Relatório global de 2025 revela que ecossistemas vitais estão sob pressão extrema, enquanto apenas ozônio e aerossóis seguem dentro da zona segura
Um levantamento internacional divulgado em setembro de 2025 pelo Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) confirmou que a Terra já ultrapassou sete de seus nove limites planetários. Esses limites funcionam como indicadores científicos que medem até que ponto o planeta ainda pode sustentar a vida em equilíbrio.
A principal novidade do relatório foi a confirmação de que a acidificação dos oceanos passou da zona de alerta para a zona de risco. Assim, tornou-se mais um processo a operar fora da segurança ambiental. Segundo os pesquisadores, essa condição representa ameaça direta para recifes de corais, moluscos e espécies marinhas essenciais para a cadeia alimentar global.
Enquanto isso, apenas a camada de ozônio, recuperada após esforços multilaterais desde a década de 1990, e os aerossóis atmosféricos continuam dentro de limites considerados estáveis. Dessa forma, o relatório mostra que os avanços obtidos em alguns setores contrastam com retrocessos graves em outros.
-
China testa carro elétrico que ejeta baterias como mísseis em segundos para evitar explosões
-
Startup dos EUA projeta avião gigante com 6.800 m³ de volume interno, capaz de levar caças F-35 inteiros, helicópteros e veículos militares
-
Setor de Mineração fortalece segurança com Acordo de Cooperação Técnica entre ANM e ANPD para proteção de dados, privacidade, regulação, interoperabilidade e anonimização
-
‘Arca de Noé’ pousa na terra com 75 camundongos e 1,5 mil moscas após 30 dias em órbita e reacende debate sobre radiação e vida no espaço
Sete limites já foram rompidos
De acordo com o estudo, publicado com apoio de conselhos internacionais e atualizado anualmente desde 2009, os sete processos que operam fora da segurança são:
- Mudanças no uso da terra: entre 2000 e 2018, quase 90% do desmatamento foi causado pela expansão agrícola. Assim, a cobertura florestal global caiu para 59%, abaixo dos 75% considerados seguros pelo Copernicus.
- Mudanças climáticas: em 2024, o CO₂ atingiu 422 ppm, quando o limite seguro era 350 ppm. Além disso, o forçamento radiativo chegou a 2,79 W/m², acima do valor seguro de +1,0 W/m².
- Biodiversidade: pelo menos 73 grupos de vertebrados desapareceram nos últimos 500 anos. Portanto, as perdas aceleradas em áreas agrícolas intensivas reforçam o alerta feito pelos relatórios do PIK.
- Ciclos de nitrogênio e fósforo: em 2024, a descarga de fósforo chegou a 22,6 Tg por ano, acima do limite de 11 Tg. Além disso, a fixação industrial de nitrogênio alcançou 190 Tg, superando o limite de 62 Tg anuais.
- Uso de água doce: 18% da superfície terrestre já apresenta mudanças críticas nos fluxos de rios, lagos e aquíferos. Enquanto isso, 16% enfrenta níveis de umidade inadequados, colocando ecossistemas inteiros sob risco.
- Poluição química: entre 2000 e 2017, a produção de substâncias sintéticas cresceu continuamente. Além disso, um estudo brasileiro recente encontrou microplásticos até no cérebro humano, acendendo sinal de alerta para impactos na saúde.
- Acidificação dos oceanos: em 2025, o nível de aragonita caiu para próximo de 2,75, abaixo do ideal de 2,80. Assim, houve a confirmação oficial da ultrapassagem da barreira de segurança.
Impactos globais confirmados
O relatório destaca que o rompimento desses limites já apresenta consequências em diferentes partes do mundo. O aumento da temperatura média global em 2024 fez com que agosto fosse registrado como o mês mais quente da história.
Segundo Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú, “os dados mostram que o planeta está sob enorme pressão. Se não tomarmos medidas imediatas, estaremos acelerando ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade”.
Além disso, o PIK aponta que os oceanos estão cada vez mais ácidos e menos oxigenados. Dessa forma, cadeias alimentares inteiras correm risco. O coautor Levke Caesar afirmou que “as ondas de calor marinhas estão aumentando e isso pressiona um sistema vital para estabilizar o planeta”.
Contexto histórico e científico
O conceito dos limites planetários foi proposto em 2009 pelo cientista Johan Rockström, também do PIK. Desde então, pesquisadores refinam dados e atualizações para alertar governos e sociedade sobre a emergência climática.
Um relatório da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), publicado em 2020, já indicava que o mundo perdeu 14% de seus recifes de corais entre 2009 e 2019. Além disso, foram analisados mais de 73 países. Esse dado agora ganha relevância diante da confirmação de que os oceanos ultrapassaram definitivamente a fronteira de segurança.
O que está em jogo para o futuro?
Especialistas avaliam que o avanço sobre sete limites planetários coloca em risco não apenas os ecossistemas, mas também a segurança alimentar, a disponibilidade de água doce e a estabilidade climática global.
A permanência desse cenário pode agravar catástrofes ambientais, ampliar secas prolongadas, gerar inundações mais severas e acelerar a perda de espécies fundamentais para o equilíbrio da biosfera.
Portanto, diante desse quadro, cientistas reforçam a necessidade de ações coordenadas entre países. É preciso reduzir emissões de gases do efeito estufa, limitar o desmatamento e controlar a poluição química.
O que você acredita que deve ser prioridade para o mundo: acelerar medidas rígidas contra a crise climática ou apostar em soluções graduais para conciliar economia e preservação ambiental?