Expansão da espécie africana preocupa pesquisadores e põe em risco a biodiversidade marinha do litoral paulista
A tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), originária da África, está se multiplicando rapidamente nos canais de Santos, especialmente no canal 4, conforme alerta um estudo publicado em agosto de 2025. Além disso, a pesquisa, conduzida, analisou 56 exemplares e constatou que a espécie exótica está competindo diretamente com peixes nativos.
Como resultado, esse desequilíbrio coloca em risco o ecossistema costeiro e preocupa os cientistas.
De acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a tilápia possui alta resistência genética e grande adaptabilidade a condições ambientais extremas.
Adaptação impressionante a ambientes urbanos
O levantamento revelou que a tilápia-do-Nilo apresenta excelente condição corporal durante todo o ano, mesmo em ambientes com baixa oxigenação e alta turbidez.
Essas condições, portanto, são típicas de áreas urbanas poluídas, onde muitas espécies nativas não conseguem sobreviver.
Além disso, o estudo identificou fêmeas maduras em praticamente todos os meses, demonstrando capacidade reprodutiva contínua e expansão acelerada da espécie.
Por consequência, essa combinação de fatores reforça o alerta de que o peixe africano pode alterar de forma permanente o equilíbrio ecológico dos canais de Santos.
Ameaça crescente à biodiversidade costeira
De acordo com o pesquisador João Henrique Alliprandini da Costa, um dos autores do estudo, a ausência de predadores naturais favorece a disseminação descontrolada da tilápia.
Com isso, a espécie encontra espaço livre para se espalhar com rapidez. Por outro lado, seu comportamento territorialista e alta taxa de reprodução permitem que o peixe exótico domine nichos ecológicos antes ocupados por espécies nativas, como o robalo e a tainha.
Dessa forma, o processo compromete o equilíbrio ecológico e gera impactos econômicos e sociais para a pesca artesanal.
Além disso, muitos pescadores dependem das espécies locais para sua subsistência, e a invasão da tilápia ameaça esse sustento.
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Dieta diversificada e impactos nas cadeias alimentares
A pesquisa destacou que a tilápia-do-Nilo se alimenta de detritos orgânicos, algas, insetos e larvas de peixes marinhos, como a papa-terra (Menticirrhus littoralis).
Por consequência, essa dieta variada amplia sua vantagem competitiva e ameaça cadeias alimentares inteiras, interferindo diretamente na sobrevivência de espécies nativas.
Além disso, a espécie também afeta a economia pesqueira regional, pois reduz a disponibilidade de peixes comerciais.
Devido a isso, a presença crescente da tilápia representa um problema de dimensão ecológica e econômica.
Como resultado, a espécie consegue prosperar mesmo em locais altamente degradados, agravando o problema ambiental.
Urgência no controle e monitoramento da espécie
Os especialistas reforçam a necessidade imediata de ações de manejo e controle, com monitoramento contínuo da tilápia nos canais de Santos.
Entretanto, apesar dos alertas, ainda não existem registros de medidas concretas adotadas pelas autoridades municipais para conter o avanço do peixe invasor.
Por esse motivo, a falta de intervenção permite que a espécie se espalhe para outros trechos do litoral paulista, ampliando o impacto ambiental.
Caso nenhuma ação seja tomada, o dano ecológico poderá se tornar irreversível, afetando toda a biodiversidade da região. Portanto, o desafio agora é conter a invasão antes que o impacto se torne permanente.



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