Multinacional Shell cancela projetos de usinas solares em Brasilândia de Minas, em Minas Gerais. Projetos somariam 150 MW de potência instalada.
A gigante do setor energético Shell Brasil solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a revogação da autorização para implantação das Centrais Solares Aquarii 1 a 3, que seriam construídas no município de Brasilândia de Minas, em Minas Gerais.
Com potência total de 150 megawatts (MW), os empreendimentos foram cancelados devido à inviabilidade técnica e econômica para escoamento da energia produzida. A decisão reforça o reposicionamento estratégico da companhia, que vem descontinuando seus projetos solares e eólicos no Brasil.
Impasse logístico inviabilizou usinas solares em Minas Gerais
De acordo com informações divulgadas pela Shell, a principal dificuldade encontrada foi a ausência de uma solução viável para conexão das usinas à rede elétrica.
A alternativa considerada mais econômica pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) envolvia a conexão à subestação de rede básica 138 kV Paracatu 04.
No entanto, essa opção exigiria a construção de uma linha de transmissão de 115 quilômetros — um custo que a Shell considerou proibitivo para a continuidade do projeto.
A empresa destacou que, diante dessas limitações, optou por não prosseguir com os empreendimentos de energia solar em Minas Gerais, solicitando formalmente a revogação das outorgas à Aneel.
Estratégia da Shell prioriza comercialização de energia
Além dos desafios técnicos enfrentados nos projetos de energia solar em Minas Gerais, a Shell Brasil vem revendo sua estratégia no setor de energia renovável em todo o país.
Segundo a própria companhia, há atualmente mais vantagens em negociar energia de outros geradores do que manter projetos próprios de geração.
A Shell Energy Brasil, sua unidade comercializadora, tem concentrado esforços nesse modelo de negócios. Isso permite maior flexibilidade e eficiência na operação, evitando os altos custos de implantação de novas estruturas.
Revogações se estendem a projetos em outros estados
A desistência das Centrais Solares Aquarii 1 a 3 não foi um caso isolado. A Shell também pediu a revogação de outorgas dos projetos Gatria Solar 1 a 13 e Gatria Solar 15, que seriam instalados em Goiás e somariam 700 MW de potência instalada.
Outro empreendimento cancelado foi o das usinas Canis 1 a 7, previstas para o município de São João do Rio do Peixe, na Paraíba, com capacidade total de 315 MW.
Em paralelo, a empresa solicitou em 2024 a transferência de titularidade das outorgas das usinas solares Draco 1 a 11 para a Atlas, movimento que ainda está em análise pela Aneel.
Isenções fiscais e ausência de contratos minimizaram impacto
Como as centrais solares em Minas Gerais nunca chegaram a operar comercialmente, a Shell não foi penalizada com encargos regulatórios.
A empresa ficou isenta do pagamento da Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica (TFSEE) e da obrigatoriedade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), considerando que a fonte era solar e os empreendimentos ainda estavam em fase de planejamento.
Com informações do MegaWhat