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Satélites da Starlink geram interferência em faixas protegidas e forçam cientistas a alertar sobre risco às pesquisas astronômicas

Publicado em 08/08/2025 às 18:33
Satélites da Starlink emitem 112 mil sinais não intencionais, muitos em frequências reservadas à ciência
Satélites da Starlink emitem 112 mil sinais não intencionais, muitos em frequências reservadas à ciência
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Estudo internacional aponta que emissões não intencionais dos satélites interferem na radioastronomia e podem comprometer descobertas sobre o Universo

Pesquisadores da Curtin University, na Austrália, afirmam que os satélites da Starlink estão emitindo sinais de rádio não intencionais que interferem nas observações de radioastronomia. A descoberta foi publicada na revista Astronomy and Astrophysics e representa o maior estudo já feito sobre emissões de baixa frequência vindas de satélites.

O levantamento foi conduzido pelo Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR) e analisou dados de mais de 1,8 mil satélites da Starlink parte de uma frota que já ultrapassa 7 mil unidades em órbita baixa. Segundo os cientistas, até 30% das imagens astronômicas analisadas apresentaram sinais de interferência, dificultando a captação de ondas de rádio extremamente fracas vindas do espaço profundo.

O que o estudo descobriu

Os pesquisadores detectaram 112 mil emissões de rádio vindas dos satélites da SpaceX, muitas delas em frequências que deveriam ser protegidas para uso exclusivo da radioastronomia. Um exemplo é a faixa de 150,8 MHz, na qual 703 satélites foram identificados transmitindo sinais, apesar de não haver autorização para uso nessas bandas.

A interferência não é proposital, mas causada por vazamentos de componentes eletrônicos a bordo. Isso impede que os astrônomos prevejam ou filtrem com facilidade os ruídos no momento das observações. O líder do estudo, Dylan Grigg, ressalta que a Starlink foi a principal fonte de interferência durante o período analisado, com 477 lançamentos apenas nos quatro meses de coleta de dados.

Por que isso preocupa a ciência

A radioastronomia depende de ambientes extremamente silenciosos para captar sinais cósmicos sutis. Esses dados são essenciais para responder questões fundamentais sobre a formação das primeiras estrelas, a natureza da matéria escura e a validade de teorias como a de Einstein.

O professor Steven Tingay lembra que o futuro radiotelescópio Square Kilometer Array (SKA), com estruturas na Austrália e na África do Sul, será o maior do mundo e poderá transformar a compreensão do Universo. No entanto, para isso, será preciso reduzir ao máximo qualquer interferência artificial.

E a SpaceX?

Os pesquisadores afirmam que a SpaceX não está violando as regulamentações atuais e que mantém diálogo aberto para encontrar soluções. Entre as propostas discutidas estão ajustes técnicos nos satélites e atualizações nas políticas internacionais para proteger bandas de frequência usadas pela ciência.

Os autores defendem que é possível conciliar os benefícios da conectividade global proporcionada por constelações como a Starlink com a preservação das pesquisas científicas mas para isso, será necessário um equilíbrio entre inovação e proteção das janelas de observação do cosmos.

E você, acha que empresas de satélites como a Starlink deveriam ter regras mais rígidas para evitar interferências científicas? Ou a prioridade deve ser expandir o acesso global à internet? Deixe sua opinião nos comentários.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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