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Setor de energia solar: China afirma que precisa reduzir excesso de capacidade

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 20/08/2025 às 08:17
Painéis solares refletindo a luz do sol em uma usina de energia limpa com montanhas ao fundo.
Vista panorâmica de painéis solares captando energia renovável com cenário montanhoso ao fundo.
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China aponta necessidade de reduzir excesso de capacidade para fortalecer o setor de energia solar e garantir crescimento sustentável.

O setor de energia solar na China tem se destacado nas últimas décadas como um dos maiores e mais influentes do mundo.
Além disso, o país se tornou líder global na produção de painéis solares, polissilício e outros componentes essenciais para a geração de energia limpa.
Entretanto, o rápido crescimento da indústria trouxe desafios significativos, incluindo excesso de capacidade, concorrência desordenada e pressão sobre os preços.

Historicamente, a China começou a investir de forma mais intensa em energia solar no início dos anos 2000.
Com programas governamentais de incentivo, subsídios e metas ambiciosas de expansão da matriz energética limpa, o país rapidamente se transformou em um polo de inovação e produção em larga escala.
Dessa forma, a combinação de políticas públicas e investimentos privados permitiu que o setor de energia solar alcançasse um nível de produção que hoje representa aproximadamente metade do mercado global.
Esse crescimento acelerado, entretanto, trouxe consequências inesperadas, como excesso de capacidade e queda dos preços.

Além disso, o avanço tecnológico e a redução do custo de fabricação de painéis solares estimularam a expansão da energia solar em residências, empresas e grandes projetos de infraestrutura.

Assim, a popularização dessa fonte de energia limpa transformou o setor em um componente estratégico da economia chinesa, com impacto direto na criação de empregos e na exportação de tecnologias.

Apesar disso, o rápido ritmo de crescimento evidenciou a necessidade de políticas regulatórias mais precisas para evitar desequilíbrios de mercado.

Necessidade de ajustes e regulamentações

Nos últimos anos, tornou-se evidente que o setor precisava de ajustes. Portanto, o Ministério da Indústria da China intensificou reuniões e discussões com os principais representantes da indústria, destacando a importância de reduzir a produção excessiva e estabilizar o mercado.

O governo chinês reconhece que o setor de energia solar precisa equilibrar crescimento sustentável e competitividade saudável.

Quando não gerido, o excesso de capacidade pode levar à falência de empresas, desemprego e distorções no mercado internacional.

A situação atual do setor reflete um desafio histórico enfrentado por indústrias em rápido crescimento: a capacidade de produção muitas vezes supera a demanda real do mercado.

Em 2024, as maiores empresas de energia solar reduziram quase um terço de sua força de trabalho devido a perdas significativas na cadeia de fabricação, estimadas em aproximadamente US$ 40 bilhões no ano anterior.

Consequentemente, a indústria precisa de regulação estratégica e políticas que incentivem a sustentabilidade e o equilíbrio entre oferta e demanda.

Ao mesmo tempo, políticas de incentivo aplicadas de forma acelerada podem gerar distorções no mercado.

Portanto, a China precisa aprender com experiências passadas, tanto nacionais quanto internacionais, para criar medidas que incentivem a produção eficiente e a inovação tecnológica sem gerar excesso de capacidade que comprometa a estabilidade do setor.

Polissilício e desafios estratégicos

O polissilício, componente essencial na produção de painéis solares, é um ponto crítico para o futuro do setor.

Grandes produtores lançaram planos ambiciosos para comprar e desativar cerca de um terço da capacidade de produção existente.

No entanto, produtores menores e governos locais ainda resistem em aderir totalmente ao plano. Dessa forma, o ajuste no setor de energia solar envolve questões econômicas, políticas e estratégicas, com múltiplos stakeholders e interesses divergentes.

Além disso, o contexto global influencia o mercado interno. A China produz aproximadamente o dobro de painéis solares do que o mundo consome anualmente.

Por outro lado, essa produção excessiva gera pressão sobre os preços e exige que parte da capacidade de fabricação seja eliminada para recuperar a lucratividade.

