Em carta que marcou encerramento de evento em Curitiba, Sul Export se compromete a cobrar políticas públicas de Estado do Rio Grande do Sul, e não de governo
A leitura da Carta do Sul Export, na tarde desta terça-feira (6), encerrou as atividades do Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária realizado em Curitiba, no Paraná. Também foi anunciado que o Sul Export 2021 acontecerá no Estado do Rio Grande do Sul.
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Durante dois dias, especialistas, dirigentes de entidades do setor, empresários e autoridades estiveram reunidos em palestras e painéis para debater os principais desafios da operação de transportes na região e seus impactos na logística nacional.
A Carta do Sul Export foi lida por Jesualdo Silva, presidente do Conselho do Sul Export e diretor-presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários). O documento traz uma síntese do evento e, entre outras coisas, traça diretrizes tais como a de cobrar do governo federal políticas públicas de Estado, e não de governo para o setor. “O Sul Export se compromete a cobrar do Governo Federal a elaboração, o desenvolvimento e o cumprimento de políticas públicas de Estado e não de governo, no sentido de aperfeiçoar a logística com sustentabilidade”, informa trecho do documento.
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A Carta Sul Export relembra a importância do setor para o Brasil. “A logística, como aqui ressaltamos por diversas vezes, é estratégica para o planejamento do presente e do futuro de toda a sociedade brasileira no mundo globalizado contemporâneo”, informa outro trecho do documento.
A mensagem da Carta Sul Export vai de encontro com o discurso do secretário nacional dos Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni. Ao realizar a palestra de abertura do evento na segunda-feira à tarde, o secretário afirmou que essa é a postura adotada pelo governo federal.
“Gostaríamos de afirmar que infraestrutura é, para nós, uma agenda de Estado, e não de governo. Estamos trabalhando em muitas frentes. Faremos um investimento de R$ 50 bilhões em infraestrutura em oito anos, e, no setor portuário, até 2022, haverá mais 30 leilões para áreas portuárias, que receberão investimentos de mais de R$ 10 bilhões”, disse Piloni.
Debates
Os temas presentes no Sul Export foram de tal relevância que fizeram executivos bloquear suas agendas só para participar dos debates, seja como palestrantes, painelistas ou mesmo como expectadores. Eles participaram tanto presencialmente, no palco montado no Bourbon Hotel, e também de forma remota, via Zoom. O fato chamou a atenção do dirigente do Portos RS, Fernando Estima. “Vocês causam um transtorno em nossas agendas. Maravilhoso! Vocês estão prestando um serviço no momento da revolução tecnológica. Nós nunca conversamos tanto”, afirmou, em tom bem humorado.
O Sul Export reuniu nomes tais como:
- Angelino Caputo e Oliveira, diretor-executivo da ABTRA (Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados);
- dirigentes de portos da região: Luiz Fernando Garcia da Silva (Portos do PR) e Fernando Estima (Portos do RS);
- Mário Povia, conselheiro nacional do Brasil Export e diretor da Docas do Rio; Cleber Lucas, presidente da ABAC (Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem);
- Cleiton Vargas, vice-presidente da Yara Brasil: Osmari de Castilho Ribas, diretor-superintendente administrativo da Portonave;
- Benjamin Gallotti, sócio-fundador e administrador da Gallotti Advogados;
- Djalma Vilela, diretor-presidente da Multilog e João Arthur Mohr, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), entre outros.
Entre os pontos altos do encontro estiveram os debates sobre dragagem, que, como bem apontou a Carta do Sul Export, é um dos principais desafios dos portos da região. Outro tema importante foi a questão da desestatização, que está no centro da estratégia do governo federal, que já anunciou sua intenção de leiloar 30 áreas portuárias até 2022. Um deles é o leilão do terminal de veículos do Porto de Paranaguá, previsto para dezembro próximo.
O futuro do setor produtivo, entre eles a agroindustrialização, e formas de como agregar valor à produção de commodities, também foi alvo de atenção dos especialistas e autoridades nesses dois dias. Como lembrou o vice-presidente da Yara Brasil, Cleiton Vargas, quem ditará como se dará a industrialização serão as novas gerações. “O consumidor vai querer saber onde esse alimento foi produzido”, afirmou Vargas. Ele ressaltou que o processo de rastreabilidade será fundamental e, para que isso, será necessário contar muito mais com a estrutura portuária.
Por fim, o painel que abordou a multimodalidade reforçou a importância da BR do Mar como catalizadora e propulsora de novos negócios para o setor. Apesar de ser um projeto capital para o setor, João Arthur Mohr, gerente de assuntos estratégicos da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), afirmou que os problemas do setor dependem muito dos próprios agentes envolvidos. “Temos problemas a cabotagem? Só depende de nós resolvermos. Temos problemas em portos e rodovias? Só depende de nós acharmos a solução para fazer esse Brasil melhor”, disse.
São Paulo é a próxima parada
A próxima edição do Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária é o Sudeste Export, previsto para os dias 18 e 19, na cidade de São Paulo. Assim como já ocorreu em Macapá (Norte) e Curitiba (Sul), o evento será híbrido. Um número limitado de participantes, palestrantes e convidados está reunido presencialmente seguindo todas as normas recomendadas pelas autoridades sanitárias devido à pandemia do novo coronavírus, e, outra parcela desse público participa via Zoom, mesma ferramenta utilizada pela plateia para assistir ao evento.
As inscrições para o Sudeste Export já estão abertas e podem ser feitas acessando o link http://forumbrasilexport.com.br/inscricoes/sudesteexport