Imagens recentes do Google Earth expõem movimentações estratégicas da marinha chinesa, revelando ao menos seis submarinos nucleares em base naval até então considerada sigilosa, na província de Shandong.
A ascensão silenciosa da China no cenário militar global acaba de ganhar mais um capítulo revelador. Graças a uma atualização nas imagens de satélite no Google Earth, um analista naval identificou pelo menos seis submarinos nucleares atracados na Primeira Base de Submarinos de Qingdao — uma instalação de alta sensibilidade militar que, até recentemente, operava sob forte sigilo.
Localizada na província de Shandong, a base tem acesso direto a regiões geoestratégicas como o Mar Amarelo, o Mar da China Oriental e o Mar do Japão. A revelação, feita por Alex Luck, especialista em assuntos navais, reacende o debate sobre o avanço da China no desenvolvimento de sua força de dissuasão nuclear marítima, numa era em que nem mesmo bases secretas escapam da vigilância das plataformas de mapeamento digital.
Imagens revelam frota de submarinos nucleares ativos e diversificado
As imagens captadas mostram um conjunto impressionante de submarinos: dois da classe Type 091, dois Type 093A e um exemplar ainda não identificado, além de uma unidade em dique seco, possivelmente em processo de desmontagem.
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Também é visível um Type 092, modelo que já foi desativado e substituído pelos mais avançados Type 094, capazes de lançar mísseis balísticos.
De acordo com Luck, os registros indicam a presença de cinco submarinos de propulsão nuclear armados convencionalmente e, ao menos, um com capacidade balística nuclear (SSBN).
A descoberta reforça a percepção de que o país asiático está intensificando a aposta no poder naval como pilar de sua estratégia de dissuasão.
Expansão marítima como política de Estado
Embora a China mantenha oficialmente uma política de “não primeiro uso” de armamento nuclear, os dados revelam uma crescente diversificação em suas plataformas estratégicas.
Tradicionalmente dependente de silos terrestres e bombardeiros, o governo chinês vem canalizando esforços na expansão da força submarina com capacidade nuclear.
Segundo um relatório da organização Nuclear Threat Initiative, a Marinha do Exército Popular de Libertação (PLAN) opera atualmente com uma frota híbrida, composta por submarinos de propulsão nuclear e diesel-elétricos.
No entanto, o foco visível é o avanço do componente nuclear, cuja modernização é prioridade declarada de Pequim.
Projeções e ambições da China para 2035
Estima-se que a China possua hoje cerca de 600 ogivas nucleares — um número ainda modesto frente às mais de 5.000 dos Estados Unidos, mas suficiente para sustentar uma estratégia de dissuasão eficaz.
Nos últimos 15 anos, o país construiu 12 submarinos nucleares, entre os quais seis da classe Type 094 (JIN), equipados com mísseis balísticos SLBM do tipo JL-2 e, mais recentemente, o avançado JL-3.
Cada submarino da classe JIN pode carregar até 12 mísseis balísticos e já foi exibido em eventos oficiais, como o desfile militar do 70º aniversário da República Popular da China em 2019.
A expectativa é que o novo modelo Type 096 entre em operação nos próximos anos, somando-se à atual frota que deve chegar a 65 unidades até o fim de 2025 e alcançar 80 até 2035.