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Silva, Santos e até Jesus: de onde vêm os sobrenomes mais comuns do Brasil revelados pelo IBGE e o que a origem deles diz sobre nossa história

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 04/11/2025 às 17:24
Descubra os sobrenomes mais comuns do Brasil segundo o IBGE e entenda a origem e o significado dos dez principais nomes de família.
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O IBGE divulgou o primeiro levantamento nacional sobre a frequência dos sobrenomes no Brasil, revelando quais famílias são maioria e quais nomes se espalham por todo o território, com origens que vão da religião à natureza.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou nesta terça-feira (4) a primeira lista oficial de sobrenomes mais frequentes no país.

Silva lidera com 34,0 milhões de ocorrências, o equivalente a 17% da população, seguido por Santos (21,4 milhões, 10,5%).

O levantamento permite consultar a posição de cada família no ranking e abre ao público detalhes sobre frequência e distribuição dos nomes.

O que o novo ranking mostra

Segundo o IBGE, a presença de Silva é massiva e espalhada por todas as regiões.

O sobrenome deriva do latim e remete a “selva” ou “floresta”.

A interpretação associada pelo instituto é que famílias adotaram o termo por vínculo com áreas de vegetação densa, além de sua ampla circulação na tradição portuguesa.

Logo atrás, Santos aparece como forma abreviada de Todos os Santos.

O uso, de acordo com o instituto, ganhou força ao identificar pessoas nascidas em 1º de novembro, Dia de Todos os Santos, e foi amplamente adotado por convertidos ao cristianismo em diferentes períodos históricos.

A seguir, o ranking dos mais frequentes se concentra em linhagens de forte matriz portuguesa e ibérica.

Oliveira aparece em terceiro, com 11,7 milhões de registros.

Depois surgem Souza (9,2 milhões) e Pereira (6,9 milhões), fechando as cinco primeiras posições.

As demais colocações incluem Ferreira (6,2 milhões), Lima (6,1 milhões), Alves (5,8 milhões), Rodrigues (5,4 milhões) e Costa (4,9 milhões), que compõem o grupo dos dez mais recorrentes entre os brasileiros.

Origens dos 10 mais frequentes

A trajetória dos sobrenomes no Brasil reflete migrações portuguesas, processos de conversão religiosa, referências a localidades e ofícios, além de modos de registro civil difundidos ao longo dos séculos.

Abaixo, um panorama conciso das origens mais aceitas dos dez primeiros colocados.

  • Silva

De raiz latina, significa bosque, mata ou floresta. Tornou-se ubíquo na Península Ibérica e, por extensão, no Brasil, em razão da herança colonial e da prática de adoção de sobrenomes genéricos.

  • Santos

Forma reduzida de “Todos os Santos”. Tradicionalmente, atribuído a quem nascia no Dia de Todos os Santos, também difundido em contextos de batismo e conversão cristã. A simplicidade gráfica e a carga religiosa ajudaram a consolidar sua popularidade.

  • Oliveira

Remete à oliveira, árvore símbolo mediterrânea. Na onomástica ibérica, designa famílias ligadas a áreas com olivais ou que adotaram o nome por associação simbólica à árvore e ao azeite.

  • Souza/Sousa

Variante gráfica de origem toponímica ligada ao rio Sousa, no norte de Portugal. A forma Sousa é a mais tradicional em Portugal; Souza ganhou espaço no Brasil por simplificação ortográfica e uso corrente.

  • Pereira

Sobrenome toponímico e também fitonímico associado à pereira (a árvore) ou a propriedades com esse nome. A expansão ocorreu com a colonização e os registros paroquiais adotados no período colonial.

  • Ferreira

Derivado de ferreiro ou de locais chamados “Ferreira”, indica vínculo a ofício metalúrgico ou a territórios com esse topônimo na Península Ibérica. A associação a um trabalho comum no passado explica a difusão.

