Presidente Jair Bolsonaro promete recriar o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, extinto por ele no início de seu governo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu recriar, ainda neste ano, o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, extinto e incluído ao superministério da Economia no início de seu mandato. A medida pode ser compreendida como uma tentativa de Bolsonaro de retomar o apoio, em ano eleitoral, de empresários insatisfeitos com a política industrial e com a diminuição das tarifas de importação.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – principal oposição a Bolsonaro na corrida presidencial deste ano e líder nas pesquisas de apoio popular – também já deu a entender que, caso seja eleito, pode fragmentar o Ministério da Economia e repetir o feito de seu primeiro mandato, em 2003, referente à nomeação de um empresário para o comando de um novo ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O empresário em questão, Luiz Fernando Furlan, foi o primeiro ministro da pasta e estabelecia comunicação próxima com Lula, a fim de levar diretamente a ele as demandas e reivindicações do setor industrial.
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Os empresários que solicitaram a Bolsonaro a recriação do ministério argumentam que não há, atualmente, relação próxima e direta com o governo e que a pasta de Guedes é muito extensa, de modo que os assuntos da indústria e comércio exterior acabam deixados em segundo plano.
Flávio Roscoe pondera a respeito da política industrial do governo
Ao Estadão, Flávio Roscoe – presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais – afirmou que o presidente Bolsonaro foi sensível à demanda dos empresários, haja vista que, após a pandemia e a guerra na Ucrânia, há uma grande necessidade de se fortalecer a indústria.
Roscoe declarou, ainda, que, quando se concentram muitas coisas no Ministério da Economia, que já é grande, a indústria acaba se tornando um apêndice. Ele salientou que o descontentamento não é direcionado especificamente a Guedes, analisando que, em seu ministério, há uma visão financista de um conjunto de economistas liberais que nem sempre realizam uma relação de custo/benefício de toda a sociedade.
Para o presidente da FIEMG, o Brasil não pode instituir uma política industrial sem apresentar um ministério da Indústria e do Comércio Exterior. Ele opinou também que as últimas medidas tomadas pelo governo, a exemplo da diminuição das alíquotas de importação, são bastante preocupantes, uma vez que favorecem a competição de produtos vindos de fora.
Com a promessa de Bolsonaro, Centrão visa o comando de mais um ministério
Durante evento da FIEMG em Minas Gerais, que obteve a presença de boa parte da bancada mineira, Jair Bolsonaro garantiu que irá recriar o ministério ainda em 2022. A pressão a favor de tal medida é também relacionada à cobiça das lideranças do Centrão em assegurar o comando de mais ministérios e às eleições deste ano.
Conforme o Estadão, a formalização da aliança de Lula com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que irá concorrer ao governo do estado, deixou o Palácio do Planalto em situação de alerta.
O superministério de Guedes chegou a ter cinco áreas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior, Previdência e Trabalho, entre as quais as duas últimas já foram desmembradas. Devido a tamanha abrangência, o ministro foi alvo, desde o início do governo, de fogo amigo de aliados do presidente interessados em partes de seu ministério.
Por fim, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), é também um dos apoiadores da alteração no ministério. Lira, que também estava presente no evento promovido pela FIEMG, declarou que a promessa do presidente representou um gesto firme, e que só são necessários mais quatro anos.