Analista aponta que escalada de tarifas e instabilidade política nos EUA podem acelerar ruptura do sistema comercial global
O especialista Einar Tangen, pesquisador sênior do Center for Innovation and Governance International e do Instituto Taihe, fez um alerta contundente: um tsunami econômico já está em curso e dificilmente poderá ser revertido. Segundo ele, a política externa agressiva de Donald Trump, marcada pelo uso de tarifas como arma política, está empurrando países como Brasil e Índia para uma postura de resistência e integração no bloco Brics, ampliando tensões comerciais e geopolíticas.
Tangen argumenta que a instabilidade interna nos Estados Unidos — agravada por crises políticas e escândalos — está influenciando decisões estratégicas no comércio e na diplomacia. O resultado, afirma, é um cenário em que a confiança e a previsibilidade, pilares da economia global, estão sendo corroídas, o que pode desencadear uma reconfiguração radical das alianças econômicas internacionais e aprofundar o tsunami econômico que se desenha no horizonte.
EUA ampliam confrontos comerciais e isolam parceiros estratégicos
As recentes tarifas impostas por Washington contra Brasil e Índia — que passaram de 25% para 50% — são, segundo Tangen, um sinal de que a Casa Branca está disposta a usar barreiras comerciais como instrumento de pressão política. No caso indiano, o principal ponto de atrito envolve a agricultura, setor protegido por subsídios e considerado vital para a estabilidade interna do país.
-
Nova regra do INSS elimina exigência presencial e corta burocracia que prejudicava milhares de beneficiários
-
O Brasil industrial de duas caras: Enquanto um estado despenca 21%, outro dispara 17%. Saiba quais.
-
Mina bilionária na África pode derrubar liderança no mercado de minério de ferro da Vale e cortar fatia global em 10 pontos
-
Isenção de IR aprovada e não é a de R$5 mil: Entenda o que realmente mudou
O analista ressalta que medidas desse tipo costumam gerar efeito oposto ao pretendido. Em vez de fragmentar o Brics, Trump pode estar fortalecendo o bloco, que hoje responde por cerca de 40% do PIB mundial e concentra grande parte da população, dos recursos e da produção industrial do planeta. Caso o Brics adote tarifas recíprocas contra os EUA, o impacto sobre a economia americana poderia acelerar ainda mais o tsunami econômico.
Geopolítica e política interna: agendas que se cruzam
Para Tangen, parte das decisões de Trump na arena internacional está sendo moldada por pressões domésticas. Escândalos, perda de apoio em sua base e desempenho econômico instável aumentam o risco de ações externas destinadas a mudar o foco da opinião pública. “Quando um líder político começa a usar a política externa para resolver problemas internos, o risco de decisões irracionais cresce”, afirmou.
A postura de “dobrar a aposta” diante de críticas e impasses, ensinada por seu mentor Roy Cohn, é, segundo Tangen, a marca registrada de Trump. Mas no campo da geopolítica essa tática pode ter consequências imprevisíveis, alimentando o tsunami econômico que ameaça se intensificar.
A ameaça real ao sistema econômico global
O analista descreve o atual momento como semelhante ao recuo repentino da maré antes de um tsunami: um sinal de que um choque econômico de grande magnitude está se aproximando. A simultânea queda de ações, títulos e do dólar, fenômeno incomum, indica que investidores e governos estão em alerta.
Enquanto os EUA erguem barreiras, países como a China ampliam investimentos estratégicos, fortalecendo iniciativas como a Nova Rota da Seda e criando alternativas comerciais fora da órbita americana. Essa dualidade — isolamento por um lado e integração por outro — acelera o enfraquecimento da hegemonia econômica dos Estados Unidos e amplia o alcance do tsunami econômico.
O papel do Brics na contenção da crise
Para Tangen, o Brics tem hoje a oportunidade de agir como “adulto na sala”, oferecendo previsibilidade, segurança e respeito à soberania em um momento de instabilidade global. Uma postura unificada, afirma, poderia não apenas conter avanços unilaterais dos EUA, mas também impulsionar um sistema comercial mais equilibrado.
Ele alerta, porém, que a escalada de tensões também pode levar Trump a buscar saídas militares para recompor apoio interno, o que representaria um risco geopolítico ainda maior e poderia transformar o tsunami econômico em uma crise sem precedentes.
Você acredita que o Brics conseguirá conter os efeitos desse tsunami econômico ou a crise já é inevitável? Como isso pode afetar o Brasil nos próximos anos? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir a análise de quem acompanha o mercado e a política de perto.