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Tecnologia por trás do sol artificial da China impressiona: entenda como o reator de fusão consegue gerar calor extremo por mais de 1.000 segundos

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 14/06/2025 às 14:31
sol artificial
Foto: Reprodução
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China quebra recorde com sol artificial ao manter plasma estável por 1.066 segundos, marcando avanço crucial na energia de fusão.

A China acaba de alcançar um marco histórico na corrida pela fusão nuclear. O Tokamak Supercondutor Avançado Experimental (EAST), conhecido como o “sol artificial” chinês, manteve o plasma em alto confinamento por 1.066 segundos — o novo recorde mundial.

A conquista representa um avanço técnico crucial rumo à geração de energia limpa e praticamente inesgotável.

Fusão nuclear: o objetivo principal

O EAST busca reproduzir, em laboratório, o mesmo processo que ocorre no interior do Sol: a fusão de núcleos de hidrogênio — geralmente deutério e trítio — em um núcleo maior.

Essa reação libera grandes quantidades de energia e, ao contrário da fissão nuclear, não gera resíduos poluentes relevantes.

O objetivo é transformar essa tecnologia em uma fonte de energia segura, limpa e sustentável.

Como funciona o EAST

O reator tem formato de tokamak, uma estrutura em anel que facilita o confinamento do plasma — um gás superaquecido que pode ultrapassar os 150 milhões de graus Celsius.

Como nenhuma estrutura física suporta temperaturas tão altas, o plasma é mantido suspenso por campos magnéticos extremamente fortes.

Campos magnéticos e supercondutores

Esses campos são gerados por ímãs supercondutores resfriados com hélio líquido. A tecnologia permite criar magnetismo intenso com baixo gasto de energia, essencial para manter o plasma estável por longos períodos.

O aquecimento do plasma, por sua vez, é feito por injeção de partículas neutras e ondas de rádio de alta frequência — um sistema chamado de aquecimento auxiliar.

Um novo recorde mundial

A nova marca de 1.066 segundos superou com folga o recorde anterior, também do EAST, de 403 segundos, registrado em 2023.

O experimento, conduzido em janeiro por cientistas chineses, foi coordenado pelo Instituto de Física de Plasmas (ASIPP), vinculado ao Instituto de Ciências Físicas de Hefei (HFIPS).

Significado global da conquista

O avanço indica que a China está na dianteira da corrida tecnológica pela fusão nuclear controlada. Se for possível repetir o feito de forma segura e contínua, o planeta poderá contar com uma fonte de energia limpa, abundante e praticamente infinita — com potencial para revolucionar o sistema energético mundial e até facilitar futuras missões interplanetárias.

Desafios ainda existem

Apesar do sucesso, a fusão nuclear ainda enfrenta obstáculos técnicos consideráveis. O processo exige temperaturas acima de 100 milhões de graus Celsius e estabilidade por milhares de segundos.

Além disso, é necessário controle total do reator para que a geração elétrica seja segura e viável em escala comercial.

Avanços no equipamento

Segundo Gong Xianzu, responsável pela Divisão de Física e Operações do EAST, a nova conquista só foi possível graças a melhorias no sistema de aquecimento.

A potência usada, antes equivalente a 70 mil fornos de micro-ondas domésticos, foi dobrada sem comprometer a estabilidade da operação.

Declarações oficiais

Para Song Yuntao, diretor da ASIPP e vice-presidente do HFIPS, o resultado representa um passo fundamental. Ele afirmou que manter o reator em funcionamento por mais de mil segundos cria uma base sólida para o desenvolvimento de um sistema de fusão contínuo e autossustentável no futuro.

Plataforma internacional de pesquisa

O EAST é usado desde 2006 como plataforma de testes para cientistas chineses e estrangeiros. No mesmo ano, a China passou a integrar o projeto ITER (Reator Termonuclear Experimental Internacional), sediado na França, com 9% de participação, sob liderança da ASIPP.

Além disso, os dados obtidos no EAST ajudam a desenvolver o CFETR, o futuro reator de testes chinês.

Em Hefei, onde o EAST está instalado, novas estruturas estão sendo construídas para expandir ainda mais os estudos.

A conquista reforça a posição da China como um dos líderes mundiais na pesquisa de fusão nuclear. Se os próximos passos forem bem-sucedidos, o sonho de uma energia limpa, segura e praticamente infinita poderá se tornar realidade em algumas décadas.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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