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Brasil prepara a tecnologia mais avançada do mundo para cobrar impostos: Governo ergue sistema 150 vezes maior que o PIX para rastrear cada nota fiscal

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 14/09/2025 às 09:50
Receita cria sistema 150 vezes maior que o PIX para rastrear notas fiscais e promete a tecnologia mais avançada do mundo na cobrança de impostos.
Receita cria sistema 150 vezes maior que o PIX para rastrear notas fiscais e promete a tecnologia mais avançada do mundo na cobrança de impostos.
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Com lançamento previsto para 2026, a nova plataforma da Receita promete extinguir atrasos, fraudes e sonegação com fiscalização automática em tempo real

O governo federal investimento pesado no desenvolvimento de uma plataforma avançada para operacionalizar a cobrança dos novos tributos sobre consumo — a CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal) — que substituirão PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.

O coração do projeto é sua escala: o sistema será 150 vezes maior que o PIX.

Em contato com o G1, a Receita Federal explicou que a dimensão não decorre do número de documentos, mas do volume de informações de cada nota fiscal eletrônica, que carrega dados do produto, do emissor e de créditos tributários.

A estimativa é processar cerca de 70 bilhões de notas por ano, semelhante ao fluxo do PIX em quantidade, porém muito mais pesado em dados.

Por que “150 vezes maior” que o PIX

Segundo o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, o “gigantismo” existe para receber 100% das notas eletrônicas do país.

“O gigantismo é para poder receber esse volume de informações que são 100% das notas eletrônicas. Isso que a gente calcula que é em torno de 70 bilhões de documentos por ano que esse sistema vai receber, que é mais ou menos o volume do PIX”, disse.

Enquanto o PIX traz poucos campos — quem paga, quem recebe e o valor —, cada nota carrega “um monte de outras informações”.

O número anual de documentos é comparável, mas o tamanho de cada um torna o processamento cerca de 150 vezes mais exigente.

Split payment

Um módulo central da plataforma é o “split payment”.

Na prática, quando o pagamento de uma operação é feito por meio eletrônico, a parcela correspondente aos tributos é separada automaticamente e enviada, no ato, às contas da União, dos estados e dos municípios.

A promessa é reduzir drasticamente a sonegação, eliminar atrasos de recolhimento e encerrar o espaço para empresas de fachada — as “noteiras” — que emitem notas falsas ou adulteradas.

Em pagamentos em dinheiro, o “split” não se aplica; mas a lógica do digital tende a ampliar a cobertura.

Piloto em 2026 e início do B2B em 2027

O projeto já está em fase piloto, com quase 500 empresas. Em 2026, o sistema deve operar sem cobrança efetiva — uma alíquota simbólica de 1% será usada para testes, com possibilidade de abatimento em outros tributos.

A partir de 2027, o “split payment” entra em produção para a CBS nas operações entre empresas (B2B), sem abarcar o varejo.

No mesmo 2027, PIS e Cofins serão extintos. A transição do ICMS e do ISS para o IBS ocorrerá entre 2029 e 2032, com redução gradual das alíquotas atuais e elevação progressiva do novo imposto subnacional.

Arrecadação, sonegação e o desenho da alíquota

A expectativa do governo, já divulgada, é que a sonegação caia de forma contundente com a entrada do novo sistem.

Ao G1, especialista afirma que ao não passar pelo caixa das empresas, os valores devidos “acabam com atrasos no recolhimento e a complexidade das guias”, mas alteram o fluxo de caixa corporativo.

Ao mesmo tempo, a reforma prevê desoneração total de investimentos e exportações, o que reduz a arrecadação em outra ponta.

Tudo isso entra na conta da futura alíquota de referência — que, pelas projeções até aqui, tende a figurar entre as mais elevadas do mundo, preservando o peso atual dos tributos sobre consumo no país.

Créditos tributários liberados em horas

Os novos IVAs (CBS e IBS) serão não cumulativos.

Assim, cada etapa da cadeia gera créditos para a seguinte, evitando tributação em cascata.

A plataforma nacional — integrada e operando em tempo real — será responsável por calcular rapidamente esses créditos.

A lei prevê até três dias para ajustes entre entes federativos, mas a Receita afirma trabalhar para liberar em horas, idealmente “na mesma hora” em que as informações chegarem.

A aceleração do crédito ajuda a mitigar tensões de caixa em cadeias longas e favorece a previsibilidade financeira das empresas.

