Política expansionista no Japão e enfraquecimento do dólar impulsionam o valor da criptomoeda, enquanto investidores veem o bitcoin como refúgio em meio à incerteza global
O bitcoin (BTC) voltou a ser destaque no mercado financeiro mundial ao atingir uma nova máxima histórica de US$ 125.506, registrada no domingo (6). A maior criptomoeda do mundo manteve-se valorizada nesta segunda-feira (7), cotada a US$ 124.610, uma alta de 1,1% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko.
Em reais, a moeda digital é negociada a R$ 664.141, conforme o Cointrader Monitor. A recente valorização ocorre em meio a uma combinação de fatores macroeconômicos que vêm redesenhando o comportamento dos investidores.
De acordo com o portal Coindesk, o movimento foi impulsionado pelo anúncio da provável nova primeira-ministra do Japão, Takaichi Sanae, de retomar a política de “Abenomics”, criada pelo ex-premiê Shinzo Abe. O programa inclui afrouxamento monetário, crédito facilitado, aumento de gastos públicos e reformas estruturais, medidas que tendem a estimular a economia e favorecer ativos de risco como o bitcoin.
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O destaque é que Estados Unidos, China e Japão, que ocupam as três primeiras posições no ranking das maiores economias do planeta, adotam políticas expansionistas simultaneamente, gerando um ambiente propício à valorização de criptomoedas.
Dólar perde força e mercado busca alternativas seguras
Para o analista de criptoativos Beto Fernandes, o desempenho recente do bitcoin está diretamente ligado à perda de força do dólar. “O DXY [dollar index] bateu níveis não vistos desde fevereiro de 2022 e já registra uma queda de mais de 9,5% no ano”, explica.
O contexto geopolítico também contribui. Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump estuda um pacote de US$ 10 bilhões de ajuda ao agronegócio local, afetado por medidas tarifárias impostas recentemente. A expectativa é de que Trump se reúna com o presidente chinês, Xi Jinping, nas próximas semanas, em um encontro na Coreia do Sul, para discutir o tema.
Para Fernandes, o quadro revela uma transição de confiança global. “Mais do que um bitcoin supervalorizado, o que existe é um dólar mais desacreditado e uma economia norte-americana menos confiável. Naturalmente, o mercado passa a olhar para ativos alternativos como o ouro, ações e o próprio bitcoin”, afirma.
Analistas apontam para novos patamares e papel de proteção
O analista André Franco, CEO da Boost Research, reforça que a tendência positiva do bitcoin permanece no curto prazo. “Há uma convergência de três fatores: a busca por proteção diante da paralisação do governo dos EUA, as políticas monetárias mais expansionistas do Japão e a manutenção do viés de juros em queda no mundo todo”, observa.
Franco destaca que a correlação do BTC com os riscos fiscais americanos fortalece seu papel como ativo de proteção (hedge). “No curto prazo, o bitcoin pode testar a faixa entre US$ 125 mil e US$ 127 mil, com suporte inicial em US$ 120 mil”, projeta.
Já Guilherme Prado, country manager da Bitget Brasil, ressalta o avanço do interesse institucional. “O mercado está mais maduro e passa a ver o BTC como uma reserva de valor sólida em meio à incerteza global”, diz. Segundo ele, se o fluxo de entrada nos ETFs de bitcoin continuar, o ativo pode testar o patamar de US$ 130 mil nas próximas semanas.
A analista Sarah Uska, do Bitybank, complementa que o movimento dos ETFs tem sido decisivo. “A entrada de capital coincide com um Índice de Medo e Ganância em 59 pontos, o que mostra que, apesar da euforia, o mercado ainda não entrou em território de ganância extrema.”
ETFs impulsionam valorização e atraem grandes investidores
Na sexta-feira (3), os ETFs de bitcoin à vista registraram um saldo líquido positivo de US$ 985,1 milhões, marcando o quinto pregão consecutivo de entrada de recursos. O destaque foi o fundo IBIT, da BlackRock, que liderou o fluxo comprador com US$ 791,6 milhões.
Entre as altcoins, o movimento também é de valorização. O ether (ETH), segunda maior criptomoeda do mercado, avançou 1,1% a US$ 4.587. Já a solana (SOL) subiu 1,1% a US$ 234,21, enquanto o BNB, token da Binance, disparou 5,7% a US$ 1.232,10. O XRP, da Ripple, teve leve queda de 0,3%, cotado a US$ 3,00.
O valor total de mercado das criptomoedas atingiu US$ 4,36 trilhões, consolidando o setor como um dos mais expressivos do sistema financeiro global.
Nos ETFs de ether, também houve saldo positivo de US$ 233,5 milhões, sendo US$ 206,7 milhões referentes ao fundo ETHA, da BlackRock.
Perspectiva: bitcoin ganha força como símbolo da nova economia
O avanço do bitcoin em meio à instabilidade econômica global reflete uma mudança de mentalidade entre investidores e governos. Ativos descentralizados deixam de ser vistos como especulativos e passam a integrar estratégias de proteção patrimonial e diversificação.
Mais do que números recordes, o movimento revela um reposicionamento das finanças mundiais, em que confiança e autonomia digital ganham protagonismo.
E você, leitor: diante da desvalorização do dólar e das políticas expansionistas globais, o bitcoin veio para ficar como ativo de segurança ou ainda é um risco em tempos de incerteza econômica?
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