O divulgador científico explicou que o pré-sal deve entrar em declínio em 2027 e que a exploração da Margem Equatorial é vital para evitar crise energética e alta nos combustíveis
A Petrobras recebeu na última segunda-feira (20) a licença de operação do Ibama p ara perfurar um poço exploratório em águas profundas na região da Foz do Amazonas, uma das novas fronteiras de petróleo e gás do país.
A autorização encerra um processo que se arrastava há mais de uma década e marca o início de uma etapa vista como estratégica para a segurança energética nacional.
Segundo o Ibama, a licença foi concedida após a Petrobras realizar uma série de aperfeiçoamentos no projeto.
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A estatal afirmou que comprovou a “robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente” que será usada na perfuração.
Além disso, destacou que novas fronteiras exploratórias são essenciais para “assegurar a segurança energética do país e os recursos necessários para uma transição energética justa”.
Ambientalistas e entidades contrárias à exploração reagiram de forma crítica, classificando a decisão como um retrocesso ambiental às vésperas da COP30.
A região da exploração
O bloco FZA-M-059, localizado a cerca de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas e 175 quilômetros da costa, será o primeiro alvo da Petrobras na área.
Trata-se de uma região de mar aberto, de difícil acesso, onde a perfuração deve começar imediatamente e durar cerca de cinco meses.
Nesta fase, a operação tem caráter exclusivamente exploratório — ou seja, não há extração comercial de petróleo.
O objetivo é coletar informações geológicas e avaliar se há potencial econômico para produção futura.
Caso sejam confirmadas reservas viáveis, a Petrobras precisará cumprir três etapas antes de iniciar a produção: comprovar volume suficiente para justificar o investimento, declarar a comercialidade da área e obter nova licença ambiental específica para exploração produtiva.
Potencial econômico e reservas estimadas
As estimativas da Margem Equatorial despertam grande expectativa. Estudos do Ministério de Minas e Energia (MME) indicam que seria possível extrair até 10 bilhões de barris de petróleo, um volume que poderia transformar a área em um novo “pré-sal”.
Se confirmado, o potencial produtivo da Foz do Amazonas chegaria a 1,1 milhão de barris por dia, superando campos já consolidados como Tupi (1 milhão de barris/dia) e Búzios (800 mil).
Atualmente, o Brasil possui reservas comprovadas de 16,8 bilhões de barris, suficientes para garantir autossuficiência até 2030.
Exigências ambientais e aperfeiçoamentos
A autorização do Ibama ocorreu após a negativa inicial em maio de 2023, quando o órgão ambiental apontou falhas no plano de emergência da Petrobras.
A partir daí, iniciou-se uma série de negociações que, segundo o instituto, resultaram em “significativo aprimoramento do projeto”.
Entre as novas exigências, o Ibama determinou a construção e operação de um Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Oiapoque (AP), além do já existente em Belém (PA). A estatal também terá de manter três embarcações offshore dedicadas ao resgate de fauna oleada e quatro embarcações de apoio nearshore para resposta a emergências.
Essas medidas, de acordo com o órgão, foram fundamentais para garantir a viabilidade ambiental da operação, diante das “características excepcionais da bacia da Foz do Amazonas”.
Um impasse de mais de dez anos
A licença encerra um processo iniciado em 2013, quando o bloco foi concedido à Petrobras. O licenciamento ambiental começou em abril de 2014 e se arrastou por mais de uma década, com idas e vindas entre a empresa e o Ibama.
Em agosto deste ano, a Petrobras realizou um simulado de emergência supervisionado pelo órgão ambiental, etapa final para demonstrar capacidade de resposta a acidentes e garantir segurança operacional.
O debate sobre riscos e oportunidades
A decisão reacendeu discussões sobre os impactos econômicos, ambientais e políticos da exploração na Margem Equatorial. O divulgador científico Sérgio Sacani comentou o tema no podcast RedCast, destacando que o poço não se localiza exatamente na foz do rio, mas a cerca de 500 quilômetros de distância, em uma área chamada Margem Equatorial.
Sacani ressaltou que a região é uma província petrolífera de grande potencial — a mesma que impulsionou o crescimento econômico de países vizinhos como Guiana e Suriname, cujos PIBs quadruplicaram nos últimos anos graças à exploração de petróleo. Segundo ele, “estima-se o dobro das reservas do pré-sal” na Margem Equatorial.