Gestão profissional e tecnologia integrada

Com o imposto sendo separado automaticamente, planilhas e operações manuais ficarão no passado: será crucial integrar sistemas internos ao novo ambiente da Receita.

A digitalização forçada reduz brechas, padroniza processos e impõe governança tributária mais rígida.

Em contrapartida, companhias que operam com margens estreitas precisarão reavaliar capital de giro e cronogramas de pagamento a fornecedores, já que o caixa não servirá mais de “ponte” para recolher tributos depois.

Calculadora oficial, menos erros e aviso antes da autuação

Outra aposta é reduzir erros de cálculo e de classificação de produtos.

No modelo atual, o contribuinte preenche a nota, o documento cai na gestão de risco estadual e, havendo divergência, vem a autuação.

No novo desenho, haverá uma calculadora oficial. O contribuinte preenche a operação dentro do sistema da Receita; se o processamento identificar falhas, o próprio ambiente avisa e solicita correção da nota antes de qualquer penalidade.

A Receita descreve a plataforma como “amigável”, com ganho direto de conformidade e redução do contencioso.

Ao centralizar notas, separar automaticamente impostos, acelerar créditos e padronizar cálculos, a Receita mira um salto de infraestrutura que dá sustentação prática à reforma tributária do consumo.

No centro de tudo, permanece a peça-chave: um sistema 150 vezes maior que o PIX, desenhado para processar — com profundidade e em tempo real — a totalidade das notas fiscais do país.

O novo IVA brasileiro: CBS e IBS

O Brasil está substituindo o atual emaranhado de tributos sobre o consumo (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos impostos de valor agregado (IVAs):

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — será federal, arrecadada pela União.
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) — será gerido de forma conjunta por estados e municípios.

Esses dois tributos terão as mesmas regras de incidência, base de cálculo e créditos, funcionando de forma não cumulativa, ou seja, cada empresa poderá abater o imposto pago nas etapas anteriores da cadeia de produção.

Isso elimina a chamada “tributação em cascata” e aproxima o Brasil do modelo de IVA adotado em países desenvolvidos.

A implementação será gradual:

  • Em 2027, PIS e Cofins serão extintos, dando lugar à CBS.
  • Entre 2029 e 2032, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) serão substituídos progressivamente pelo IBS.

Essa unificação busca simplificar as regras e reduzir litígios, mas exige uma transição longa para adaptar sistemas, legislações locais e práticas contábeis.

Reclamações históricas das empresas sobre o sistema atual

As empresas brasileiras há anos reclamam que o sistema tributário nacional está entre os mais complexos, onerosos e imprevisíveis do mundo. Os principais problemas apontados pelo setor produtivo são:

  • Fragmentação de normas: cada estado e município tem regras próprias de ICMS e ISS, gerando um labirinto de legislações que dificultam o cumprimento das obrigações.
  • Litígios constantes: a multiplicidade de interpretações e autuações faz com que o Brasil tenha um dos maiores volumes de processos tributários do planeta.
  • Custo de conformidade: as empresas gastam milhares de horas e recursos com equipes fiscais e contábeis apenas para cumprir as obrigações.
  • Imprevisibilidade no fluxo de caixa: atrasos no aproveitamento de créditos e cobranças retroativas afetam diretamente o planejamento financeiro.

Estudos do setor industrial apontam que, no Brasil, as empresas gastam mais de 1.500 horas por ano para apurar e pagar tributos — muito acima da média mundial.

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Ramos
Ramos
19/09/2025 18:40

Por que não criam um sistema desse para melhorar o SUS e evitar que consultas com especialistas demorem uma eternidade para sair, exames que demoram meses, anos ou nem saem, etc. A eficiência em sugar impressiona, seja por parte do governo federal, estadual e municipal. Na cidade onde moro as viaturas da guarda de trânsito tem câmeras em cima para filmar infrações e aplicar multas, aí fico pensando, porque não usam essas câmeras para filmar os buracos nas estradas e notificar a prefeitura.

Jocelio Vieira
Jocelio Vieira
16/09/2025 09:52

Queria essa tecnologia, para devolver os roubos dos nossos aposentados!!!

Adilson
Adilson
Em resposta a  Jocelio Vieira
19/09/2025 16:06

Concordo.

Madie
Madie
16/09/2025 07:45

E essa tecnologia toda pra gestão de gastos? Pra reatrear dinheiro desviado do INSS? Parece que o único objetivo desse governo é tirar o fí**** das pessoas. Aumentar impostos e dar nada em troca. Que inferno isso.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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