1. Início
  2. / Economia
  3. / Sérgio Sacani fala sobre aprovação do Ibama à Petrobras e alerta: Sem novas descobertas, gasolina pode chegar a R$ 20 — a Margem Equatorial pode salvar o Brasil do apagão energético
Tempo de leitura 7 min de leitura Comentários 1 comentários

Sérgio Sacani fala sobre aprovação do Ibama à Petrobras e alerta: Sem novas descobertas, gasolina pode chegar a R$ 20 — a Margem Equatorial pode salvar o Brasil do apagão energético

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 23/10/2025 às 08:42
Sérgio Sacani alerta que o Brasil pode enfrentar apagão energético e gasolina a R$ 20 sem novas descobertas na Margem Equatorial.
Sérgio Sacani alerta que o Brasil pode enfrentar apagão energético e gasolina a R$ 20 sem novas descobertas na Margem Equatorial.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

O divulgador científico explicou que o pré-sal deve entrar em declínio em 2027 e que a exploração da Margem Equatorial é vital para evitar crise energética e alta nos combustíveis

A Petrobras recebeu na última segunda-feira (20) a licença de operação do Ibama p ara perfurar um poço exploratório em águas profundas na região da Foz do Amazonas, uma das novas fronteiras de petróleo e gás do país.

A autorização encerra um processo que se arrastava há mais de uma década e marca o início de uma etapa vista como estratégica para a segurança energética nacional.

Segundo o Ibama, a licença foi concedida após a Petrobras realizar uma série de aperfeiçoamentos no projeto.

A estatal afirmou que comprovou a “robustez de toda a estrutura de proteção ao meio ambiente” que será usada na perfuração.

Além disso, destacou que novas fronteiras exploratórias são essenciais para “assegurar a segurança energética do país e os recursos necessários para uma transição energética justa”.

Ambientalistas e entidades contrárias à exploração reagiram de forma crítica, classificando a decisão como um retrocesso ambiental às vésperas da COP30.

A região da exploração

O bloco FZA-M-059, localizado a cerca de 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas e 175 quilômetros da costa, será o primeiro alvo da Petrobras na área.

Trata-se de uma região de mar aberto, de difícil acesso, onde a perfuração deve começar imediatamente e durar cerca de cinco meses.

Nesta fase, a operação tem caráter exclusivamente exploratório — ou seja, não há extração comercial de petróleo.

O objetivo é coletar informações geológicas e avaliar se há potencial econômico para produção futura.

Caso sejam confirmadas reservas viáveis, a Petrobras precisará cumprir três etapas antes de iniciar a produção: comprovar volume suficiente para justificar o investimento, declarar a comercialidade da área e obter nova licença ambiental específica para exploração produtiva.

Potencial econômico e reservas estimadas

As estimativas da Margem Equatorial despertam grande expectativa. Estudos do Ministério de Minas e Energia (MME) indicam que seria possível extrair até 10 bilhões de barris de petróleo, um volume que poderia transformar a área em um novo “pré-sal”.

Se confirmado, o potencial produtivo da Foz do Amazonas chegaria a 1,1 milhão de barris por dia, superando campos já consolidados como Tupi (1 milhão de barris/dia) e Búzios (800 mil).

Atualmente, o Brasil possui reservas comprovadas de 16,8 bilhões de barris, suficientes para garantir autossuficiência até 2030.

Exigências ambientais e aperfeiçoamentos

A autorização do Ibama ocorreu após a negativa inicial em maio de 2023, quando o órgão ambiental apontou falhas no plano de emergência da Petrobras.

A partir daí, iniciou-se uma série de negociações que, segundo o instituto, resultaram em “significativo aprimoramento do projeto”.

Entre as novas exigências, o Ibama determinou a construção e operação de um Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) em Oiapoque (AP), além do já existente em Belém (PA). A estatal também terá de manter três embarcações offshore dedicadas ao resgate de fauna oleada e quatro embarcações de apoio nearshore para resposta a emergências.

Essas medidas, de acordo com o órgão, foram fundamentais para garantir a viabilidade ambiental da operação, diante das “características excepcionais da bacia da Foz do Amazonas”.

Um impasse de mais de dez anos

A licença encerra um processo iniciado em 2013, quando o bloco foi concedido à Petrobras. O licenciamento ambiental começou em abril de 2014 e se arrastou por mais de uma década, com idas e vindas entre a empresa e o Ibama.

Em agosto deste ano, a Petrobras realizou um simulado de emergência supervisionado pelo órgão ambiental, etapa final para demonstrar capacidade de resposta a acidentes e garantir segurança operacional.

O debate sobre riscos e oportunidades

A decisão reacendeu discussões sobre os impactos econômicos, ambientais e políticos da exploração na Margem Equatorial. O divulgador científico Sérgio Sacani comentou o tema no podcast RedCast, destacando que o poço não se localiza exatamente na foz do rio, mas a cerca de 500 quilômetros de distância, em uma área chamada Margem Equatorial.

