Um depoimento que aborda os impactos das decisões políticas na Petrobras e as consequências econômicas para a cidade de Macaé.
Sérgio Sacani relatou, no podcast RedCast do dia 03/04/2025, como decisões políticas durante a gestão do PT (Partido dos Trabalhadores) na Petrobras impactaram a indústria do petróleo e a economia da cidade de Macaé. No episódio, que contou com a participação de Arthur do Val, Eng. Léo, Júnior Masters (host) e o próprio Sacani, foram discutidos episódios de corrupção e o processo de aparelhamento da estatal.
Em um tom direto, irônico e recheado de fatos, Sacani relembrou como o governo do PT — especialmente durante o auge do escândalo do Petrolão — arrasou a cadeia produtiva do petróleo no país, afetando milhares de empregos e transformando a até então próspera cidade de Macaé em uma espécie de cidade fantasma. Assista no vídeo abaixo:
A seguir, você vai entender como a corrupção sistêmica destruiu o mercado, expulsou empresas estrangeiras, quebrou fornecedores e manchou profundamente a reputação da maior estatal brasileira: a Petrobras.
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A ascensão de Macaé: de vila pesqueira à Princesinha do Atlântico
Nos anos 2000, Macaé se transformou na capital nacional da indústria offshore. Com a descoberta de campos gigantes como Roncador e Marlim, a cidade virou palco de investimentos bilionários. Portanto, passou a atrair multinacionais, fornecedores e profissionais técnicos e operacionais de todas as partes do Brasil.
“Eu estava em Macaé quando ela virou a Princesinha do Atlântico”, disse Sacani, lembrando com saudade de uma cidade que chegou a receber mais de 5 mil pessoas por dia na rodoviária, todas em busca de oportunidades geradas pelo petróleo.
Mas essa prosperidade, como tudo no Brasil, não durou muito.
O Petrolão e o cerco à Petrobras: corrupção institucionalizada
Segundo Sacani, tudo começou a desmoronar quando o governo federal, através de indicações políticas estratégicas, sitiou áreas cruciais da Petrobras, como a Diretoria Internacional, a Diretoria de Exploração e Produção e a Diretoria de Contratos.
Pessoas “acima de qualquer suspeita” ocuparam cargos estratégicos. Um dos nomes citados foi Nestor Cerveró, tido até então como funcionário exemplar.
Esse perfil sério deu cobertura ao esquema, pois ninguém ousava questioná-los. Com isso, o que deveria ser uma gestão técnica virou, na prática, um balcão de negócios bilionários e propinas.
O colapso do ecossistema empresarial: o fim do Vale dos Tubos
Sacani descreveu com riqueza de detalhes o que aconteceu com fornecedores, especialmente no famoso Parque de Tubos de Macaé. Por ali operavam empresas que fabricavam válvulas industriais, tubulações de alta pressão e componentes sob medida para plataformas.
Empresários estrangeiros simplesmente abandonaram suas operações, muitas vezes deixando materiais e estruturas para trás. “Tá tudo ali até hoje”, afirmou Sacani, enfatizando que ninguém fez absolutamente nada para evitar esse colapso.
Empresas suecas, japonesas e americanas deixaram o Brasil porque se recusaram a pagar propina — algo que não conseguiam justificar em suas matrizes. “Como vou justificar uma propina na Suécia? Eu preciso de nota fiscal”, relatou um representante ouvido por Sacani.
A corrupção tornou o ambiente impraticável para qualquer empresa séria.
Técnicos da Petrobras: os verdadeiros inocentes da história
Apesar das duras críticas à cúpula da Petrobras da época, Sacani fez questão de defender os engenheiros, geólogos, químicos, geofísicos e demais profissionais técnicos.
Segundo ele, essa galera não tinha qualquer envolvimento com corrupção. Pelo contrário, muitos deles sentiam vergonha do que estava acontecendo ao redor. “Eles vestem a camisa da empresa. Sabem da importância do que fazem para o país”, completou.
PDVs, desemprego e fuga de cérebros
Com a crise instalada, a Petrobras passou a oferecer Planos de Demissão Voluntária (PDV). Milhares de funcionários saíram com indenizações e usaram esse dinheiro para abrir negócios como postos de gasolina, lojas de conveniência e hotéis.
O êxodo de profissionais capacitados foi inevitável. Como consequência, a estatal perdeu parte de sua força técnica nesse processo.
A sangria foi tão grande que a própria Petrobras precisou reestruturar suas operações. Por isso, deslocou equipes de Macaé para o Rio de Janeiro, alterando toda a sua dinâmica interna e logística.
Uma empresa estratégica que virou motivo de piada
Sacani compartilhou uma frase que ouviu de um professor no passado:
“O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada. O segundo melhor é uma empresa de petróleo mal administrada. O terceiro é a Petrobras.”
A piada amarga reflete uma realidade dolorosa. Enquanto outras petroleiras do mundo geravam lucros recordes, a Petrobras era a única dando prejuízo, atolada em dívidas, escândalos e decisões questionáveis.
A burocracia e o desincentivo à ciência e à inovação
No final do vídeo, surge uma reflexão ainda mais profunda: como fazer ciência no Brasil se o empreendedorismo é sabotado pela burocracia e pela corrupção?
A falta de um ambiente propício à inovação desanima cientistas, investidores e qualquer um que pense em empreender. Afinal, qual o incentivo em investir em P&D se não há como transformar conhecimento em negócio sem cair nas garras de um sistema corrupto?
O Brasil, mais uma vez, mata sua própria chance de se tornar protagonista global em inovação.
O Brasil desperdiçou uma década de ouro
O depoimento de Sérgio Sacani não é apenas uma crítica ao PT ou aos escândalos de corrupção. Mais do que isso, é um grito de alerta sobre o desperdício de uma janela histórica de crescimento.
O Brasil, dono de uma das maiores reservas de petróleo do mundo, poderia estar hoje entre os grandes players globais. Mas, como vimos, a ganância política, o aparelhamento da Petrobras e a destruição da confiança afastaram empresas, talentos e bilhões de dólares em investimentos.
A reconstrução vem acontecendo aos poucos, mas o trauma ainda está fresco — principalmente para quem viveu aquilo de dentro, como Sacani.
E você? Acha que a Petrobras deve continuar estatal ou acredita que a privatização é a única saída para blindar a empresa contra interesses políticos?