As tarifas de 50% sobre café e cacau impostas por Donald Trump em 2025 expõem o Brasil a riscos comerciais e políticos, afetando setores estratégicos da economia.
A disputa entre Trump e o comércio global ganhou novo capítulo em julho de 2025, quando os Estados Unidos abriram uma investigação formal contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei do Comércio de 1974. Segundo reportagem da Exame, a justificativa oficial foi a adoção de práticas consideradas desleais, com impacto em setores como café, cacau e etanol.
O processo pode durar até 12 meses e já resultou no anúncio de tarifas adicionais de até 50% sobre produtos brasileiros, incluindo commodities agrícolas essenciais. A medida, além de econômica, carrega componente político: Trump condiciona a evolução das negociações ao desfecho do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, ampliando a pressão diplomática sobre Brasília.
Quem defende e quem ataca o café e o cacau brasileiros
Na audiência realizada em 3 de setembro de 2025 em Washington, cerca de 40 empresas e entidades dos dois países expuseram suas posições.
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Do lado brasileiro, representantes de Embraer, WEG, Portobello America, CNI, Amcham e Fiesp buscaram desmistificar acusações, como suposto descontrole do desmatamento e distorções causadas pelo Pix.
Nos Estados Unidos, a divisão ficou evidente.
A National Coffee Association (NCA) e a US Chamber of Commerce defenderam o Brasil, alegando que não há alternativa em escala ao café brasileiro, o maior do mundo.
Já entidades como a National Pork Producers Council e a National Corn Growers Association pediram sanções pesadas, afirmando que o câmbio brasileiro desvalorizado permite absorver tarifas sem perder competitividade.
As 4 decisões de 2025 que mudam o jogo
Segundo a Exame, quatro pontos centrais definem a atual ofensiva americana:
Tarifas de 50% sobre café e cacau, produtos que sustentam cadeias inteiras de exportação no Brasil.
Investigação da Seção 301, que pode ampliar barreiras a carne, etanol, madeira e algodão.
Condicionamento político, com Trump vinculando tarifas ao andamento do julgamento de Jair Bolsonaro.
Pressão geopolítica, que transforma comércio em arma de barganha eleitoral e diplomática nos EUA.
Essas decisões ampliam o risco de perda de mercados, não apenas para o agronegócio, mas também para setores industriais estratégicos como aviação e energia.
Por que a disputa vai além da economia
O elemento mais explosivo é a mistura entre comércio e política.
Trump sinalizou que a Justiça brasileira terá papel no futuro das tarifas, criando precedente perigoso: sanções comerciais usadas como moeda de troca em negociações políticas internacionais.
Esse movimento lembra a guerra comercial iniciada em 2018 entre EUA e China, também baseada na Seção 301.
Agora, porém, o alvo é o Brasil, principal fornecedor de commodities agrícolas para o mercado americano, o que aumenta a imprevisibilidade para produtores e exportadores.
Vale a pena para o Brasil resistir?
As consequências já preocupam analistas.
O agronegócio, responsável pelo superávit da balança comercial, pode perder bilhões em exportações.
O setor industrial, por sua vez, teme que a crise ultrapasse as fronteiras do campo e afete empresas como Embraer e WEG, citadas nas audiências.
Ainda assim, há espaço para negociação.
As 258 manifestações enviadas à USTR até agora mostram divisão no próprio mercado americano. Enquanto alguns setores pedem punições, outros alertam para o risco de desabastecimento.
O futuro das exportações brasileiras dependerá da capacidade de Brasília em manter diálogo técnico e evitar que a disputa se transforme em um impasse duradouro.
As tarifas sobre café e cacau mostram que o Brasil entrou de vez na arena geopolítica do comércio mundial.
Você acredita que o país deve resistir às pressões de Trump ou negociar concessões para preservar o mercado? Já sentiu os efeitos dessas medidas no seu setor ou região? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade no dia a dia.