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Trump quer desvalorizar dólar para vender mais produtos, mas estratégia ameaça exportações e estabilidade dos Estados Unidos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 21/09/2025 às 11:05
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Medidas de tarifas em larga escala, ataques ao Federal Reserve e novas regras para stablecoins mostram como Trump quer desvalorizar dólar, mas especialistas alertam que a manobra pode gerar instabilidade global e corroer a confiança na moeda americana

Donald Trump tem adotado um conjunto de medidas que, segundo especialistas ouvidos pelo g1, convergem para um mesmo objetivo: enfraquecer o dólar. Ao promover um ambiente de incerteza com o tarifaço contra parceiros comerciais, pressionar o Federal Reserve por cortes de juros e até introduzir a regulamentação de stablecoins, o presidente republicano sinaliza que quer tornar os produtos americanos mais competitivos no mercado externo.

O plano, no entanto, está longe de ser simples. O dólar é a moeda mais utilizada em reservas internacionais e transações globais, o que lhe garante hegemonia mesmo em momentos de turbulência. Economistas como André Perfeito e André Roncaglia, citados por André Catto no g1, afirmam que a estratégia de Trump pode ter efeitos colaterais perigosos, como aumento da inflação e enfraquecimento estrutural das exportações dos Estados Unidos.

Por que Trump insiste em um dólar mais fraco

O gráfico mostra que Trump aposta no dólar mais fraco para tornar exportações americanas mais competitivas, reduzir o déficit comercial e estimular a produção interna. Por outro lado, a medida traz riscos como inflação mais difícil de conter, fuga de capitais e dependência de fatores externos.
O gráfico mostra que Trump aposta no dólar mais fraco para tornar exportações americanas mais competitivas, reduzir o déficit comercial e estimular a produção interna. Por outro lado, a medida traz riscos como inflação mais difícil de conter, fuga de capitais e dependência de fatores externos.

O próprio presidente admitiu em discursos recentes que um dólar forte prejudica setores estratégicos da economia.

“Você não consegue vender tratores, não consegue vender caminhões, não consegue vender nada”, disse Trump, destacando que a valorização da moeda pode ser positiva apenas para o controle da inflação, mas representa entraves ao comércio exterior.

A lógica por trás desse movimento é clara: quanto mais valorizado o dólar, mais caros ficam os produtos americanos para outros países.

Ao enfraquecer a moeda, Trump busca reduzir o déficit da balança comercial e estimular a produção doméstica.

Ainda assim, especialistas lembram que políticas cambiais unilaterais dificilmente sustentam resultados no longo prazo, já que dependem de fatores como juros, confiança global e fluxo de capitais.

Os riscos de desvalorizar a moeda hegemônica

A política de tarifas em larga escala adotada por Trump criou um cenário de instabilidade que se refletiu diretamente no câmbio.

Em 2025, o índice DXY, que compara o dólar a uma cesta de moedas fortes, acumulou queda superior a 10%.

O movimento beneficiou moedas emergentes, como o real, mas também elevou os preços do ouro, ativo de segurança que subiu quase 40% no ano.

Segundo André Catto, do g1, o risco é que o dólar, mesmo se mantendo como moeda de reserva, perca parte de sua atratividade.

Isso poderia pressionar ainda mais a economia americana, que convive com déficits comerciais persistentes e depende de financiamento externo para manter seu alto nível de consumo.

Trump e os ataques ao Federal Reserve

Trump quer desvalorizar dólar para vender mais produtos, mas estratégia ameaça exportações e estabilidade dos Estados Unidos

Outro eixo da estratégia é a ofensiva contra o Fed. Trump já chamou o presidente da instituição, Jerome Powell, de “burro” e “teimoso” e passou a indicar aliados dispostos a reduzir os juros de forma mais agressiva.

Em setembro, a taxa básica caiu para a faixa de 4% a 4,25% ao ano, e a pressão do governo era por cortes ainda maiores.

Para especialistas, essa postura visa reduzir a entrada de capitais nos EUA, forçando uma desvalorização do dólar.

A ideia é que, com rendimentos menores, investidores busquem outros mercados, diminuindo a demanda pela moeda americana sem comprometer seu status de reserva internacional.

O papel das stablecoins no plano de Trump

Em paralelo, Trump sancionou o Genius Act, primeira lei federal dos EUA a regulamentar stablecoins.

Essas moedas digitais, lastreadas em ativos seguros como títulos do Tesouro, criam uma nova fonte de demanda estrutural para a dívida americana.

Economistas explicam que, ao comprar uma stablecoin, o investidor financia indiretamente o governo, o que pode compensar parte da pressão causada por juros mais baixos.

Segundo André Perfeito, essa inovação pode funcionar como um “atalho” para manter a confiança nos títulos americanos mesmo diante de cortes de juros.

Mas a eficácia depende da aceitação do mercado e da credibilidade das regras impostas pela nova lei.

Uma estratégia antiga, mas com novos riscos

A tentativa de desvalorizar o dólar não é inédita na história dos EUA. Nixon, Reagan e Obama também recorreram a políticas semelhantes em diferentes contextos.

Mas, como lembra Roberto Dumas, professor do Insper, o problema americano vai além do câmbio: envolve baixa poupança doméstica e gastos excessivos.

Sem atacar essas causas, medidas pontuais tendem a fracassar.

A diferença agora é que Trump combina políticas fiscais agressivas, ataques institucionais e regulação de ativos digitais em uma mesma ofensiva.

O resultado pode ser imprevisível, tanto para os EUA quanto para a economia global.

A ideia de Trump em forçar a desvalorização do dólar pode até parecer um caminho rápido para aumentar exportações, mas especialistas alertam para consequências que podem comprometer a credibilidade da moeda mais importante do mundo.

Se, de um lado, a medida favorece alguns setores da indústria americana, de outro pode abrir brechas para instabilidade, inflação e perda de confiança internacional.

E você, acredita que Trump quer desvalorizar dólar para proteger a economia americana ou que a estratégia pode se transformar em um risco para os próprios Estados Unidos? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre esse movimento.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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