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Alemanha autoriza polícia a abater drones após suspeitas de guerra híbrida com a Rússia e reforça defesa aérea diante de alertas da Otan.
A Alemanha deu um passo decisivo na segurança aérea ao autorizar, nesta quarta-feira (08)/10/2025, que sua polícia federal abata drones que invadam o espaço aéreo do país.
A medida, proposta pelo gabinete do chanceler Friedrich Merz, surge em meio a uma série de incidentes recentes que paralisaram aeroportos europeus e alimentaram suspeitas de uma guerra híbrida promovida pela Rússia.
O projeto de lei ainda será analisado pelo Bundestag, o parlamento alemão, mas já representa uma resposta firme de Berlim diante das constantes incursões de drones, alguns deles detectados sobre instalações estratégicas da Otan.
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O texto autoriza o uso de lasers e sinais de interferência para neutralizar aeronaves não tripuladas consideradas uma ameaça imediata à segurança pública.
“Incidentes com drones ameaçam nossa segurança. Não permitiremos isso”, declarou Merz em publicação no X (antigo Twitter).
“Estamos fortalecendo os poderes da Polícia Federal para que drones possam ser detectados e combatidos mais rapidamente no futuro.”
Alemanha amplia defesa e cria unidade especial contra drones
Com a nova legislação, a Alemanha se junta a países europeus como Reino Unido, França, Lituânia e Romênia, que já autorizaram suas forças de segurança a abater drones suspeitos.
Para coordenar as ações, o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, anunciou a criação de uma unidade dedicada dentro da polícia federal, responsável por interceptar drones que operem em baixas altitudes.
Enquanto a polícia atuará em áreas urbanas e rurais, as forças armadas alemãs terão a missão de interceptar aeronaves maiores e mais sofisticadas.
Para aprimorar as táticas, Berlim pretende consultar Israel e Ucrânia, países reconhecidos por sua experiência avançada no uso e combate a drones.
Durante exercícios em Hamburgo, um drone militar alemão foi usado para disparar uma rede sobre uma aeronave inimiga, imobilizando suas hélices.
Em seguida, um cão-robô se aproximou do objeto para verificar possíveis explosivos — um exemplo de como o abate de drones será realizado em situações reais.
Cresce a preocupação com guerra híbrida e segurança aérea
O novo projeto de lei foi apresentado dias após um grande incidente no Aeroporto de Munique, o segundo maior da Alemanha.
Na ocasião, dezenas de voos foram cancelados ou desviados após avistamentos de drones não identificados, afetando mais de 10 mil passageiros.
O chanceler Merz afirmou suspeitar que a Rússia esteja por trás dessas ações, embora ainda não haja provas concretas.
Segundo ele, os drones não estavam armados, mas realizavam voos de reconhecimento.
Situações semelhantes ocorreram em outros países da Otan, como Dinamarca, Noruega, Romênia e Estônia.
O caso mais grave aconteceu na Polônia, quando quase duas dezenas de drones violaram o espaço aéreo do país.
O governo polonês acionou o Artigo 4 do tratado da Otan, convocando uma reunião urgente entre os 32 membros da aliança militar.
Autoridades locais confirmaram que os equipamentos eram de origem russa, o que intensificou o alerta em toda a região.
União Europeia estuda “muro de drones” para proteger fronteiras
A crescente tensão levou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a defender a criação de um “muro de drones”, uma rede de sensores e armas de defesa aérea capaz de detectar, rastrear e neutralizar aeronaves intrusas ao longo do flanco leste da Europa.
No entanto, autoridades reconhecem que nem todos os drones podem ter origem estrangeira. Alguns especialistas acreditam que parte dos voos pode ter sido lançada de dentro da própria União Europeia, o que tornaria o combate mais complexo.
De acordo com a Deutsche Flugsicherung (DFS), a Alemanha registrou 172 interrupções no tráfego aéreo relacionadas a drones entre janeiro e setembro de 2025 — um aumento expressivo em relação às 129 ocorrências do mesmo período de 2024.
Abate de drones: desafio técnico e político para a Alemanha
Especialistas alertam que o abate de drones em áreas urbanas pode representar riscos adicionais, principalmente em locais densamente povoados.
Mesmo assim, o governo alemão considera a medida essencial para proteger infraestruturas críticas e manter a segurança dos cidadãos diante da crescente tensão geopolítica entre a Alemanha, a Rússia e os países da Otan.
A aprovação final da lei pelo Bundestag é aguardada nas próximas semanas e promete redefinir a forma como a Europa lida com ameaças aéreas e guerra tecnológica no século XXI.
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