Da China ao Brasil, a lista revela como fé, colonização e cultura moldaram os sobrenomes mais repetidos em cada continente.
A distribuição dos sobrenomes mais comuns no planeta revela caminhos de migração, domínios coloniais e tradições culturais que atravessam séculos.
A genealogia de cada nome carrega fragmentos de identidade e mostra como religião, profissão e território moldaram famílias em todos os continentes.
Segundo os sites Forebears e HowStuffWorks, as origens dos nomes mais repetidos do mundo ajudam a compreender transformações sociais e linguísticas de diferentes povos.
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África: a influência do islamismo e da colonização
De acordo com o site Forebears, o sobrenome Mohamed é o mais comum na África, pertencendo a cerca de 7,5 milhões de pessoas.
Em seguida aparecem variações como Mohammed (4,9 milhões), Muhammed (1,8 milhão) e Mahamat (829 mil). Somados, quase 15 milhões de africanos compartilham nomes derivados de Muhammad.
Segundo o HowStuffWorks, essa prevalência está diretamente ligada à expansão do islamismo e aos processos de colonização muçulmana no norte e em partes do oeste do continente.
Esses sobrenomes representam não apenas crença religiosa, mas também a herança de séculos de trocas culturais e migrações internas.
Ásia: a força da China e das tradições milenares
A Ásia concentra o maior número de pessoas com um mesmo sobrenome.
Segundo o Forebears, Wang é o sobrenome mais comum do mundo, com mais de 106 milhões de indivíduos. Logo depois vem Li, com cerca de 105 milhões.
Esses números refletem a densidade populacional chinesa e o valor ancestral da genealogia. Ainda segundo o site, Kim, Lee e Park dominam na Coreia; Devi, na Índia; e Nguyen, no Vietnã. Cada um desses nomes possui raízes simbólicas próprias, conectadas à história e às tradições locais.
O HowStuffWorks explica que Wang, que significa “rei” ou “príncipe”, tornou-se amplamente utilizado durante a Dinastia Xin, quando famílias reais adotaram o nome como forma de proteção. A partir daí, o sobrenome atravessou gerações e se consolidou como símbolo de status e continuidade familiar.
Europa: profissões, regiões e linhagens
Na Europa, o sobrenome García lidera o ranking, com 1,7 milhão de portadores, sendo também o mais popular da Espanha. O HowStuffWorks indica que o termo vem do basco para “urso”, um símbolo de força e proteção.
Outros sobrenomes tradicionais refletem profissões. Müller, comum em países de língua alemã, significa “moleiro” e tem equivalentes como Molina (na Espanha) e Melnik (na Ucrânia). Essas variações surgiram em sociedades agrárias, onde a moagem de grãos era essencial.
Ainda segundo o site, nomes como Murphy (Irlanda), Smith (Escócia e Inglaterra) e Jones (País de Gales) também aparecem com destaque. Eles representam ocupações — ferreiro, guerreiro do mar — ou vínculos familiares transmitidos de geração em geração.
América do Norte: herança colonial e diversidade
A composição de sobrenomes na América do Norte é marcada pela colonização e pela imigração. Segundo o Forebears, os nomes mais frequentes têm origem hispânica, refletindo a presença de países como México, América Central e Caribe.
Quando a análise se restringe ao Canadá e aos Estados Unidos, Smith ocupa o topo da lista, seguido por Johnson, Williams, Brown e Jones. Esses nomes, conforme o HowStuffWorks, remontam aos colonizadores europeus — principalmente ingleses, escoceses e galeses — que estabeleceram as primeiras comunidades da região.
Na Inglaterra, Smith também é o sobrenome mais popular, resultado do trabalho dos ferreiros, profissão fundamental durante o crescimento urbano e industrial.
Oceania: colonização e adoção de nomes britânicos
Antes da chegada dos europeus, muitos povos indígenas da Oceania não possuíam sobrenomes formais. Segundo o Forebears, a colonização britânica modificou esse cenário, e muitos passaram a adotar nomes impostos ou derivados dos colonizadores.
O HowStuffWorks explica que sobrenomes anglo-saxões tornaram-se predominantes na Austrália e na Nova Zelândia — países que concentram quase três quartos da população da região. Assim, nomes como Smith, Brown, Johnson e Williams também dominam o registro civil oceânico.
América do Sul: entre Espanha e Portugal
Na América do Sul, a origem dos sobrenomes varia conforme o passado colonial. Segundo o Forebears, embora grande parte da população seja descendente de espanhóis, o Brasil — que abriga metade dos sul-americanos — foi colonizado por Portugal, o que explica a prevalência de nomes lusitanos.
O HowStuffWorks destaca Ferreira (relacionado à ferraria) e Da Silva (associado a áreas florestais) como alguns dos mais frequentes. Outros sobrenomes regionais compartilham significados semelhantes, variando apenas no idioma e na grafia.
Migrações, imposições e adaptações
O uso e a persistência dos sobrenomes estão ligados a fatores culturais, religiosos e históricos. Muitas sociedades criaram nomes a partir de características físicas, locais de origem, ocupações ou laços familiares.
Em certos períodos, porém, os sobrenomes foram impostos. Durante a escravidão nos Estados Unidos, por exemplo, muitos negros adotaram os sobrenomes de seus senhores, como Williams, Davis e Jackson.
O HowStuffWorks observa que a migração alterou ainda mais essa paisagem. Imigrantes de países como Polônia e Rússia modificaram ou encurtaram seus nomes para se adequar à ortografia e à pronúncia de suas novas pátrias.
Um retrato global de identidade
Entre todos, Wang se destaca como o sobrenome mais difundido do planeta, associado a mais de 106 milhões de pessoas. Sua origem na nobreza chinesa e sua manutenção ao longo dos séculos refletem como os nomes podem atravessar impérios, culturas e fronteiras.
De Mohamed a Da Silva, cada sobrenome guarda em si ecos de fé, território e trabalho. As genealogias, embora pessoais, formam uma história coletiva da humanidade — um mosaico de heranças e trajetórias que continuam a evoluir com o tempo.