerado seco, agora se revela como um dos maiores reservatórios de água do planeta. E, mesmo oculto, esse “oceano escondido” pode ser a razão pela qual a vida como conhecemos foi possível e continua a prosperar na superfície terrestre.
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