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Rússia está tendo dificuldades para repassar petróleo até mesmo para União Europeia, dependente da commodity russa

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 11/05/2022 às 18:43
Rússia, petróleo, União Europeia
Foto de MustangJoe / Fonte: Pixabay

A União Europeia (UE) está providenciando medidas para interromper o fluxo de petróleo proveniente da Rússia

A Rússia, que há muito tempo importa petróleo para os países da União Europeia, atualmente está tendo dificuldades para repassar esse petróleo, visto que a União Europeia está visando a proibição da importação do produto para os seus membros.
Antes, a União Europeia se mostrava incerta sobre a proibição da importação da commodity vinda da Rússia, porém, agora, seus representantes estão tomando providências para interromper a movimentação de petróleo da Rússia e também de produtos refinados para a maioria dos Estados membros da União Europeia, à medida que a guerra na Ucrânia se estende.

Países como os EUA e o Canadá já proibiram importações russas

Os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá e o Reino Unido já proibiram as importações de Petróleo vindo da Rússia. O Japão afirmou que também desejava proibir a importação após uma reunião com o G7 no fim de semana.
Em conjunto com o embargo da União Europeia, os países que decidiram por proibir o petróleo da Rússia colocariam cerca da metade da economia mundial por fora dos limites do produto vindo de lá.

Segundo a CNN, as receitas fiscais do Kremlin aumentaram por conta do crescimento geral dos valores usados como referência e desencadeados pela guerra na Ucrânia. Porém, se a Rússia perder a importação de petróleo para os países da União Europeia, cerca de metade das exportações de petróleo do gigante país europeu, seria um grande golpe para o Kremlin, fazendo com que a receita do governo diminuísse ao passo que outras sanções cobrariam um preço cada vez mais elevado.
A Agência Internacional de Energia e outros analistas, dizem que o país terá dificuldades para achar novos clientes que sejam suficientes para completar a lacuna que a União Europeia vai deixar ao proibir as importações, eles preveem, também, que a produção do país vai diminuir drasticamente como resultado dessas proibições.

A relevância da Europa para a Rússia

Em janeiro, o setor de petróleo representou 45% do orçamento do governo russo e a Europa tem sido um dos seus principais clientes. No ano de 2021, a UE recebeu cerca de um terço de importações de petróleo russo, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia), e, antes da invasão na Ucrânia, a Europa importava cerca de 3,4 milhões de barris de petróleo por dia.
Porém, desde o final de fevereiro esses números caíram um pouco, já que os vendedores de petróleo da Europa evitam, em grande parte, o petróleo vindo da Rússia que é enviado para a Europa pelo mar, enfrentando os grandes custos de envio e o problema de garantir o financiamento e o seguro necessários.
A UE importou aproximadamente 3 milhões de barris de petróleo por dia da Rússia em abril desse ano, de acordo com a Rystad Energy, mas após mais de dois meses de guerra, a União Europeia quer avançar ainda mais, seus representantes estão propondo a proibição das importações de petróleo da Rússia em seis meses e cessar as importações de produtos refinados até o final deste ano de 2022.
Enquanto isso, países como a Alemanha estão no processo de redução da sua dependência de energia da Rússia, já outros disseram que não estariam prontos para abdicar de produtos do país, como a Hungria que afirma que precisaria de um período de três a cinco anos para não fazer mais o uso da commodity russa. Alguns estados não litorâneos, como a Eslováquia e a República Tcheca, dependem fortemente dos suprimentos que são entregues por oleodutos.
Ainda assim, com países que não vão abandonar o petróleo russo tão cedo, com o plano da UE de proibir a importação, a economia da Rússia estaria ameaçada, uma vez que o Fundo Monetário Internacional já havia previsto que encolheria 8,5% este ano, entrando em uma profunda recessão.

Índia intervém, China fica atrás

A proibição da importação de um grande consumidor como a Europa será problemática. Se os preços do petróleo se elevarem como resultado da proibição, Moscou poderia trazer mais receita governamental para os impostos sobre o petróleo, a curto prazo. Contudo, isso vai depender da capacidade da Rússia de direcionar o petróleo produzido para outros consumidores, o que não será uma tarefa fácil, pois parte importante das exportações de petróleo da Rússia para a Europa chega ao destino através de oleodutos. Ou seja, redirecionar esse petróleo para os mercados asiáticos exigirá uma nova infraestrutura cara que levaria anos para ser colocada em prática.

Enquanto isso, o petróleo offshore pode atrair mais compradores. A Índia, que utiliza cerca de 5 milhões de barris de petróleo diariamente, aumentou muito suas importações da Rússia desde o início da guerra na Ucrânia.
O grande petróleo bruto russo dos Urais tem seu valor estabelecido tendo o Brent como referência, que antes do ataque russo, era negociado com um desconto de centavos e agora, o desconto é de US$ 35 o barril do petróleo, o que o torna muito atrativo para os consumidores que não possuem proibições de importação.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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