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Tesla ou BYD? Estudo inédito revela os segredos das baterias dos carros elétricos que dominam o Brasil e o mundo

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 06/06/2025 às 13:17
carros elétricos - baterias - byd - tesla

Batalha das baterias: engenheiros desmontam modelos da Tesla e BYD e revelam detalhes que podem impactar o mercado de veículos elétricos no Brasil

A empresa de Elon Musk e a gigante chinesa disputam o mercado com estratégias bastante distintas. Um grupo de especialistas alemães publicou os detalhes de uma pesquisa inédita que revela vários segredos.

O setor de veículos elétricos vive um momento de transformação intensa, no qual a capacidade de inovar é fundamental para se manter competitivo. A rivalidade global concentra-se em dois grandes protagonistas: Tesla e BYD. A empresa de Elon Musk foi pioneira e segue liderando na Europa e nos Estados Unidos, embora nas últimas semanas o próprio CEO esteja contribuindo para colocar em risco boa parte desse prestígio.

Em 2024, a BYD superou a Tesla em volume de produção. Mas essa disputa não se limita apenas a números de vendas: ela também envolve as tecnologias de bateria, um componente essencial que define tanto a autonomia quanto o custo total de um veículo elétrico, que pode variar entre 30% e 50% do preço final.

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Características das células da BYD e da Tesla.

Uma análise técnica inédita

Recentemente, um grupo de engenheiros alemães da Universidade Técnica de Aachen (RWTH Aachen) realizou um estudo inovador. Eles desmontaram e examinaram as baterias de dois modelos icônicos de cada marca: a bateria do Tesla Model Y, especificamente a célula 4680 fabricada pela Panasonic, e a bateria do BYD Sealion 7, também conhecida no setor como Blade Battery. Os resultados desse trabalho, publicados na revista científica Cell Reports Physical Science, oferecem uma visão profunda e detalhada do funcionamento interno desses componentes.

O estudo foca nas células, que são as unidades básicas responsáveis por transformar energia química em energia elétrica. Como essas células determinam características fundamentais do veículo, como autonomia e tempo de recarga, sua análise é essencial para entender o avanço da mobilidade elétrica.

Características externas, dimensões e formato das células.

Abordagens diferentes no design das baterias

A equipe da RWTH Aachen analisou cuidadosamente desde o design e o tamanho das células até a composição dos materiais dos eletrodos, passando também pelo desempenho elétrico e térmico. Além disso, conseguiram inferir os processos de montagem e estimar o custo dos materiais utilizados.

Os resultados mostram que a Tesla busca alcançar uma densidade energética elevada e um desempenho de destaque, enquanto a BYD aposta em uma solução que otimiza o volume e reduz os custos de material, o que facilita uma gestão térmica mais simples.

É importante destacar que, apesar dessas diferenças técnicas, o preço final para o consumidor gira em torno de 50 mil euros para ambos os modelos, o que comprova que cada abordagem oferece vantagens específicas, sem que uma supere totalmente a outra. São tecnologias tão distintas que não é possível afirmar que uma é melhor que a outra — são conceitos diferentes. Isso demonstra que, na prática, o desempenho final no veículo é comparável, evidenciando a diversidade de estratégias no mercado.

Configuração e características dos eletrodos internos das células.

Segredo industrial

O alto nível de sigilo com que tanto os fabricantes de baterias quanto os de veículos elétricos operam dificulta a obtenção de dados técnicos detalhados. Por isso, o método de desmontar e analisar componentes já comercializados se torna uma ferramenta essencial para revelar aspectos pouco conhecidos dessas tecnologias.

Embora ambos os modelos utilizem baterias de íon-lítio, as químicas adotadas são diferentes. A Tesla usa a composição NCM (níquel-cobalto-manganês) para seus veículos de alto desempenho, enquanto a BYD aposta na tecnologia LFP (lítio-ferrofosfato), uma solução que atualmente domina o setor nas mãos de fabricantes chineses.

Cada sistema tem seus pontos fortes. A solução da Tesla, focada em maximizar o desempenho, exige um sistema de refrigeração mais sofisticado, enquanto a proposta da BYD se destaca pelo custo reduzido e pela eficiência térmica, algo especialmente interessante em determinadas condições de uso.

Descobertas surpreendentes

Uma das descobertas mais surpreendentes do estudo foi a ausência de silício nos ânodos das células, especialmente na bateria da Tesla, onde se esperava sua presença para aumentar a densidade energética. Além disso, ambos os fabricantes adotaram uma técnica de conexão pouco convencional para as folhas dos eletrodos, utilizando solda a laser em vez do método mais comum na indústria, a solda ultrassônica.

Os resultados obtidos pelos engenheiros alemães fornecem uma referência valiosa tanto para a comunidade científica quanto para a indústria automotiva. As informações reveladas não só permitem entender melhor as estratégias de desenvolvimento de dois gigantes do setor, mas também abrem caminho para a otimização das próximas gerações de baterias.

Conexão elétrica interna das células e a tecnologia de contato.

Impacto para a indústria brasileira

Para os fabricantes e pesquisadores brasileiros, este estudo traz insights valiosos sobre as estratégias adotadas por dois dos maiores players globais em mobilidade elétrica. O Brasil, que vem avançando gradualmente na eletrificação da frota e busca desenvolver uma cadeia produtiva mais robusta para veículos elétricos, pode se beneficiar muito dessas informações.

Com a crescente presença de empresas chinesas no mercado brasileiro e a aproximação de iniciativas locais com marcas como BYD, entender a fundo o design e o funcionamento das baterias LFP é estratégico. Por outro lado, a expertise da Tesla no uso de células NCM de alta densidade energética também oferece lições importantes para a indústria nacional que busca desenvolver soluções competitivas para veículos premium.

Além disso, a tendência de utilizar processos inovadores de fabricação, como a solda a laser, e a escolha de materiais que facilitem a gestão térmica, são aspectos que podem inspirar novas linhas de pesquisa e desenvolvimento em centros tecnológicos brasileiros, como o Senai Cimatec, o Parque Tecnológico de São José dos Campos e universidades com tradição em engenharia automotiva.

Vale lembrar que, no setor automotivo, os produtos que chegam ao mercado geralmente foram desenvolvidos anos antes, mas no segmento de veículos elétricos os ciclos de inovação são mais rápidos. Com isso, os fabricantes e fornecedores brasileiros que acompanharem essas tendências com agilidade terão mais chances de se destacar em um mercado que, apesar dos desafios, cresce rapidamente no país.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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