Cinco marcas que moldaram a história do automóvel — e desapareceram: Cord, Duesenberg, Hispano Suiza, Isotta Fraschini e Packard continuam a inspirar gerações, mesmo fora das ruas
Muita gente imagina que a história da indústria automobilística se resume às grandes marcas que sobreviveram até hoje. Mas os primeiros 140 anos desse setor guardam centenas de histórias curiosas, modelos impressionantes e marcas que, embora tenham desaparecido, deixaram um legado marcante.
Algumas, inclusive, rivalizavam com as maiores fabricantes do planeta. E foram justamente elas que motivaram uma pergunta feita a cinco especialistas em automobilismo: quais são as cinco marcas mais importantes que deixaram de existir?
A seleção final reuniu nomes de peso: Cord, Duesenberg, Hispano Suiza, Isotta Fraschini e Packard. Cada uma, à sua maneira, marcou a indústria, inovou em tecnologias e ajudou a moldar o que conhecemos hoje como carro de luxo ou de alto desempenho.
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A seguir, um resumo da história dessas cinco marcas que fizeram história — mas não resistiram ao tempo.
Cord: a tração dianteira e a ousadia estética
A Cord foi a primeira marca americana a apostar na tração dianteira. Isso aconteceu em 1929, com o lançamento do modelo L-29. Seu fundador, Errett Lobban Cord, acreditava que o futuro do carro popular passaria pela tração dianteira e pelas juntas homocinéticas.
O L-29 usava um motor de 8 cilindros em linha, com 125 cavalos de potência. Mas a Crise de 1929 derrubou o projeto. Foram cerca de 5 mil unidades vendidas em somente três anos.
Mas o grande momento da marca viria depois: em 1936, foi lançado o modelo 810, um carro muito à frente do seu tempo. Ele tinha suspensão dianteira independente, capô com aletas laterais no lugar da grade do radiador e dispensava os estribos nas laterais da carroceria.
Os faróis eram escamoteáveis e inspirados em aviões da época. O 810 ainda teve versão com compressor, chegando a 170 cv. A propaganda da época dizia: “Quem ultrapassa um Cord sabe que só o faz com a permissão do motorista do Cord.”
Duesenberg: potência, luxo e vitória nas pistas
Fundada em 1913 nos Estados Unidos, a Duesenberg ganhou fama logo cedo por fabricar carros de alto desempenho e acabamento refinado.
Em 1921, recebeu o apoio de Errett Cord, o mesmo da marca anterior, para expandir sua produção. Participou de competições e venceu em Le Mans e em Indianápolis, em 1924, 1925 e 1927.
Os modelos dos anos 20 e 30 chamavam atenção pelo design e pela potência. O Duesenberg J, lançado em 1929, entregava 265 cv com um motor de 8 cilindros em linha, duplo comando e quatro válvulas por cilindro. Já o SJ, criado depois, usava compressor mecânico e alcançava 320 cv.
Custavam mais que os Rolls-Royce da época e eram sucesso entre as estrelas de Hollywood.
Hispano Suiza: sofisticação e motores de aviação
O suíço Marc Birkgt tinha o sonho de construir carros elétricos, mas acabou se rendendo aos motores a gasolina. Fundou a Hispano Suiza na Espanha e teve sorte: o rei Alfonso XIII virou um dos maiores entusiastas da marca. Birkgt chegou a transferir parte da produção para a França para ganhar projeção internacional.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a fábrica passou a produzir motores de avião. A retomada da linha de automóveis ocorreu em 1919, mas foi somente em 1930 que o modelo HB6 fez história.
Tinha motor de 6,6 litros, 135 cv e comando no cabeçote. Seu sucessor, o H6C, chegou em 1932 com um V12 de 9,4 litros e depois ganhou versão de 11,3 litros, com 250 cv.
O fim começou com a saída do rei e a chegada da ditadura de Franco, em 1939. A marca encerrou a produção de automóveis em 1946, vendendo seus ativos à ENASA.
Isotta Fraschini: luxo italiano e inovação nos anos 20
Fundada em Milão, em 1900, a Isotta Fraschini começou como uma oficina que revendia marcas francesas. Mas o desejo de criar modelos próprios falou mais alto. Ganhou destaque com o Tipo 8, que trazia o primeiro motor de 8 cilindros produzido na Itália.
A qualidade do acabamento fazia com que a marca fosse considerada uma rival direta da Rolls-Royce. Também fabricou caminhões e motores para aviões. A produção de automóveis foi interrompida em 1927, mas a empresa tentou voltar diversas vezes ao longo das décadas seguintes.
Packard: motores poderosos e o orgulho americano
A história da Packard começa com uma insatisfação. James Packard era dono de um carro da Winton e, após ser esnobado pelo fabricante ao sugerir melhorias, decidiu fundar sua própria marca. Nascia assim a Packard, que logo se destacou pela engenharia de ponta.
Nos anos 20, criou motores de seis cilindros. Já na década de 30, apostou nos V12 para equipar seus cupês, sedãs e conversíveis. Esses motores tinham bloco de ferro fundido e cabeçotes de alumínio, com 7,3 litros e 160 cv. Também produziu motores de 1, 2, 4 e 8 cilindros ao longo da história.
Apesar da tradição e da paixão pelos motores, a Packard não resistiu à queda de mercado no pós-guerra. Chegou a se fundir com a Studebaker, mas fechou as portas nos anos 50, sem conseguir competir com gigantes como Ford e GM.
O legado das marcas que o tempo levou
Cord, Duesenberg, Hispano Suiza, Isotta Fraschini e Packard não resistiram às mudanças econômicas e ao avanço das concorrentes. Mas cada uma delas deixou uma marca indelével na história do automóvel.
Seus modelos ainda despertam admiração em museus, feiras de antigomobilismo e coleções pelo mundo. Para os apaixonados por carros, conhecer essas histórias é mais do que curiosidade: é entender como o passado moldou o que dirigimos hoje.
Com informações de Autoo.