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Sem aço na guerra, a saída foi construir navios de concreto — e eles foram úteis até certo ponto

Publicado em 16/05/2025 às 09:33
Navios de concreto, navios, Guerra
Imagem: IA
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Navios de concreto foram uma solução real para a indústria naval. De uma invenção francesa a uma alternativa em tempos de guerra, essas embarcações desafiaram o senso comum e navegaram por mares e conflitos

Quando se pensa na construção de navios, o concreto dificilmente vem à mente. A madeira dominou a navegação durante séculos. Depois veio o aço, com sua resistência e durabilidade. Mas, por mais estranho que pareça, a humanidade também construiu navios de concreto.

E eles não foram poucos. Durante 150 anos, esse tipo de embarcação foi uma alternativa real, especialmente em tempos de guerra.

Uma ideia francesa no século XIX

A história começou em meados do século XIX. Um francês chamado Joseph-Louis Lambot teve uma ideia ousada: construir um barco usando concreto.

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Na época, ele ainda não conhecia o concreto armado como conhecemos hoje, uma mistura de concreto com aço, que proporciona grande resistência. Mesmo assim, Lambot seguiu com seu projeto.

Com uma estrutura de arame coberta por cimento, ele queria substituir totalmente a madeira. Sua invenção chamou atenção, mas não se tornou popular imediatamente. Algumas embarcações foram criadas para os canais da Europa, mas nada além disso.

Primeiro navio de concreto no mar aberto

Tudo mudou em 1896. O engenheiro italiano Carlo Gabellini construiu o Liguria, considerado o primeiro barco de concreto armado a navegar em mar aberto. Era uma evolução significativa.

O concreto tinha vantagens claras: resistia bem à corrosão, oferecia bom isolamento térmico e quase eliminava riscos de incêndio. Isso facilitava o transporte de cargas perecíveis e exigia menos manutenção. A partir daí, a ideia começou a ganhar força, especialmente em navios de carga.

A escassez de aço impulsiona a mudança

Em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, a demanda por aço explodiu. Armas, munições e veículos militares exigiam grandes quantidades do metal. Faltava aço para os navios. A alternativa? O concreto.

Foi nesse cenário que os navios de concreto ganharam força. A Noruega foi um dos primeiros países a entrar nessa onda. Em 1917, lançou o Namsenfjord, um navio de 26 metros, com 400 toneladas. Era a prova de que o concreto podia funcionar em ambientes militares.

O fracasso americano

Os Estados Unidos ficaram impressionados com o potencial. Criaram o programa Emergency Fleet Corporation, com a meta de construir 24 navios de concreto. Mas o projeto fracassou. A maioria das embarcações ficou pronta após o fim da guerra.

Um exemplo foi o SS Faith, lançado em 1919, com mais de 97 metros de comprimento. Ele acabou sendo usado em serviços de transporte doméstico e vendido para Cuba. Já o SS Selma, lançado no mesmo dia do Tratado de Versalhes, foi usado como petroleiro no Golfo do México.

Desvantagens que comprometeram a ideia

Apesar das vantagens, os navios de concreto tinham problemas sérios. O casco precisava ser mais espesso para igualar a resistência do aço. Isso significava navios mais pesados, lentos e com menos espaço interno.

Os motores precisavam ser mais potentes e os tanques de combustível maiores, o que encarecia a construção. Outro problema era a fragilidade a impactos. Enquanto o metal é mais elástico, o concreto tende a rachar. Uma colisão podia ser fatal.

Segunda Guerra e nova tentativa

Após a Primeira Guerra, a construção de navios de concreto perdeu força. Limitou-se a barcaças de carga. Mas com a Segunda Guerra Mundial, a escassez de aço voltou. Novamente, os navios de concreto se tornaram uma solução viável.

No entanto, o novo programa dos EUA foi mais modesto. As embarcações eram usadas principalmente para apoio logístico e transporte de materiais. Tiveram papel importante nas operações que antecederam os desembarques na Normandia.

Fim da era dos navios de concreto

Após a Segunda Guerra, os navios de concreto desapareceram. Houve tentativas pontuais, mas nenhuma com sucesso duradouro. Alguns foram reaproveitados como quebra-mares, defesas portuárias ou simplesmente abandonados.

O SS Quartz, por exemplo, foi usado em testes de bombas atômicas na Operação Crossroads, no Atol de Bikini.

Uma utilidade inesperada

Apesar do fim da era dos navios de concreto, o material ainda encontra uso. Na Holanda, por exemplo, algumas casas flutuantes usam fundações de concreto.

Para proteger as estruturas em caso de inundação, usam defensas de madeira ou metal. Assim, mesmo sem navegar, o concreto continua presente no ambiente aquático.

Uma solução lógica no contexto da guerra

Construir navios de concreto pode parecer absurdo. Mas, em tempos de escassez de aço, a lógica era outra. O concreto oferecia uma alternativa funcional.

Não foi a solução perfeita. Tinha limitações claras. Mas, por um período significativo da história, esses navios ajudaram a manter o mundo em movimento – e em guerra.

Com informações de MSN.

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Romário Pereira de Carvalho

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