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Em 2023, trabalhadores encontram mina de diamantes com 628 milhões de quilates em reservas, avaliada em bilhões de dólares, e colocam Angola entre os três maiores polos de diamantes do mundo

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 09/10/2025 às 10:29
Em 2023, trabalhadores encontram mina de diamantes com 628 milhões de quilates em reservas, avaliada em bilhões de dólares, e colocam Angola entre os três maiores polos de diamantes do mundo
Foto: Em 2023, trabalhadores encontram mina de diamantes com 628 milhões de quilates em reservas, avaliada em bilhões de dólares, e colocam Angola entre os três maiores polos de diamantes do mundo
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Com 628 milhões de quilates em reservas, mina de Luele faz de Angola uma potência mundial dos diamantes, com riqueza avaliada em bilhões de dólares.

Em meio às vastas planícies de Lunda Sul, no nordeste de Angola, uma descoberta colossal mudou o rumo da mineração global. Geólogos e trabalhadores locais identificaram uma jazida com 628 milhões de quilates em reservas, estimadas em bilhões de dólares, tornando-se a maior mina de diamantes do país e uma das maiores do mundo. A revelação transformou Angola em um dos principais polos da indústria diamantífera global, rivalizando com gigantes como Botswana e Rússia, e marcando o início de uma nova era econômica para o continente africano.

A mina que redefiniu a geologia africana

Localizada a cerca de 15 quilômetros da cidade de Saurimo, a mina de Luele (anteriormente conhecida como Luaxe) é uma das maiores descobertas de diamantes do século XXI.

Segundo dados da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), a mina abriga reservas geológicas estimadas em 628 milhões de quilates, com um valor bruto que pode ultrapassar US$ 70 bilhões, de acordo com o preço médio de mercado para diamantes industriais e gemológicos.

O projeto foi desenvolvido por meio de uma joint venture entre a Endiama e a Catoca Mining Company, empresa que já opera a quarta maior mina de diamantes do planeta, também localizada em Angola.
A exploração começou de forma experimental em 2022, e as operações comerciais foram oficialmente lançadas em novembro de 2023, com presença do presidente angolano João Lourenço.

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A mina de Luele é um marco histórico para o país e uma das maiores descobertas de diamantes dos últimos 50 anos”, declarou Lourenço durante a inauguração. “Angola passa a figurar definitivamente entre as potências mundiais da mineração.

Uma operação de escala monumental

Com infraestrutura de última geração, a mina de Luele ocupa uma área superior a 1.200 hectares e emprega mais de 2.000 trabalhadores diretos.

O investimento inicial ultrapassa US$ 600 milhões, com previsão de crescimento para US$ 1,3 bilhão até o fim da década. A planta de beneficiamento instalada no local tem capacidade para processar 12 milhões de toneladas de minério por ano, produzindo cerca de 4 milhões de quilates anuais — o equivalente a 800 kg de diamantes brutos.

O sistema de extração é híbrido, combinando escavação a céu aberto com mineração subterrânea. O processo é automatizado e monitorado por sensores de precisão, que identificam a concentração de diamantes em diferentes camadas do solo.

Grande parte da operação é controlada digitalmente a partir de um centro integrado, com tecnologia fornecida por empresas da Rússia, África do Sul e Canadá.

Um motor bilionário para a economia angolana

Com a entrada em operação da mina de Luele, Angola saltou da quarta para a terceira posição mundial na produção de diamantes, atrás apenas da Rússia e de Botswana. Segundo o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET), o país deve atingir 14 milhões de quilates anuais até 2026, dobrando o volume exportado em comparação a 2021.

A exportação de diamantes já responde por 10% do PIB nacional e cerca de 60% das receitas de exportação não petrolíferas.

Mina de Luele – reprodução Revista Outisde

A nova mina poderá acrescentar US$ 500 milhões por ano à arrecadação pública, permitindo que o governo invista em educação, infraestrutura e energia.

