O ex-presidente Donald Trump anunciou um pacote de medidas para reforçar a produção doméstica de minerais considerados críticos, como urânio, cobre, potássio e ouro. A estratégia visa garantir maior autonomia dos Estados Unidos em setores estratégicos da economia e segurança nacional.
Durante décadas, os Estados Unidos dependeram da China para obter minerais essenciais. Agora, o presidente Donald Trump quer mudar esse cenário. Na última quinta-feira, 20, o presidente assinou uma ordem executiva para fortalecer a produção doméstica de minerais críticos, como urânio, cobre, potássio e ouro.
A medida usa a Lei de Produção de Defesa (DPA), criada na Guerra Fria.
Essa lei permite ao governo agir com rapidez em nome da segurança nacional. Com isso, o presidente sinaliza que a dependência dos EUA em relação a minerais estrangeiros virou um risco estratégico.
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“É imperativo para nossa segurança nacional que os Estados Unidos tomem medidas imediatas para facilitar a produção mineral doméstica na medida máxima possível”, diz o texto da ordem.
Lei da Guerra Fria volta ao centro
A DPA dá ao Pentágono autoridade para proteger setores essenciais à defesa. Com a nova ordem, o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, poderá agir em parceria com outras lideranças do governo para acelerar a produção mineral no país.
A ordem também orienta agências federais a aprovar projetos prioritários com mais agilidade. Além disso, os departamentos do Interior, Defesa, Agricultura e Energia foram instruídos a identificar locais para uso privado na extração mineral — até mesmo em terras federais, como áreas sob controle militar.
O objetivo, segundo o governo, é reduzir a influência de nações rivais no fornecimento de matérias-primas cruciais.
Reação à ofensiva da China
A decisão veio poucos dias após o presidente antecipar o plano durante um discurso ao Congresso. Na ocasião, Trump prometeu “ações históricas” para ampliar a produção nacional de minerais e terras raras.
A China domina a produção global de diversos minerais essenciais. Conforme o Serviço Geológico dos EUA (USGS), em 2024 os EUA importaram cerca de 50% de seus minerais críticos da China. Entre os principais, estão ítrio, bismuto, antimônio, arsênio e elementos de terras raras.
Nos últimos meses, a China também começou a restringir a exportação de tecnologias e metais usados na produção de veículos elétricos. Gálio e lítio estão entre os alvos. O plano ainda não foi finalizado, mas preocupa o setor industrial dos EUA.
Em fevereiro, a China respondeu a tarifas impostas por Trump com o controle da exportação de cinco metais: tungstênio, telúrio, bismuto, índio e molibdênio. Todos são usados em tecnologias de defesa e energia limpa.
Acordo com Ucrânia e emergência energética
No mesmo dia da nova ordem executiva, Trump revelou planos para assinar um acordo com a Ucrânia envolvendo minerais de terras raras. Esse foi o principal motivo da visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca no mês passado.
Desde o início do mandato, Trump vem tratando a energia e os recursos naturais como questão central. Logo após assumir a presidência, em janeiro, ele declarou emergência energética nacional, citando os altos preços da energia como ameaça ao povo americano.
Na ordem assinada nesta quinta, Trump voltou a criticar regras ambientais dos EUA, dizendo que “a regulamentação federal autoritária corroeu a produção mineral do nosso país”.
Vale lembrar que, em 2022, o ex-presidente Joe Biden também recorreu à mesma Lei de Produção de Defesa. Na época, o objetivo também era estimular a mineração doméstica. Mas a abordagem de Trump marca uma escalada mais agressiva e imediata.
A nova estratégia do governo busca enfrentar diretamente a dependência da China e garantir que os EUA possam controlar suas cadeias produtivas mais sensíveis.