1. Início
  2. / Geopolítica
  3. / Suécia pede aos cidadãos que se preparem para a guerra: cinco milhões de famílias recebem panfletos com orientações sobre como preparar suas casas para um possível ‘guerra nuclear’
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Suécia pede aos cidadãos que se preparem para a guerra: cinco milhões de famílias recebem panfletos com orientações sobre como preparar suas casas para um possível ‘guerra nuclear’

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 19/11/2024 às 11:02
guerra
Foto: Reprodução

Em meio a crescentes tensões globais, a Suécia orienta seus cidadãos a se prepararem para cenários de guerra, incluindo um possível ataque nuclear

A Suécia distribui cinco milhões de panfletos à população, orientando sobre preparação para uma possível guerra, com instruções detalhadas sobre estocagem de alimentos e busca de abrigo em caso de ataque nuclear, em meio a crescentes tensões entre Rússia e OTAN.

Nesta segunda-feira, 18, milhões de suecos começarão a receber em suas casas um novo panfleto intitulado “Em caso de crise ou guerra“, que orienta a população sobre como se preparar e agir diante de um conflito armado ou outra crise inesperada.

A iniciativa surge em um contexto de crescente preocupação com a segurança global, impulsionada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. O material, atualizado após seis anos, dobrou de tamanho em relação à versão anterior.

Nações vizinhas, como Finlândia, Noruega e Dinamarca, também têm reforçado medidas de conscientização. Recentemente, a Finlândia lançou um guia digital sobre “preparação para incidentes e crises“.

Já a Noruega distribuiu 2,2 milhões de cópias de um panfleto semelhante, com orientações para enfrentar uma semana de isolamento devido a fenômenos extremos, guerras ou outras ameaças.

A nova edição de If Crisis or War Comes. Foto: Claudio Bresciani/TT

Preparativos em diversos cenários de guerra

O guia sueco, que remonta à Segunda Guerra Mundial com a publicação de “Se a Guerra Chegar”, traz uma mensagem clara: “Se a Suécia for atacada por outro país, nunca desistiremos. Toda informação que sugira o contrário é falsa.” Essa declaração, anteriormente posicionada no meio do material, agora ocupa lugar de destaque.

Enquanto isso, na Finlândia, o foco tem sido digital. O governo optou por não imprimir cópias físicas, alegando o alto custo e a facilidade de atualização do formato eletrônico. O manual finlandês detalha respostas em caso de conflitos armados, destacando que as autoridades estão “bem preparadas para a autodefesa”.

A Noruega, por sua vez, já havia enviado um material semelhante em 2018, mas decidiu atualizá-lo devido às mudanças climáticas e ao aumento de eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos.

Entre os itens recomendados pelos governos, estão alimentos de longa duração, como enlatados e barras de energia, além de medicamentos, incluindo comprimidos de iodo para incidentes nucleares.

A Dinamarca também participou do movimento, enviando por e-mail orientações sobre mantimentos essenciais para sobrevivência durante três dias de crise.

Mudanças geopolíticas

A adesão da Suécia à OTAN, em conjunto com a Finlândia, marcou uma reviravolta histórica. Enquanto a Noruega é membro fundador da aliança militar ocidental, os dois países nórdicos eram neutros até a intensificação da guerra na Ucrânia, em 2022. Essa nova realidade trouxe à tona a necessidade de reforçar estruturas de defesa.

No entanto, os percursos de Suécia e Finlândia diferem. O governo sueco, que reduziu sua infraestrutura de defesa após a Guerra Fria, tem investido recentemente na reconstrução. Por outro lado, a Finlândia, devido à longa fronteira com a Rússia e à memória de conflitos passados com a União Soviética, sempre manteve um sistema robusto de defesa.

O ministro sueco da Defesa Civil, Carl-Oskar Bohlin, ressaltou no mês passado que o panorama global exigiu a atualização das informações enviadas aos lares suecos. Ele chegou a afirmar que “poderia haver uma guerra na Suécia”, um alerta destinado a acelerar os esforços de preparação.

Ilmari Kaihko, professor associado de estudos de guerra na Universidade de Defesa da Suécia, destaca essa diferença de mentalidade. “Do ponto de vista finlandês, isso é um pouco estranho. A Finlândia nunca esqueceu que a guerra é uma possibilidade, enquanto na Suécia, foi necessário um despertar para compreender essa realidade.”

A preocupação entre as novasgerações

Melissa Eve Ajosmaki, de 24 anos, originária da Finlândia e estudante em Gotemburgo, compartilha sua perspectiva sobre o clima de incerteza. “Quando a guerra na Ucrânia começou, fiquei mais preocupada. Agora, me sinto menos ansiosa, mas ainda penso no que fazer em caso de conflito, especialmente porque minha família está na Finlândia.”

O panorama revela uma crescente conscientização coletiva na Escandinávia sobre a importância da preparação diante de crises, seja em tempos de guerra, mudanças climáticas ou outros desafios contemporâneos. No entanto, a transição para esse estado de prontidão ainda enfrenta desafios e, como destacado por especialistas, reflete as diferenças culturais e históricas entre esses países.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Tags
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x