Tecnologia brasileira criada por um baiano usa luz solar e grafeno vegetal para revolucionar a produção de hidrogênio verde
Um reator inovador criado no Brasil promete transformar como o hidrogênio verde é produzido. A tecnologia foi desenvolvida por Francislei Santos, pesquisador do Instituto Federal da Bahia (IFBA), Campus Salvador, e utiliza luz solar, grafeno vegetal e baixo custo como principais diferenciais.
Avanço nacional na produção de hidrogênio
O hidrogênio verde (H2V) é uma fonte de energia limpa que tem ganhado destaque mundial. Segundo o World Economic Forum, o Brasil deve produzir entre 0,6 e 1,1 milhão de toneladas anualmente até 2030, com 60% destinadas ao consumo interno. Esse cenário tem incentivado pesquisas, como a do IFBA.
O reator desenvolvido por Francislei Santos é do tipo fotoeletroquímico em formato de U. Ele dispensa o uso de membranas, que tradicionalmente separam os gases durante a reação e podem gerar resíduos. Também substitui o uso de hidróxido de potássio, considerado inviável em grande escala por gerar contaminantes.
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Tecnologia com base em experiências anteriores
O pesquisador conta que, em 2015, uma experiência curiosa serviu de base para os avanços atuais. Na época, ele usou uma placa fotovoltaica sobre um eletrolisador com urina humana, em estudos sobre reaproveitamento de resíduos em estações de tratamento. “Para minha surpresa, essa placa quebrou a molécula e liberou o hidrogênio. Isso girou o mundo”, relembra.
Em 2023, a equipe lançou o novo reator, que não utiliza membranas nem produtos químicos agressivos. A principal fonte de energia é a luz solar, usada para provocar reações químicas que separam a água em hidrogênio e oxigênio.
Além disso, o equipamento emprega grafeno de origem vegetal, melhorando seu desempenho. É a primeira tecnologia de H2V que faz uso desse tipo de grafeno.
Resultados positivos e próximos passos
Segundo Francislei Santos, o reator mostrou bons resultados na produção dos gases. “O reator é uma solução superior em termos de eficiência, sustentabilidade e segurança. Ele opera com menor custo, utiliza fontes de energia renováveis, dispensa produtos químicos agressivos e elimina a necessidade de membranas.”
Testes em Condição Normal de Temperatura e Pressão (CNTP) demonstraram reações fotoeletroquímicas bem-sucedidas. As análises espectroscópicas Raman confirmaram as propriedades do catalisador vegetal. A próxima fase do projeto será analisar a pureza dos gases gerados por meio de cromatografia gasosa.
Projeto patenteado e com apoio nacional
A inovação já foi patenteada e conta com o apoio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), dentro do Programa de Mentoria em Propriedade Industrial (PMPI).
A tecnologia também faz parte do Catalisa ICT, iniciativa do Sebrae Nacional que estimula a transformação de conhecimento científico em soluções com alto impacto.
No Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, em 8 de julho de 2019, a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) lançou uma série de reportagens mostrando como cientistas da Bahia contribuem com a sociedade em temas como saúde, educação e segurança.
Com informações de Rádio Portal Sudoeste.