Projeto ferroviário entre Salvador e Feira de Santana promete revolucionar o transporte, reduzir o tempo de viagem e impactar a economia baiana com integração total entre modais. Estimativa é de 85 mil passageiros por dia e impacto de R$ 73 bilhões.
A construção da ferrovia que vai conectar Salvador a Feira de Santana avança como uma das iniciativas mais ambiciosas para transformar o transporte público na Bahia.
Com a promessa de reduzir o tempo de deslocamento entre as duas cidades para apenas 35 minutos, o projeto aposta em uma nova lógica de mobilidade, beneficiando até 85 mil passageiros por dia e ampliando a integração entre diferentes modais.
O investimento estimado é de R$ 6,8 bilhões, enquanto o impacto econômico pode chegar a R$ 73 bilhões na capital baiana e regiões vizinhas, de acordo com estudos divulgados em junho de 2025.
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O Ministério dos Transportes detalhou nesta semana que os estudos de viabilidade do novo modal ferroviário estão nos ajustes finais e devem ser concluídos em breve.
De acordo com o portal A Tarde, em informação publicada nesta segunda (14), a etapa seguinte, prevista para ocorrer ainda no segundo semestre de 2025, será a análise técnica da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), seguida de audiência pública para apresentar e debater os resultados com a sociedade.
Ferrovia Salvador-Feira de Santana: avanços e etapas
A ferrovia Salvador-Feira de Santana faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prioriza obras estruturantes em mobilidade urbana em todo o Brasil.
O projeto, elaborado pela empresa TIC Bahia Ltda., foi oficialmente apresentado em junho ao ministro dos Transportes, Renan Filho, pelo deputado federal Zé Neto (PT-BA) e por representantes da companhia, entre eles o empresário Osvaldo Ottan e o engenheiro Danilo Silva.
Segundo o cronograma oficial, o pedido de outorga da TIC Bahia foi publicado no Diário Oficial da União em 29 de maio.
Duas semanas depois, o projeto foi discutido com o ministro, e, em 27 de junho, empresários detalharam o traçado e os benefícios do empreendimento a membros do governo estadual durante reunião do Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI).
Redução do tempo de viagem e impacto regional
Com 98 quilômetros de extensão, a ferrovia será equipada para operar trens de passageiros em velocidade máxima de 160 km/h.
O tempo de viagem entre as duas cidades cairá de 1h11 para apenas 35 minutos, fator que deve modificar a dinâmica do transporte regional.
O projeto também prevê circulação de trens de carga em até 120 km/h, facilitando o escoamento de produtos para o Porto de Salvador e o complexo industrial da Baía de Todos-os-Santos.
A linha terá 10 paradas, sendo oito estações de passageiros e dois pátios exclusivos para carga.
O percurso começa em Águas Claras, bairro da capital baiana, ponto estratégico de integração com o Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas (SMSL), com o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em implantação e com a nova rodoviária, prevista para inauguração até outubro deste ano.
Entre as estações previstas estão Simões Filho, Candeias, São Sebastião do Passé, Santo Amaro, Conceição do Jacuípe, além de Noide Cerqueira, em Feira de Santana, e a Estação Rodoferroviária Contorno.
A estimativa é de que o novo corredor ferroviário atenda diretamente uma população de cerca de 6 milhões de habitantes, conectando municípios estratégicos e dinamizando o acesso a serviços, emprego e educação.
Modernização, tecnologia e integração total
O projeto prevê a adoção de bitola larga (1.600 mm), padrão internacional para trens de alta velocidade, com eletrificação em 25kV e sistema de controle ETCS Nível 2 — considerado um dos mais modernos do mundo para garantir eficiência operacional e segurança.
A compatibilidade com os principais corredores ferroviários nacionais também integra o planejamento, abrindo espaço para futura ampliação de rotas e serviços.
Em termos de infraestrutura, a ferrovia Salvador-Feira de Santana se integra a outros projetos de mobilidade apoiados pelo governo federal na Bahia, como a expansão do metrô até o Campo Grande e a implantação do VLT de Salvador, reforçando a política de diversificação dos transportes e a redução da dependência do modal rodoviário.
Impacto econômico e faturamento previsto
De acordo com dados apresentados pela TIC Bahia, a ferrovia Salvador-Feira de Santana pode gerar até R$ 73 bilhões em impacto econômico para a capital e áreas próximas, com potencial de movimentação anual de 23 milhões de passageiros, além de dinamizar polos industriais e logísticos no entorno.
Na região metropolitana de Feira de Santana, o impacto estimado é de R$ 17,2 bilhões, considerando o fortalecimento de mais de 300 indústrias locais.
O faturamento anual projetado para o trem intercidades é de R$ 1,115 bilhão, sendo R$ 1,035 bilhão referentes à movimentação de passageiros (com bilhete médio de R$ 45) e outros R$ 80 milhões oriundos do transporte de cargas, consolidando o papel do modal ferroviário como vetor de desenvolvimento.
Planejamento nacional e futuro das ferrovias
A construção da nova ferrovia integra um conjunto de projetos nacionais voltados à ampliação da mobilidade por trens de passageiros, contemplando também estudos para ligações entre Brasília e Luziânia (GO), Londrina e Maringá (PR), Pelotas e Rio Grande (RS), Fortaleza e Sobral (CE), São Luís e Itapecuru Mirim (MA).
De acordo com o ministro Renan Filho, a definição dos trechos prioritários dependerá da conclusão dos estudos de viabilidade, em análise até o final de 2025.
Os investimentos fazem parte do novo ciclo do PAC, que já destina recursos para diversas obras de infraestrutura na Bahia.
O objetivo é garantir mais opções de transporte à população e promover ganhos de competitividade econômica, ao mesmo tempo em que se busca integração total entre ônibus, metrô, trem e VLT, em uma malha articulada e moderna.
O futuro do transporte ferroviário na Bahia
Com a promessa de viagens rápidas, integração completa e impacto econômico expressivo, a ferrovia Salvador-Feira de Santana se consolida como um dos maiores projetos de mobilidade já planejados no estado.