Custo de espera e pressa na decisão
Durante o impasse com o Ibama, a Petrobras enfrentou altos custos de espera. O navio de perfuração contratado para a operação, uma embarcação especializada e rara, custava cerca de US$ 4 milhões por dia enquanto permanecia parado.
Sacani explicou que há poucos navios desse tipo no mundo e que a agenda de operação dessas embarcações é apertada — novos contratos só estariam disponíveis em cerca de quatro anos. “Por isso tinha que ser agora”, afirmou, referindo-se à urgência de iniciar o furo exploratório.
Reação política e econômica
O Podcast também destacou que a decisão pode transformar a economia do Amapá, terceiro estado mais pobre do país.
A exploração na Margem Equatorial poderia fazer o Amapá se tornar o estado mais rico do Brasil, criando empregos formais e reduzindo a dependência de atividades ilegais, como o garimpo e a grilagem.
Ele argumentou que a presença de infraestrutura da Petrobras poderia aumentar o custo de oportunidade da devastação ambiental, já que a economia local passaria a depender de empregos técnicos e do mercado formal.
O dilema ambiental e a segurança energética
Sacani reconheceu os riscos ambientais, mas ponderou que a Petrobras “não tem histórico recente de acidentes em águas profundas” e possui planos de resposta e resgate avançados.
Ele citou que, em outras operações na Amazônia, a empresa adotou medidas rigorosas de conservação, como o manejo e proteção de espécies antes da abertura de clareiras.
Para o divulgador, o debate não deve ser visto apenas como uma disputa entre “meio ambiente versus desenvolvimento”. Ele afirmou que o Brasil ainda depende fortemente do petróleo: cerca de 80% do combustível consumido vem do pré-sal, cuja produção deve começar a declinar a partir de 2027.
O risco de dependência e o futuro do combustível
Sacani defendeu que novas descobertas são essenciais para evitar um “vazio energético” quando a produção do pré-sal cair.
Sem novas fontes, o país poderia enfrentar escassez e aumento drástico de preços: “O combustível na bomba poderia chegar a R$ 20”, disse.
Para ele, o início da exploração na Margem Equatorial ocorre no momento certo para que, até o declínio do pré-sal, o país já tenha novas reservas em operação, mantendo a estabilidade do mercado interno.
Transição energética ainda distante
Segundo Sacani, o Brasil — e o mundo — ainda estão longe de uma transição energética total. “A frota não está eletrificada, e tudo o que usamos ainda depende do petróleo”, afirmou, argumentando que a substituição por fontes limpas levará décadas.
Ele citou que muitas localidades da Amazônia ainda dependem de termelétricas movidas a diesel, o que torna a energia local extremamente cara e poluente. Para ele, a exploração regional pode reduzir custos e aumentar a autonomia energética.
Questões políticas e críticas à gestão
Apesar de defender a decisão, Sacani expressou preocupação com os desdobramentos políticos. Ele afirmou acreditar que “muitos cargos e interesses” estão envolvidos na aprovação da licença e alertou para o risco de má gestão dos recursos.
O divulgador citou exemplos internacionais, como a chamada “maldição do petróleo”, em que países produtores enriquecem em receita, mas não convertem o lucro em desenvolvimento social. “É preciso atenção para que o dinheiro não fique concentrado e o benefício chegue à população”, alertou.
Próximos passos
Com a licença em vigor, a Petrobras iniciará imediatamente a perfuração do poço exploratório. Nos próximos meses, a empresa deverá coletar dados geológicos que definirão o potencial comercial da área.
Se os resultados forem positivos, será necessário novo licenciamento para a produção em larga escala. O ciclo completo — da pesquisa à extração — deve levar alguns anos, coincidindo com o período em que o pré-sal deve entrar em declínio produtivo.
A decisão do Ibama encerra um dos processos mais longos e polêmicos da história recente da Petrobras. Para seus defensores, o projeto representa uma oportunidade de garantir soberania e crescimento econômico para o Norte do país. Para os críticos, é um risco ambiental em uma das regiões mais sensíveis do planeta.
Entre expectativas e apreensões, a perfuração na Foz do Amazonas inaugura uma nova fase na exploração de petróleo no Brasil — uma etapa que promete redefinir o mapa energético nacional e reacender o debate sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.
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