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SUV da Nissan inspirada na Duster pode ficar somente no papel devido à crise

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 07/04/2025 às 16:04
SUV da Nissan inspirado no Duster pode nunca sair do papel no Brasil. Estratégia global foca em mercados mais lucrativos e deixa país de fora.
SUV da Nissan inspirado no Duster pode nunca sair do papel no Brasil. Estratégia global foca em mercados mais lucrativos e deixa país de fora.
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Mudança na produção global da Nissan redefine o mercado de SUVs na América do Sul e ameaça o lançamento de modelo inspirado no Duster em meio à crise econômica e estratégias da marca para priorizar países com maior estabilidade e retorno.

A Nissan anunciou uma série de mudanças estratégicas globais que devem afetar diretamente o mercado automotivo brasileiro nos próximos anos.

Embora alguns lançamentos estejam previstos, um SUV de médio porte — comparável ao Renault Duster — corre o risco de nunca chegar às ruas brasileiras, ficando restrito a mercados específicos como o indiano.

Entre os destaques do novo plano global da montadora japonesa, estão a modernização da picape Frontier, mudanças estruturais na produção sul-americana e a introdução de novos modelos em mercados emergentes.

No entanto, o Brasil não aparece entre os países prioritários para receber esses lançamentos no curto prazo, refletindo uma reavaliação estratégica da marca diante de uma realidade econômica desafiadora.

Reestruturação atinge América do Sul e ameaça novos modelos

A decisão da Nissan de encerrar a fabricação de veículos na Argentina e centralizar a produção no México tem causado impactos diretos em toda a região.

A linha de produção argentina, que anteriormente abastecia países vizinhos com a picape Frontier, será desativada, e o modelo passará a ser importado exclusivamente do território mexicano a partir de 2026.

A medida não afeta apenas a Frontier.

Modelos como os sedãs Versa e Sentra também terão sua produção realocada, acompanhando a nova diretriz da empresa de otimizar custos e reduzir riscos operacionais em regiões economicamente instáveis.

O Brasil, embora mantenha uma linha de produção ativa no Rio de Janeiro, passa a depender mais das importações para ampliar seu portfólio.

SUV médio fica restrito à Índia

Uma das maiores apostas da Nissan para os próximos anos, um novo SUV de porte médio chamado internamente de “C-SUV”, será lançado exclusivamente na Índia.

O modelo foi apresentado como parte do plano de renovação global, sendo desenvolvido sobre a plataforma CMF-B, a mesma que dá origem ao novo Nissan Kicks e ao Dacia Duster — este último, um sucesso europeu que não é vendido no Brasil.

O novo utilitário esportivo compartilha dimensões e funcionalidades semelhantes ao Renault Duster, modelo que já fez sucesso no mercado brasileiro.

No entanto, a Nissan optou por limitar o lançamento ao mercado indiano, onde há maior expectativa de crescimento para esse segmento.

Segundo fontes ligadas à Aliança Renault-Nissan, a operação indiana será gerida majoritariamente pela Renault, que atualmente detém 51% das ações na joint venture local.

A estratégia é concentrar esforços em mercados onde a margem de crescimento é mais promissora e onde os custos logísticos e fiscais são menores do que em países da América do Sul.

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Plataformas modernas, mas destinos distintos

A plataforma CMF-B, utilizada no novo SUV e em outros modelos compactos da aliança, representa um avanço tecnológico importante.

Ela permite a adaptação de diferentes configurações de motorização e eletrificação, além de oferecer maior segurança e eficiência energética.

No entanto, no Brasil, a aposta da Nissan continua sendo a nova geração do Kicks, produzida em Porto Real (RJ).

O modelo já teve versões como o Kicks Play e deve ganhar uma versão maior e mais equipada para disputar espaço com concorrentes como o Jeep Compass.

A Renault, por outro lado, está desenvolvendo uma nova base chamada RGMP, que servirá de suporte para SUVs médios de próxima geração, incluindo um modelo derivado do conceito Niagara.

Essa diferenciação de plataformas evidencia a separação progressiva das estratégias de cada marca, mesmo dentro da aliança.

Nissan reforça produção nacional, mas com foco reduzido

Apesar da redução de investimentos em novos produtos para o Brasil, a fábrica da Nissan em Porto Real segue operando com foco em modelos estratégicos.

Além do Kicks atual, está sendo desenvolvido um terceiro veículo inédito, ainda mantido em sigilo pela montadora.

Fontes do setor automotivo indicam que o novo modelo poderá ter características de um SUV compacto, voltado ao público jovem e urbano.

A Nissan busca manter sua relevância em um mercado altamente competitivo, mesmo com uma linha de produtos mais enxuta.

A estratégia recente da marca japonesa reflete também a separação estrutural entre as operações da Renault e da Nissan, que por anos compartilharam fábricas, plataformas e fornecedores.

Desde que a Nissan recuperou sua estabilidade financeira, tem buscado maior independência operacional e avalia possíveis parcerias com outras montadoras, como a Honda.

Crise global força decisões locais

A retração econômica global, agravada por conflitos geopolíticos e pelo encarecimento de matérias-primas, levou várias montadoras a reverem suas prioridades de investimento.

A Nissan, assim como outras fabricantes, está direcionando seus recursos para mercados considerados mais previsíveis, deixando países como o Brasil em segundo plano.

Mesmo com o crescimento do segmento de SUVs na América do Sul, os altos custos de produção e a instabilidade fiscal tornam a região menos atrativa para lançamentos inéditos.

Assim, veículos como o C-SUV, que poderiam ter boa aceitação por aqui, acabam ficando restritos a mercados como o indiano, onde os custos operacionais são mais baixos e o consumo é crescente.

Futuro incerto para novos utilitários no Brasil

Com essa estratégia, é pouco provável que o novo SUV da Nissan, inspirado no Duster, seja lançado em território brasileiro nos próximos anos.

A marca seguirá investindo naquilo que já tem consolidado, como a picape Frontier e o Kicks, enquanto observa os desdobramentos econômicos antes de tomar novas decisões.

A ausência de novos SUVs médios da Nissan no Brasil pode abrir espaço para concorrentes como Jeep, Volkswagen e Chevrolet reforçarem sua presença nesse nicho.

Especialistas apontam que a diversificação de modelos e tecnologias será essencial para conquistar o consumidor brasileiro, cada vez mais exigente e atento a custo-benefício.

Uma aposta segura ou uma oportunidade perdida?

A estratégia da Nissan pode ser vista sob dois ângulos.

Por um lado, priorizar mercados mais promissores garante maior retorno sobre o investimento e estabilidade financeira.

Por outro, deixar de investir no Brasil pode significar a perda de um público fiel e de um mercado ainda relevante para o setor automotivo.

Enquanto a marca avança em outras regiões, o consumidor brasileiro fica à espera de novidades que, ao menos por ora, não devem se concretizar.

E você, acha que a Nissan está tomando a decisão certa ao não lançar o novo SUV no Brasil ou está perdendo uma chance valiosa em um mercado que continua apaixonado por utilitários esportivos? Comente abaixo!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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