Com lançamento previsto para 2026, a nova plataforma da Receita promete extinguir atrasos, fraudes e sonegação com fiscalização automática em tempo real
O governo federal investimento pesado no desenvolvimento de uma plataforma avançada para operacionalizar a cobrança dos novos tributos sobre consumo — a CBS (federal) e o IBS (estadual e municipal) — que substituirão PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.
O coração do projeto é sua escala: o sistema será 150 vezes maior que o PIX.
Em contato com o G1, a Receita Federal explicou que a dimensão não decorre do número de documentos, mas do volume de informações de cada nota fiscal eletrônica, que carrega dados do produto, do emissor e de créditos tributários.
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A estimativa é processar cerca de 70 bilhões de notas por ano, semelhante ao fluxo do PIX em quantidade, porém muito mais pesado em dados.
Por que “150 vezes maior” que o PIX
Segundo o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, o “gigantismo” existe para receber 100% das notas eletrônicas do país.
“O gigantismo é para poder receber esse volume de informações que são 100% das notas eletrônicas. Isso que a gente calcula que é em torno de 70 bilhões de documentos por ano que esse sistema vai receber, que é mais ou menos o volume do PIX”, disse.
Enquanto o PIX traz poucos campos — quem paga, quem recebe e o valor —, cada nota carrega “um monte de outras informações”.
O número anual de documentos é comparável, mas o tamanho de cada um torna o processamento cerca de 150 vezes mais exigente.
Split payment
Um módulo central da plataforma é o “split payment”.
Na prática, quando o pagamento de uma operação é feito por meio eletrônico, a parcela correspondente aos tributos é separada automaticamente e enviada, no ato, às contas da União, dos estados e dos municípios.
A promessa é reduzir drasticamente a sonegação, eliminar atrasos de recolhimento e encerrar o espaço para empresas de fachada — as “noteiras” — que emitem notas falsas ou adulteradas.
Em pagamentos em dinheiro, o “split” não se aplica; mas a lógica do digital tende a ampliar a cobertura.
Piloto em 2026 e início do B2B em 2027
O projeto já está em fase piloto, com quase 500 empresas. Em 2026, o sistema deve operar sem cobrança efetiva — uma alíquota simbólica de 1% será usada para testes, com possibilidade de abatimento em outros tributos.
A partir de 2027, o “split payment” entra em produção para a CBS nas operações entre empresas (B2B), sem abarcar o varejo.
No mesmo 2027, PIS e Cofins serão extintos. A transição do ICMS e do ISS para o IBS ocorrerá entre 2029 e 2032, com redução gradual das alíquotas atuais e elevação progressiva do novo imposto subnacional.
Arrecadação, sonegação e o desenho da alíquota
A expectativa do governo, já divulgada, é que a sonegação caia de forma contundente com a entrada do novo sistem.
Ao G1, especialista afirma que ao não passar pelo caixa das empresas, os valores devidos “acabam com atrasos no recolhimento e a complexidade das guias”, mas alteram o fluxo de caixa corporativo.
Ao mesmo tempo, a reforma prevê desoneração total de investimentos e exportações, o que reduz a arrecadação em outra ponta.
Tudo isso entra na conta da futura alíquota de referência — que, pelas projeções até aqui, tende a figurar entre as mais elevadas do mundo, preservando o peso atual dos tributos sobre consumo no país.
Créditos tributários liberados em horas
Os novos IVAs (CBS e IBS) serão não cumulativos.
Assim, cada etapa da cadeia gera créditos para a seguinte, evitando tributação em cascata.
A plataforma nacional — integrada e operando em tempo real — será responsável por calcular rapidamente esses créditos.
A lei prevê até três dias para ajustes entre entes federativos, mas a Receita afirma trabalhar para liberar em horas, idealmente “na mesma hora” em que as informações chegarem.
A aceleração do crédito ajuda a mitigar tensões de caixa em cadeias longas e favorece a previsibilidade financeira das empresas.
Gestão profissional e tecnologia integrada
Com o imposto sendo separado automaticamente, planilhas e operações manuais ficarão no passado: será crucial integrar sistemas internos ao novo ambiente da Receita.