Analistas apontam que entre 20% e 30% da capacidade total precisa ser reduzida, um movimento que pode redefinir o cenário industrial do país nas próximas décadas.

Outro desafio é integrar a energia solar à rede elétrica nacional. O crescimento acelerado do setor exige que a infraestrutura de transmissão e armazenamento de energia acompanhe o ritmo de instalação de novos painéis.

Sem esse avanço, a energia gerada corre o risco de ser subutilizada, causando perdas e dificultando o retorno sobre o investimento. Portanto, modernizar a rede elétrica se torna fundamental para a sustentabilidade do setor.

Impactos da demanda e das reformas de preços

Reformas de preços recentes criaram flutuações na demanda doméstica. Muitos produtores construíram novas usinas solares no primeiro semestre do ano, antes da entrada em vigor das novas políticas.

Assim, esse comportamento levou a uma queda drástica na demanda durante o segundo semestre, apesar das expectativas de que, no acumulado de 2025, o país ainda poderá registrar um recorde histórico de instalações.

Esses movimentos reforçam a necessidade de planejamento estratégico e políticas de longo prazo para o setor de energia solar.

A volatilidade de preços também afeta o mercado internacional. Como a China domina a produção global, qualquer ajuste interno impacta diretamente os custos de importação e exportação de painéis solares.

Dessa forma, países que dependem de tecnologia chinesa precisam acompanhar de perto as mudanças na oferta e os esforços do governo para reduzir o excesso de capacidade, garantindo estabilidade à cadeia global de energia solar.

Além disso, a demanda doméstica crescente por energia limpa, impulsionada por metas de redução de emissões e aumento da eficiência energética, cria oportunidades para inovação em armazenamento, eficiência de painéis e integração com outras fontes de energia renovável, como eólica e hidrelétrica.

Nesse sentido, essas soluções podem aumentar a resiliência do setor e abrir novos mercados para empresas chinesas.

Energia limpa e desenvolvimento sustentável

O desenvolvimento sustentável do setor de energia solar também se alinha com metas globais de redução de emissões e combate às mudanças climáticas.

A energia solar representa uma alternativa limpa e renovável aos combustíveis fósseis, contribuindo para diversificação da matriz energética e fortalecimento da segurança energética.

Nesse sentido, a China, ao ajustar sua capacidade de produção, regula o mercado interno e influencia positivamente o mercado internacional de energias renováveis.

Experiências históricas mostram que setores que ajustaram capacidade excessiva se beneficiaram de regulação inteligente e planejamento estratégico, garantindo longevidade e competitividade global.

Portanto, para a China, o desafio é equilibrar crescimento e sustentabilidade, garantindo que o setor de energia solar continue a gerar empregos, inovação tecnológica e liderança global.

Além disso, o investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento se torna vital. Melhorias em eficiência de conversão solar, redução de custos de fabricação e soluções de armazenamento energético permitem que o setor se torne mais competitivo e resiliente.

Assim, regulamentações ambientais mais rigorosas ajudam a minimizar impactos negativos e garantem que a expansão seja sustentável a longo prazo.

Cenário futuro e perspectivas

O setor de energia solar na China enfrenta um momento decisivo. Reduzir o excesso de capacidade, implementar regulamentações eficazes e promover concorrência saudável são ações essenciais para manter estabilidade econômica e relevância global.

Com políticas adequadas e cooperação entre empresas, governo e instituições, o setor pode superar os desafios atuais e consolidar seu papel como líder mundial em energia limpa, mantendo um caminho de crescimento sustentável e atemporal.

Finalmente, o futuro do setor também depende da integração com políticas de urbanização e desenvolvimento regional.

Cidades e regiões que adotam soluções solares em projetos energéticos e de infraestrutura contribuem para uma matriz energética mais equilibrada e desenvolvimento econômico local.

Assim, o setor de energia solar não só atende à demanda por energia limpa, mas também fortalece o desenvolvimento socioeconômico.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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