Minas registra queda de 50% nas vendas para os Estados Unidos após sobretaxa aplicada em agosto de 2025
Uma reviravolta histórica atingiu o comércio exterior mineiro em agosto de 2025. As exportações de Minas Gerais para os Estados Unidos caíram 50,44% em apenas um mês, despencando de US$ 431,67 milhões para US$ 213,94 milhões, segundo levantamento do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). O impacto imediato do chamado “tarifaço” levou o Estado a registrar déficit de US$ 21 milhões na balança comercial com os americanos, algo que não ocorria desde 2018.
Tarifas elevadas atingem produtos estratégicos
A medida do governo dos Estados Unidos entrou em vigor em 6 de agosto de 2025. A decisão elevou de 10% para 50% as tarifas de importação de diversos produtos estratégicos para a pauta mineira. Como resultado, o ferro-gusa apresentou retração de 73,62% nos embarques em relação a julho. O café, por sua vez, caiu 17,05% no mesmo período, já que a alíquota foi elevada para 50%.
Embora o cenário geral seja de forte retração, houve um ponto fora da curva. As exportações de equipamentos elétricos, como transformadores, conversores estáticos e bobinas de reatância, cresceram 316,19% em agosto. Entretanto, segundo Verônica Winter, analista da Fiemg, o aumento foi apenas temporário. Ela explicou que uma ordem executiva publicada pela Casa Branca em 30 de julho de 2025 permitiu que mercadorias embarcadas antes de 6 de agosto e desembarcadas até 5 de outubro fossem tributadas pela alíquota anterior de 10%.
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Winter destacou que, sem essa janela de antecipação, a tendência é de agravamento nos próximos meses. Dessa forma, a indústria mineira precisará se preparar para perdas ainda maiores.
Queda nacional no comércio com os EUA
A crise não se limitou a Minas Gerais. As exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 27,74% em agosto de 2025 em relação a julho, passando de US$ 3,82 bilhões para US$ 2,76 bilhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Além disso, o país registrou déficit de US$ 1,23 bilhão no mês.
Na comparação com agosto de 2024, a queda foi de 18,54%. Entre os setores mais afetados na base mensal, destacam-se os seguintes:
- Petróleo bruto: retração de 10,07% (isento de sobretaxa).
- Veículos aéreos: queda de 95,75% (taxados em 10%).
- Celulose: recuo de 21,70%.
- Semimanufaturados de aço: redução de 15,30% (taxados em 50%).
- Carnes: retração de 46,26% (taxadas em 50%).
- Madeira serrada: queda de 40,88%.
- Transformadores de alta potência: redução de 53,97%.
Portanto, o impacto não foi apenas regional, mas também nacional.
Demandas da Fiemg e reação estadual
Com o impacto direto nos setores produtivos, a Fiemg apresentou em agosto de 2025 uma lista de medidas emergenciais ao governo de Minas e ao governo federal. Entre as propostas, está um pacote de R$ 300 milhões em Minas Gerais para apoiar empresas prejudicadas. Além disso, a entidade pediu reduções tributárias, ajustes contratuais e medidas para aliviar custos de energia, gás e ICMS.
No campo federal, a Fiemg defendeu a aplicação de mecanismos antidumping. Com isso, buscou-se evitar a entrada de produtos estrangeiros com preços artificialmente baixos, garantindo mais proteção à indústria nacional.
Resposta do governo federal
Em setembro de 2025, o governo federal divulgou nota ao jornal Hoje em Dia reforçando que mantém diálogo constante com os setores exportadores. Como contrapartida, lançou em agosto o Plano Brasil Soberano, que tem como objetivo apoiar empresas atingidas pelo tarifaço.
Esse plano prevê:
- R$ 30 bilhões em crédito do Fundo Garantidor de Exportações (FGE).
- R$ 10 bilhões em linhas do BNDES, com juros reduzidos.
- Financiamento para capital de giro, modernização de produção e prospecção de novos mercados.
- Diferimento de tributos, prorrogação do Drawback e aumento do Reintegra.
- Compras governamentais para sustentar a demanda interna.
Contudo, o governo ponderou que parte da queda apontada pode ter sido resultado da antecipação de embarques em julho, e não apenas da alta tarifária.
Perspectivas para os próximos meses
Segundo a Fiemg, o quadro deve piorar com o fim da janela de embarques antecipados em 5 de outubro de 2025. A partir dessa data, todos os produtos mineiros estarão sujeitos às tarifas majoradas de 50%.
Dessa forma, o cenário representa um desafio significativo para a indústria mineira, que desde 2018 acumulava superávits no comércio com os EUA. Agora, o setor precisará buscar diversificação de mercados e adaptação às novas barreiras internacionais.
Enquanto isso, a expectativa é que, sem mudanças na política comercial americana, os próximos meses consolidem um período de retração nas vendas externas, tanto para Minas Gerais quanto para o Brasil.
Você acredita que o governo brasileiro deve priorizar negociações diplomáticas para reduzir as tarifas ou investir na diversificação dos destinos de exportação?