A digitalização forçada reduz brechas, padroniza processos e impõe governança tributária mais rígida.
Em contrapartida, companhias que operam com margens estreitas precisarão reavaliar capital de giro e cronogramas de pagamento a fornecedores, já que o caixa não servirá mais de “ponte” para recolher tributos depois.
Calculadora oficial, menos erros e aviso antes da autuação
Outra aposta é reduzir erros de cálculo e de classificação de produtos.
No modelo atual, o contribuinte preenche a nota, o documento cai na gestão de risco estadual e, havendo divergência, vem a autuação.
No novo desenho, haverá uma calculadora oficial. O contribuinte preenche a operação dentro do sistema da Receita; se o processamento identificar falhas, o próprio ambiente avisa e solicita correção da nota antes de qualquer penalidade.
A Receita descreve a plataforma como “amigável”, com ganho direto de conformidade e redução do contencioso.
Ao centralizar notas, separar automaticamente impostos, acelerar créditos e padronizar cálculos, a Receita mira um salto de infraestrutura que dá sustentação prática à reforma tributária do consumo.
No centro de tudo, permanece a peça-chave: um sistema 150 vezes maior que o PIX, desenhado para processar — com profundidade e em tempo real — a totalidade das notas fiscais do país.
O novo IVA brasileiro: CBS e IBS
O Brasil está substituindo o atual emaranhado de tributos sobre o consumo (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos impostos de valor agregado (IVAs):
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — será federal, arrecadada pela União.
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) — será gerido de forma conjunta por estados e municípios.
Esses dois tributos terão as mesmas regras de incidência, base de cálculo e créditos, funcionando de forma não cumulativa, ou seja, cada empresa poderá abater o imposto pago nas etapas anteriores da cadeia de produção.
Isso elimina a chamada “tributação em cascata” e aproxima o Brasil do modelo de IVA adotado em países desenvolvidos.
A implementação será gradual:
- Em 2027, PIS e Cofins serão extintos, dando lugar à CBS.
- Entre 2029 e 2032, o ICMS (estadual) e o ISS (municipal) serão substituídos progressivamente pelo IBS.
Essa unificação busca simplificar as regras e reduzir litígios, mas exige uma transição longa para adaptar sistemas, legislações locais e práticas contábeis.
Reclamações históricas das empresas sobre o sistema atual
As empresas brasileiras há anos reclamam que o sistema tributário nacional está entre os mais complexos, onerosos e imprevisíveis do mundo. Os principais problemas apontados pelo setor produtivo são:
- Fragmentação de normas: cada estado e município tem regras próprias de ICMS e ISS, gerando um labirinto de legislações que dificultam o cumprimento das obrigações.
- Litígios constantes: a multiplicidade de interpretações e autuações faz com que o Brasil tenha um dos maiores volumes de processos tributários do planeta.
- Custo de conformidade: as empresas gastam milhares de horas e recursos com equipes fiscais e contábeis apenas para cumprir as obrigações.
- Imprevisibilidade no fluxo de caixa: atrasos no aproveitamento de créditos e cobranças retroativas afetam diretamente o planejamento financeiro.
Estudos do setor industrial apontam que, no Brasil, as empresas gastam mais de 1.500 horas por ano para apurar e pagar tributos — muito acima da média mundial.
Por que não criam um sistema desse para melhorar o SUS e evitar que consultas com especialistas demorem uma eternidade para sair, exames que demoram meses, anos ou nem saem, etc. A eficiência em sugar impressiona, seja por parte do governo federal, estadual e municipal. Na cidade onde moro as viaturas da guarda de trânsito tem câmeras em cima para filmar infrações e aplicar multas, aí fico pensando, porque não usam essas câmeras para filmar os buracos nas estradas e notificar a prefeitura.
Queria essa tecnologia, para devolver os roubos dos nossos aposentados!!!
Concordo.
E essa tecnologia toda pra gestão de gastos? Pra reatrear dinheiro desviado do INSS? Parece que o único objetivo desse governo é tirar o fí**** das pessoas. Aumentar impostos e dar nada em troca. Que inferno isso.