  • Lima

Tem dupla origem: pode ser toponímico, ligado ao rio Lima (norte de Portugal/Galícia), ou derivado do objeto lima (ferramenta), quando associado a ofícios. No Brasil, ambas as raízes convivem, contribuindo para a frequência elevada.

  • Alves

Patronímico formado a partir do nome próprio Álvaro. Na tradição ibérica, sufixos como “-es” e “-ves” marcam descendência (“filho de”), o que favoreceu a multiplicação de linhagens com essa terminação.

  • Rodrigues

Outro patronímico clássico, significa “filho de Rodrigo”. A popularidade de Rodrigo na Península, sobretudo na Idade Média, impulsionou variantes como Rodríguez (em espanhol) e Rodrigues (em português) no espaço luso-brasileiro.

  • Costa

Referência geográfica a faixa litorânea ou borda de terreno. A forte presença marítima na ocupação portuguesa e a geografia costeira do Brasil facilitaram a adoção e manutenção do sobrenome.

Frequência e distribuição dos nomes

Os números expressos pelo IBGE indicam a contagem de pessoas com cada sobrenome no país.

A tabela abaixo mostra os dez sobrenomes mais comuns entre os brasileiros:

Posição Sobrenome Número de brasileiros
Silva34.030.104
Santos21.367.475
Oliveira11.708.947
Souza9.197.158
Pereira6.888.212
Ferreira6.226.228
Lima6.094.630
Alves5.756.825
Rodrigues5.428.540
10ºCosta4.861.083

No topo, Silva reúne 34.030.104 registros.

Em seguida, Santos contabiliza 21.367.475, e Oliveira chega a 11.708.947.

Souza soma 9.197.158, enquanto Pereira alcança 6.888.212.

Entre a sexta e a décima posições, os totais são de 6.226.228 (Ferreira), 6.094.630 (Lima), 5.756.825 (Alves), 5.428.540 (Rodrigues) e 4.861.083 (Costa).

A lista prossegue com Sousa (4.797.390) e Gomes (4.046.634).

Na sequência, aparecem Nascimento (3.609.232), Araújo (3.460.940), Ribeiro (3.127.425) e Almeida (3.069.183).

O sobrenome Jesus conta 2.859.490 registros e convive com outras linhagens tradicionais, como Barbosa (2.738.119), Soares (2.615.284), Carvalho (2.599.978) e Martins (2.576.764).

Completam o bloco dos 30 mais frequentes Lopes, Vieira, Rocha, Dias, Gonçalves, Fernandes, Santana, Andrade e Batista.

A variação de grafias, como Sousa e Souza, reflete tanto normas linguísticas de épocas distintas quanto preferências familiares e simplificações ortográficas consolidadas no Brasil.

Por que esses sobrenomes são tão comuns

A combinação entre colonização portuguesa, padronização de registros civis e práticas religiosas explica boa parte do predomínio.

Sobrenomes toponímicos e fitonímicos — caso de Oliveira, Pereira, Costa e Rocha — se disseminaram por identificarem localidades, acidentes geográficos ou elementos naturais.

Já os patronímicos — como Rodrigues, Alves, Gonçalves, Fernandes e Lopes — se firmaram ao indicar filiação, seguindo um modelo repetido por gerações.

No Brasil, a história de conversões religiosas, especialmente em períodos de forte influência católica, ajuda a entender a força de Santos e Jesus.

Ao mesmo tempo, a adoção de sobrenomes genéricos ou amplamente usados na metrópole, como Silva, ganhou terreno com a expansão demográfica e a necessidade de identificar famílias em registros paroquiais e, mais tarde, civis.

Como consultar o próprio sobrenome

O IBGE disponibiliza uma ferramenta pública para buscar a frequência e a distribuição de nomes e sobrenomes.

Por lá, é possível verificar a posição no ranking, a incidência por unidade da federação e outras informações de interesse.

A consulta é gratuita e aberta, o que permite comparar linhagens e observar tendências regionais de forma rápida.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas e também editor do portal CPG. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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