1. Início
  2. / Legislação e Direito
  3. / Pensão por morte não é só para casados: STJ confirma que companheiro em união estável sem escritura tem direito ao benefício do INSS, desde que prove convivência pública e duradoura
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Pensão por morte não é só para casados: STJ confirma que companheiro em união estável sem escritura tem direito ao benefício do INSS, desde que prove convivência pública e duradoura

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 25/09/2025 às 09:55
Pensão por morte não é só para casados: STJ confirma que companheiro em união estável sem escritura tem direito ao benefício do INSS, desde que prove convivência pública e duradoura
Pensão por morte não é só para casados: STJ confirma que companheiro em união estável sem escritura tem direito ao benefício do INSS, desde que prove convivência pública e duradoura
  • Reação
  • Reação
  • Reação
7 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

O STJ reconheceu que companheiros em união estável, mesmo sem escritura pública, têm direito à pensão por morte do INSS, desde que comprovem convivência pública, contínua e duradoura.

A pensão por morte é um dos pilares da Seguridade Social brasileira, prevista na Constituição Federal e regulamentada pela Lei 8.213/1991. Seu objetivo é assegurar que os dependentes de um trabalhador que contribuiu para o INSS não fiquem desamparados financeiramente após o falecimento do segurado.

Tradicionalmente, a pensão por morte era associada apenas ao casamento formal, mas a realidade social brasileira mostrou outro caminho: milhões de casais vivem em união estável, muitas vezes sem escritura em cartório. Diante disso, uma questão se tornou central nos tribunais: o companheiro em união estável sem registro também tem direito à pensão por morte?

A união estável foi incorporada ao ordenamento jurídico de forma mais robusta com a Constituição de 1988, que a reconheceu como entidade familiar no artigo 226. Mais tarde, o Código Civil de 2002 trouxe a definição no artigo 1.723: “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
YouTube Video

Isso significa que a união estável não exige cerimônia, nem papel assinado, mas precisa ser comprovada por meio de indícios concretos de vida em comum. Esse ponto é justamente o que levou a inúmeros conflitos judiciais envolvendo pensão por morte, especialmente quando o INSS negava o benefício por ausência de escritura.

A decisão do STJ: direito garantido mesmo sem cartório

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em diversos julgados, consolidou o entendimento de que a união estável sem registro em cartório garante direito à pensão por morte. Um dos casos emblemáticos foi o REsp 1.723.052/SP, em que a Corte confirmou o direito de uma companheira ao benefício, mesmo sem escritura formal.

O tribunal deixou claro que o que importa não é a formalidade, mas a realidade da convivência: vida sob o mesmo teto, reconhecimento social da relação e dependência econômica.

Em outras palavras: se a união existiu de fato, há direito à pensão.

Como provar a união estável no INSS e na Justiça

Um dos maiores desafios para quem busca a pensão por morte sem casamento é a prova da união estável. O INSS exige documentos que demonstrem a convivência, e na ausência deles, a Justiça pode avaliar testemunhos e indícios. Entre os principais meios de comprovação estão:

  • Contas conjuntas em banco;
  • Declaração de dependência no Imposto de Renda;
  • Inclusão em plano de saúde ou clube;
  • Filhos em comum;
  • Comprovantes de residência no mesmo endereço;
  • Testemunhas de familiares, vizinhos e amigos.

O STJ já afirmou que um único documento não basta, mas um conjunto de provas pode ser suficiente para comprovar a união estável.

Disputas frequentes: família contra companheiro sobrevivente

Na prática, muitas disputas judiciais surgem quando os filhos ou familiares do falecido tentam excluir o companheiro sobrevivente da pensão. Alegam, por exemplo, que não havia formalização da união ou que a relação era apenas eventual.

YouTube Video

Nesses casos, o Judiciário tem dado ganho de causa ao companheiro, desde que existam provas consistentes da vida em comum. Em inventários milionários, já houve divisão de pensão e de herança com companheiros sobreviventes que não tinham escritura da união, mas conseguiram demonstrar a convivência pública e estável.

Outro ponto relevante é a presunção de dependência econômica, prevista no artigo 16 da Lei 8.213/91. Para cônjuges e companheiros, a lei presume que havia dependência, dispensando prova de sustento financeiro direto. Assim, basta provar a união estável para que o companheiro sobrevivente seja considerado dependente automático e tenha direito à pensão por morte.

Isso evita que familiares tentem alegar ausência de dependência, uma vez que a lei já garante esse status.

Impacto social e previdenciário

O reconhecimento da união estável como geradora de direito à pensão por morte reflete a realidade de milhões de brasileiros. Segundo o IBGE, cerca de 36% das famílias brasileiras vivem em união estável, muitas delas sem qualquer registro formal.

Sem essa proteção judicial, companheiros ficariam sem qualquer renda após a morte do segurado, enquanto filhos ou familiares herdariam o benefício. A jurisprudência do STJ corrige essa injustiça e garante proteção social mais ampla.

Críticas e desafios

Apesar da evolução, ainda há desafios. Muitos criticam o excesso de litígios, já que a falta de formalização em cartório gera disputas demoradas. Outro ponto é o risco de fraudes, quando pessoas tentam se passar por companheiros sem de fato terem vivido em união estável.

O Judiciário tem buscado equilibrar esses riscos, exigindo provas robustas e analisando cada caso de forma individual.

Pensão por morte e união estável: um direito consolidado

A decisão do STJ representa uma vitória para a justiça social e para a proteção das famílias. O recado é claro: não é o cartório que cria a família, mas a vida em comum.

Assim, companheiros que viveram uma união estável, mesmo sem escritura, têm direito à pensão por morte, desde que comprovem a convivência. Isso garante que milhares de brasileiros não fiquem desamparados diante da perda de quem sustentava o lar.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

Compartilhar em aplicativos
Baixar aplicativo para Android
Baixar aplicativo
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x