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Tem tudo o que é preciso: Nokia aponta Brasil com enorme potencial para ser novo polo global de data centers e IA soberana

Publicado em 23/08/2025 às 21:30
Energia, Data Centers, Brasil, Nokia
Escritório da Nokia, em Dallas (Texas), EUA (crédito: Divulgação/Nokia)
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Brasil reúne energia verde, espaço disponível, talentos locais e metas sustentáveis, fatores que podem transformá-lo em polo relevante para inteligência artificial distribuída

O Brasil pode se tornar um centro relevante no mercado de inteligência artificial (IA) e automação de redes. A avaliação é de Michael Bushong, vice-presidente de data centers da Nokia. Em entrevista ao Tele.Síntese, ele destacou fatores locais que fortalecem essa perspectiva, como acesso à energia, terra disponível, presença de talentos e alinhamento com metas ambientais.

Segundo o executivo, esses elementos favorecem a implantação de infraestruturas distribuídas voltadas para inferência e soberania de dados.

O Brasil tem acesso a energia verde, espaço, concentração tecnológica e está bem alinhado com ambições sustentáveis. Isso o torna fértil para novas construções de tecnologia e para cargas de IA”, afirmou.

Inteligência Artificial distribuída e soberania digital

Bushong explicou que o ciclo de IA pode ser dividido em dois blocos principais. O primeiro envolve o treinamento de modelos fundacionais, realizado em grandes data centers centralizados.

O segundo diz respeito à inferência, que exige proximidade com o usuário final para garantir baixa latência.

Nesse cenário, a distribuição física dos centros de dados — em áreas metropolitanas ou na borda — ganha importância estratégica.

Na inferência, performance é muito importante. Se os usuários não recebem feedback imediato, eles não usam. Isso favorece centros de dados distribuídos”, ressaltou.

Além disso, o executivo destacou a necessidade crescente de data centers “soberanos”. Para ele, fora dos Estados Unidos, a demanda por estruturas que assegurem conformidade legal e controle sobre dados sensíveis é cada vez maior. “Para a maioria das pessoas fora dos EUA, os centros de dados soberanos fazem muito sentido”, afirmou.

Competição global: Brasil, Oriente Médio e Índia

O vice-presidente vê espaço para o Brasil atuar não apenas no mercado interno, mas também como alternativa para cargas internacionais.

Segundo ele, a limitação de espaço e energia na Europa abre uma oportunidade. “Para alguns workloads, pode fazer sentido para o Brasil tentar hospedar parte dessas computações”, disse, citando ainda a preocupação europeia com sustentabilidade.

Bushong também apontou o Oriente Médio e a Índia como regiões que avançam na atração de projetos de IA por meio de subsídios estatais.

Portanto, se o Brasil deseja competir, precisa reduzir barreiras de curto prazo com políticas públicas que incentivem a instalação de novas infraestruturas.

Automação e redução de erros

Outro ponto abordado foi a automação na operação das redes. Para Bushong, a prioridade deve ser uma abordagem “top-down”, com compatibilidade multivendor.

Ele argumenta que as redes atuais são frágeis e que os usuários buscam soluções simples, eficientes e acessíveis.

O principal motivo para automatizar não é agilidade, mas evitar erro humano”, destacou.

O modelo de negócios da Nokia no Brasil prevê parcerias com integradoras para distribuir produtos, software e serviços.

Ele citou como exemplo a atuação ao lado da Lightera (ex-Furukawa). “Vendemos com eles para os usuários finais”, explicou.

ISPs e inferência como serviço

O executivo acredita que provedores regionais e operadoras têm vantagens únicas para explorar o avanço da IA distribuída.

Segundo ele, os ISPs podem se destacar ao investir em borda e serviços de inferência como serviço (Inference as a Service).

Os ISPs têm vantagens únicas: relação com o usuário, imóveis, conectividade e presença local. Isso pode ser valioso para entregar soluções com baixa latência”, disse.

Mercado de Inteligência Artificial: hype e valor real

Bushong reconheceu que há muito hype no mercado de inteligência artificial. Mesmo assim, acredita que a demanda seguirá forte nos próximos anos.

Mesmo que muitos projetos falhem, a demanda está muito à frente da capacidade. Isso vai sustentar o mercado por alguns anos”, afirmou.

Ele destacou ainda setores que devem capturar valor real com IA, como radiologia, agricultura de precisão, petróleo, gás e farmacêutico.

O motivo está na relevância dos dados proprietários. “Quando a informação é fácil de obter, ninguém ganha dinheiro com isso. Mas quando ela é única, o valor é durável”, concluiu.

Presença em evento no Brasil

A Nokia estará presente no TS Data Center, AI & Cloud Summit, organizado pelo Tele.Síntese. O encontro está marcado para a próxima terça-feira, 26, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo.

Com informações de Tele Síntese.

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Romário Pereira de Carvalho

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