Sacani ressaltou que a região é uma província petrolífera de grande potencial — a mesma que impulsionou o crescimento econômico de países vizinhos como Guiana e Suriname, cujos PIBs quadruplicaram nos últimos anos graças à exploração de petróleo. Segundo ele, “estima-se o dobro das reservas do pré-sal” na Margem Equatorial.

Custo de espera e pressa na decisão

Durante o impasse com o Ibama, a Petrobras enfrentou altos custos de espera. O navio de perfuração contratado para a operação, uma embarcação especializada e rara, custava cerca de US$ 4 milhões por dia enquanto permanecia parado.

Sacani explicou que há poucos navios desse tipo no mundo e que a agenda de operação dessas embarcações é apertada — novos contratos só estariam disponíveis em cerca de quatro anos. “Por isso tinha que ser agora”, afirmou, referindo-se à urgência de iniciar o furo exploratório.

Reação política e econômica

O Podcast também destacou que a decisão pode transformar a economia do Amapá, terceiro estado mais pobre do país.

A exploração na Margem Equatorial poderia fazer o Amapá se tornar o estado mais rico do Brasil, criando empregos formais e reduzindo a dependência de atividades ilegais, como o garimpo e a grilagem.

Ele argumentou que a presença de infraestrutura da Petrobras poderia aumentar o custo de oportunidade da devastação ambiental, já que a economia local passaria a depender de empregos técnicos e do mercado formal.

O dilema ambiental e a segurança energética

Sacani reconheceu os riscos ambientais, mas ponderou que a Petrobras “não tem histórico recente de acidentes em águas profundas” e possui planos de resposta e resgate avançados.

Ele citou que, em outras operações na Amazônia, a empresa adotou medidas rigorosas de conservação, como o manejo e proteção de espécies antes da abertura de clareiras.

Para o divulgador, o debate não deve ser visto apenas como uma disputa entre “meio ambiente versus desenvolvimento”. Ele afirmou que o Brasil ainda depende fortemente do petróleo: cerca de 80% do combustível consumido vem do pré-sal, cuja produção deve começar a declinar a partir de 2027.

O risco de dependência e o futuro do combustível

Sacani defendeu que novas descobertas são essenciais para evitar um “vazio energético” quando a produção do pré-sal cair.

Sem novas fontes, o país poderia enfrentar escassez e aumento drástico de preços: “O combustível na bomba poderia chegar a R$ 20”, disse.

Para ele, o início da exploração na Margem Equatorial ocorre no momento certo para que, até o declínio do pré-sal, o país já tenha novas reservas em operação, mantendo a estabilidade do mercado interno.

Transição energética ainda distante

Segundo Sacani, o Brasil — e o mundo — ainda estão longe de uma transição energética total. “A frota não está eletrificada, e tudo o que usamos ainda depende do petróleo”, afirmou, argumentando que a substituição por fontes limpas levará décadas.

Ele citou que muitas localidades da Amazônia ainda dependem de termelétricas movidas a diesel, o que torna a energia local extremamente cara e poluente. Para ele, a exploração regional pode reduzir custos e aumentar a autonomia energética.

Questões políticas e críticas à gestão

Apesar de defender a decisão, Sacani expressou preocupação com os desdobramentos políticos. Ele afirmou acreditar que “muitos cargos e interesses” estão envolvidos na aprovação da licença e alertou para o risco de má gestão dos recursos.

O divulgador citou exemplos internacionais, como a chamada “maldição do petróleo”, em que países produtores enriquecem em receita, mas não convertem o lucro em desenvolvimento social. “É preciso atenção para que o dinheiro não fique concentrado e o benefício chegue à população”, alertou.

Próximos passos

Com a licença em vigor, a Petrobras iniciará imediatamente a perfuração do poço exploratório. Nos próximos meses, a empresa deverá coletar dados geológicos que definirão o potencial comercial da área.

Se os resultados forem positivos, será necessário novo licenciamento para a produção em larga escala. O ciclo completo — da pesquisa à extração — deve levar alguns anos, coincidindo com o período em que o pré-sal deve entrar em declínio produtivo.

A decisão do Ibama encerra um dos processos mais longos e polêmicos da história recente da Petrobras. Para seus defensores, o projeto representa uma oportunidade de garantir soberania e crescimento econômico para o Norte do país. Para os críticos, é um risco ambiental em uma das regiões mais sensíveis do planeta.

Entre expectativas e apreensões, a perfuração na Foz do Amazonas inaugura uma nova fase na exploração de petróleo no Brasil — uma etapa que promete redefinir o mapa energético nacional e reacender o debate sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
website erstellen hamburg
website erstellen hamburg
23/10/2025 09:15

Great article! I really appreciate the clear insights you shared – it shows true expertise. As someone working in this field, I see the importance of strong web presence every day. That’s exactly what I do at https://webdesignfreelancerhamburg.de/ where I help businesses in Hamburg with modern, conversion-focused web design. Thanks for the valuable content!

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x