China quebra recorde com sol artificial ao manter plasma estável por 1.066 segundos, marcando avanço crucial na energia de fusão.
A China acaba de alcançar um marco histórico na corrida pela fusão nuclear. O Tokamak Supercondutor Avançado Experimental (EAST), conhecido como o “sol artificial” chinês, manteve o plasma em alto confinamento por 1.066 segundos — o novo recorde mundial.
A conquista representa um avanço técnico crucial rumo à geração de energia limpa e praticamente inesgotável.
Fusão nuclear: o objetivo principal
O EAST busca reproduzir, em laboratório, o mesmo processo que ocorre no interior do Sol: a fusão de núcleos de hidrogênio — geralmente deutério e trítio — em um núcleo maior.
-
Cientistas da Coreia do Sul inventaram um motor elétrico sem cobre que usa nanotubos de carbono — mais leve, mais eficiente, mais sustentável
-
Este pequeno motor nunca alimentará um carro elétrico, mas seu tamanho de um fio de cabelo é um avanço para outras aplicações
-
Celulares da Huawei com tecnologia chinesa inédita chegam ao Brasil para enfrentar Samsung e Apple
-
Algo misterioso matou mais de 5 bilhões de estrelas-do-mar — após dez anos, sabemos o causador
Essa reação libera grandes quantidades de energia e, ao contrário da fissão nuclear, não gera resíduos poluentes relevantes.
O objetivo é transformar essa tecnologia em uma fonte de energia segura, limpa e sustentável.
Como funciona o EAST
O reator tem formato de tokamak, uma estrutura em anel que facilita o confinamento do plasma — um gás superaquecido que pode ultrapassar os 150 milhões de graus Celsius.
Como nenhuma estrutura física suporta temperaturas tão altas, o plasma é mantido suspenso por campos magnéticos extremamente fortes.
Campos magnéticos e supercondutores
Esses campos são gerados por ímãs supercondutores resfriados com hélio líquido. A tecnologia permite criar magnetismo intenso com baixo gasto de energia, essencial para manter o plasma estável por longos períodos.
O aquecimento do plasma, por sua vez, é feito por injeção de partículas neutras e ondas de rádio de alta frequência — um sistema chamado de aquecimento auxiliar.
Um novo recorde mundial
A nova marca de 1.066 segundos superou com folga o recorde anterior, também do EAST, de 403 segundos, registrado em 2023.
O experimento, conduzido em janeiro por cientistas chineses, foi coordenado pelo Instituto de Física de Plasmas (ASIPP), vinculado ao Instituto de Ciências Físicas de Hefei (HFIPS).
Significado global da conquista
O avanço indica que a China está na dianteira da corrida tecnológica pela fusão nuclear controlada. Se for possível repetir o feito de forma segura e contínua, o planeta poderá contar com uma fonte de energia limpa, abundante e praticamente infinita — com potencial para revolucionar o sistema energético mundial e até facilitar futuras missões interplanetárias.
Desafios ainda existem
Apesar do sucesso, a fusão nuclear ainda enfrenta obstáculos técnicos consideráveis. O processo exige temperaturas acima de 100 milhões de graus Celsius e estabilidade por milhares de segundos.
Além disso, é necessário controle total do reator para que a geração elétrica seja segura e viável em escala comercial.
Avanços no equipamento
Segundo Gong Xianzu, responsável pela Divisão de Física e Operações do EAST, a nova conquista só foi possível graças a melhorias no sistema de aquecimento.
A potência usada, antes equivalente a 70 mil fornos de micro-ondas domésticos, foi dobrada sem comprometer a estabilidade da operação.
Declarações oficiais
Para Song Yuntao, diretor da ASIPP e vice-presidente do HFIPS, o resultado representa um passo fundamental. Ele afirmou que manter o reator em funcionamento por mais de mil segundos cria uma base sólida para o desenvolvimento de um sistema de fusão contínuo e autossustentável no futuro.
Plataforma internacional de pesquisa
O EAST é usado desde 2006 como plataforma de testes para cientistas chineses e estrangeiros. No mesmo ano, a China passou a integrar o projeto ITER (Reator Termonuclear Experimental Internacional), sediado na França, com 9% de participação, sob liderança da ASIPP.
Além disso, os dados obtidos no EAST ajudam a desenvolver o CFETR, o futuro reator de testes chinês.
Em Hefei, onde o EAST está instalado, novas estruturas estão sendo construídas para expandir ainda mais os estudos.
A conquista reforça a posição da China como um dos líderes mundiais na pesquisa de fusão nuclear. Se os próximos passos forem bem-sucedidos, o sonho de uma energia limpa, segura e praticamente infinita poderá se tornar realidade em algumas décadas.