Além disso, o projeto gerou um impacto direto nas comunidades locais: novas estradas, redes elétricas e sistemas de abastecimento de água foram implantados, beneficiando mais de 20 mil moradores da região de Saurimo.

Tecnologia e sustentabilidade na mineração

Diferentemente das minas tradicionais, Luele foi projetada para operar sob um modelo de “mineração responsável”, com foco em recuperação ambiental e inclusão social. A planta utiliza sistemas de reaproveitamento de água e barragens de rejeito reforçadas, evitando contaminação do solo e dos rios próximos.

Segundo o diretor de sustentabilidade da Catoca Mining, António Henriques, o projeto busca provar que é possível conciliar alta produtividade com responsabilidade ambiental: “Nosso objetivo é demonstrar que Angola pode produzir diamantes limpos, sustentáveis e certificados dentro dos padrões internacionais.

Os rejeitos das escavações são monitorados com sensores de pH e turbidez, enquanto parte do solo escavado é reaproveitado em reflorestamentos. Além disso, parte da energia usada na operação vem de usinas hidrelétricas locais, reduzindo as emissões de carbono.

Um passado marcado por “diamantes de sangue”

A ascensão de Angola no cenário global é ainda mais simbólica considerando o passado recente do país. Durante a guerra civil (1975–2002), diamantes foram usados para financiar grupos armados, o que deu origem à expressão “diamantes de sangue”.

Com o fim do conflito, Angola aderiu ao Processo de Kimberley, um sistema internacional que certifica a origem ética das pedras preciosas.

Hoje, o país é considerado um exemplo de governança transparente no setor mineral, com sistemas de rastreabilidade digital e fiscalização em parceria com a ONU e a World Diamond Council. A mina de Luele é o ápice dessa transformação — uma mina moderna, auditável e com impacto direto sobre o desenvolvimento social das províncias do interior.

Angola: de exportadora bruta a potência lapidadora

Até recentemente, grande parte dos diamantes angolanos era exportada em estado bruto. Com o avanço de Luele e outras plantas, o país está apostando na industrialização da lapidação. A meta do governo é que, até 2030, 30% da produção seja lapidada internamente, agregando valor à exportação e criando milhares de empregos qualificados.

Para isso, foi criado o Pólo de Desenvolvimento da Indústria de Lapidação de Diamantes de Saurimo, com 26 fábricas instaladas e parcerias com empresas da Índia, Bélgica e Emirados Árabes. O polo já gera mais de 4.000 empregos diretos e coloca Angola no mapa da joalheria mundial.

A mina de Luele é mais do que um projeto mineral — é um símbolo da nova fase da economia africana.
Com a demanda global por diamantes crescendo e a oferta cada vez mais restrita, Angola se posiciona como a nova fronteira estratégica da mineração de luxo.

Especialistas do Mining Journal estimam que o valor total das reservas de Luele, considerando o preço médio do quilate gemológico, ultrapasse US$ 75 bilhões, o suficiente para colocar o país entre os dez mais ricos em recursos minerais do planeta.

Mais do que riqueza, porém, a mina representa autonomia e modernização. O governo planeja investir parte das receitas em educação técnica, infraestrutura e habitação, buscando romper o ciclo histórico de dependência do petróleo e ampliar o setor de mineração como base de desenvolvimento sustentável.

O diamante como símbolo de reconstrução

Em um país onde o diamante foi por décadas sinônimo de conflito, o brilho de Luele carrega outro significado: o da reconstrução.

Hoje, as pedras extraídas dali não financiam guerras, mas estradas, escolas e empregos. A mina é uma prova viva de que a África pode transformar suas riquezas naturais em motores de prosperidade.

E como disse o engenheiro-chefe do projeto durante a cerimônia de inauguração: “Esses diamantes não estão apenas no solo. Eles estão no coração dos trabalhadores que acreditaram que Angola podia brilhar de novo.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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