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Setor de energia limpa precisa de políticas públicas contra o desperdício

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 09/10/2025 às 12:05
Parque de energia renovável com painéis solares e turbinas eólicas sob céu parcialmente nublado.
Vista aérea de um parque de energia renovável, unindo painéis solares e turbinas eólicas sob um céu parcialmente nublado.
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Estimule o futuro sustentável com políticas públicas contra o desperdício e garanta um sistema energético mais eficiente e acessível.

O Brasil possui uma das maiores reservas naturais do mundo para a geração de energia limpa. Desde o início, o país se destacou por ter sol, ventos e rios em abundância. Dessa forma, conquistou uma base sólida para liderar a transição energética global.

No entanto, apesar desse potencial, uma parte significativa dessa energia renovável ainda não chega ao consumidor. Em vez de aproveitá-la plenamente, ela se perde em falhas de infraestrutura, burocracia e falta de incentivos.

Por isso, tornam-se urgentes políticas públicas contra o desperdício, capazes de transformar essa realidade.

Energia limpa e o desafio histórico da eficiência

Desde a década de 1970, quando o Brasil enfrentou as primeiras crises energéticas e buscou alternativas ao petróleo, o país aprendeu a valorizar fontes renováveis.

Naquele período, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) surgiu como resposta estratégica à dependência do petróleo estrangeiro. Posteriormente, o fortalecimento da matriz hidrelétrica consolidou o país como um dos líderes mundiais em energia renovável.

Com o passar do tempo, a energia solar e eólica ganharam protagonismo, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste.

Contudo, mesmo com esses avanços, a eficiência do sistema elétrico brasileiro não acompanhou o ritmo das inovações tecnológicas.

Em várias ocasiões, a energia gerada precisa ser reduzida ou até descartada. Esse fenômeno, conhecido como curtailment, representa um desperdício de energia limpa que poderia abastecer milhões de lares brasileiros.

Além disso, o curtailment mostra que o progresso tecnológico não é suficiente sem políticas públicas eficazes.

Somente por meio de planejamento e incentivos o Brasil poderá superar os gargalos de infraestrutura que ainda impedem o uso integral da energia gerada.

O impacto econômico do desperdício de energia renovável

O desperdício de energia vai muito além da questão ambiental. Ele também afeta diretamente a economia nacional.

Sempre que o país desperdiça energia limpa, perde-se não apenas eletricidade, mas também competitividade industrial e oportunidades de crescimento.

Consequentemente, a indústria paga mais caro pela energia, o que eleva custos de produção e reduz a capacidade de investimento.

Enquanto isso, o consumidor final sente o impacto nas contas de luz, pagando caro por um serviço que poderia ser mais eficiente.

Nos países desenvolvidos, essa realidade é diferente. A Alemanha implementou políticas públicas específicas para reduzir perdas e incentivar o armazenamento de energia.

Já os Estados Unidos apostaram em baterias e redes inteligentes (smart grids), capazes de equilibrar a produção e o consumo com mais precisão.

Portanto, o Brasil também pode seguir esse caminho, adaptando soluções que já provaram ser eficazes em outras nações.

Baterias e incentivos: caminhos para reduzir perdas

No cenário brasileiro, a regulamentação sobre sistemas de armazenamento ainda avança lentamente.

Por causa disso, quem instala baterias paga duas vezes: uma tarifa para armazenar e outra para devolver energia à rede.

Assim, o país desestimula investimentos e aumenta o desperdício de energia que poderia ser aproveitada em momentos de maior demanda.

Em contraste, diversos países já oferecem isenções fiscais e apoio financeiro a quem investe em armazenamento.

Com isso, as baterias permitem que a energia solar gerada durante o dia seja usada à noite, tornando o sistema mais eficiente e equilibrado.

Portanto, políticas públicas contra o desperdício devem priorizar a inovação tecnológica, reduzir as barreiras tarifárias e modernizar a infraestrutura elétrica.

Além disso, é essencial criar marcos regulatórios claros, linhas de crédito acessíveis e parcerias entre o setor público e privado para impulsionar o desenvolvimento energético nacional.

Nordeste: o epicentro da transição energética brasileira

O Nordeste brasileiro é o maior exemplo de potencial subutilizado.

Embora concentre a maior parte da capacidade solar e eólica do país, a região ainda sofre com gargalos de transmissão.

Frequentemente, a energia produzida em parques eólicos e solares precisa ser interrompida, pois não existem linhas suficientes para transportar o excedente até os grandes centros consumidores.

Para reverter esse quadro, o governo poderia isentar a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) para consumidores estratégicos, como indústrias e data centers.

Dessa maneira, seria possível estimular investimentos, reduzir o desperdício e fortalecer o desenvolvimento regional.

Ao mesmo tempo, a instalação de data centers próximos às usinas renováveis criaria uma sinergia econômica positiva.

Como essas estruturas consomem grandes quantidades de energia, elas poderiam absorver o excedente que hoje é descartado.

Assim, transformaríamos o desperdício em oportunidade tecnológica e econômica, impulsionando o crescimento sustentável do Nordeste.

O papel das políticas públicas na construção do futuro energético

A transição energética brasileira exige coragem política e visão de futuro.

Embora o país disponha de recursos naturais e conhecimento técnico, ainda faltam incentivos para alinhar eficiência e sustentabilidade.

Portanto, as políticas públicas contra o desperdício precisam atuar de forma integrada e estratégica.

Essas políticas devem contemplar investimentos em armazenamento, revisão tarifária, redes inteligentes e educação energética.

Ao mesmo tempo, devem fortalecer a cooperação regional e atrair investimentos privados, garantindo que a energia limpa produza benefícios reais para toda a sociedade.

Além disso, é indispensável educar consumidores e empresas sobre o valor da eficiência.

Afinal, a energia desperdiçada hoje é a escassez de amanhã.

Somente com conscientização, planejamento e incentivos poderemos alcançar uma matriz energética moderna, resiliente e sustentável.

Energia limpa, economia verde e soberania nacional – políticas públicas contra o desperdício

O uso inteligente da energia renovável fortalece a soberania nacional e protege o país da dependência de combustíveis fósseis.

Ao aproveitar seus próprios recursos, o Brasil reduz vulnerabilidades e se prepara para competir em um mercado global cada vez mais exigente.

Mais do que um desafio técnico, a luta contra o desperdício energético é uma questão de soberania e justiça social.

Quando o país desperdiça energia limpa, ele desperdiça também oportunidades de emprego, renda e inovação.

Portanto, se o Brasil deseja ocupar um papel de destaque na transição energética mundial, precisa agir com urgência e estratégia.

As políticas públicas contra o desperdício representam o primeiro passo para transformar o potencial energético nacional em um pilar de desenvolvimento sustentável.

O futuro da energia brasileira depende da capacidade de transformar desperdício em eficiência e desafios em conquistas.

O caminho já está traçado, e o momento de agir é agora.

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Emerson Kapaz e Roberto Delmanto Júnior analisam desperdício de energia limpa no Brasil | Jornalismo TV Cultura

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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