Rondônia cresce com mais de 50 mil conexões de energia solar em telhados, trazendo economia, empregos e sustentabilidade para todos os municípios do estado.
O estado de Rondônia vem se destacando de forma consistente no cenário nacional da geração própria de energia limpa. De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), já existem mais de 50 mil conexões de energia solar em telhados e pequenos terrenos espalhadas pelos 52 municípios do estado, alcançando 100% da região.
Assim, esse crescimento representa uma verdadeira transformação no modo como a população rondoniense lida com o consumo de eletricidade, trazendo mais autonomia, redução de custos e maior sustentabilidade.
Atualmente, mais de 61 mil consumidores de energia elétrica em Rondônia usufruem diretamente dessa tecnologia. Além da economia imediata na conta de luz, eles conquistam maior previsibilidade no orçamento e contribuem para a sustentabilidade ambiental, já que reduzem a emissão de gases de efeito estufa.
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Portanto, o movimento de expansão da energia solar em telhados não beneficia apenas quem instala os sistemas, mas também toda a sociedade.
A trajetória da energia solar no Brasil
Para compreender a relevância desse avanço em Rondônia, é necessário observar o contexto histórico da energia solar no Brasil. Até 2012, a geração distribuída praticamente não existia no país.
Contudo, a Resolução Normativa nº 482 da Aneel abriu a possibilidade de os consumidores gerarem a própria energia e compensarem o excedente na rede elétrica.
Esse marco regulatório inaugurou uma nova era. Inicialmente, os primeiros sistemas de energia solar em telhados residenciais e comerciais surgiram de forma tímida, já que os equipamentos eram caros.
Entretanto, a queda gradual do preço dos painéis fotovoltaicos, somada ao aumento da tarifa de energia elétrica, acelerou a expansão da tecnologia em todo o território nacional.
No caso específico de Rondônia, o clima ensolarado durante grande parte do ano sempre funcionou como um diferencial estratégico. Dessa forma, o estado reuniu condições naturais favoráveis para a geração solar, o que explica o rápido crescimento das conexões registradas pela ABSOLAR.
Atualmente, a energia solar aparece não apenas como alternativa, mas como parte essencial da matriz energética local.
Investimentos e benefícios econômicos
Os números comprovam esse impacto de maneira clara. Desde 2012, Rondônia atraiu mais de R$ 2,3 bilhões em investimentos ligados à energia solar.
Por consequência, empresas destinaram recursos para aquisição de equipamentos, instalação de sistemas e abertura de negócios especializados no setor.
A geração de empregos também merece destaque. Mais de 16,6 mil postos de trabalho surgiram no estado, muitos deles voltados à instalação e manutenção de sistemas solares.
Como resultado, a economia local ganhou dinamismo e novas oportunidades profissionais. Além disso, a arrecadação de impostos superou R$ 700 milhões, o que reforçou os cofres públicos e permitiu novos investimentos em infraestrutura e serviços essenciais.
Outro ponto relevante é a diversificação da economia local. O crescimento da energia solar em telhados favoreceu não apenas instaladores e fornecedores, mas também profissionais de áreas como engenharia, logística, advocacia e educação.
Dessa maneira, universidades e escolas técnicas de Rondônia já oferecem cursos de capacitação para atender à crescente demanda do setor.
Energia solar em telhados como democratização do acesso
Um dos aspectos mais importantes da energia solar em telhados é a democratização do acesso à eletricidade limpa e renovável.
Diferentemente de grandes usinas, que exigem extensas áreas de terreno, a tecnologia fotovoltaica pode ser instalada em casas, comércios e pequenas propriedades rurais. Assim, comunidades distantes dos centros urbanos também conseguem usufruir desse benefício.
Em Rondônia, a expansão para todos os municípios reflete exatamente esse processo. Famílias que antes dependiam exclusivamente da rede elétrica convencional agora contam com uma alternativa sustentável.
Além disso, pequenos produtores rurais conseguem reduzir custos de irrigação e refrigeração, o que torna suas atividades mais competitivas.
Essa autonomia energética fortalece a economia local, porque o dinheiro que antes era direcionado ao pagamento de contas de luz permanece circulando no comércio e nos serviços do próprio estado.
Paralelamente, consumidores que investem em sistemas fotovoltaicos percebem a valorização de seus imóveis, já que propriedades equipadas com energia solar costumam ser mais atrativas no mercado imobiliário.
O papel da legislação e os desafios atuais
Embora o crescimento seja notável, ainda existem desafios relacionados à regulação e ao futuro da geração distribuída no Brasil. A Lei nº 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída, trouxe maior segurança para os consumidores e definiu regras claras para a compensação de créditos de energia.
Entretanto, novas propostas em debate no Congresso Nacional, como as Medidas Provisórias nº 1300/2025 e 1304/2025, reacenderam discussões sobre possíveis mudanças no setor.
A ABSOLAR alerta que dispositivos que permitam à Aneel impor tarifas fixas ou modalidades compulsórias podem gerar insegurança jurídica.
Assim, consumidores poderiam enfrentar riscos quanto ao retorno de seus investimentos, o que desestimula a instalação de novos sistemas solares.
Por isso, a entidade defende que qualquer alteração ocorra de forma equilibrada, respeitando os direitos dos consumidores e incentivando a continuidade da expansão da geração solar.
Afinal, nove em cada dez brasileiros apoiam a ideia de gerar a própria energia renovável, conforme apontam pesquisas recentes.
Impacto social e ambiental
Além da economia financeira, a energia solar em telhados desempenha papel essencial na redução da pegada de carbono.
Cada sistema instalado diminui a dependência de fontes fósseis e hidrelétricas, o que contribui para a diversificação da matriz energética brasileira.
No contexto global de combate às mudanças climáticas, iniciativas como as de Rondônia colocam o Brasil em posição de protagonismo.
Além disso, a produção descentralizada de energia fortalece a resiliência do sistema elétrico e torna o país menos vulnerável a crises energéticas.
Do ponto de vista social, a geração distribuída cria oportunidades de capacitação profissional.
Jovens e trabalhadores encontram na energia solar um setor promissor, com demanda crescente e perspectiva de longo prazo.
Ademais, escolas e hospitais do estado já utilizam sistemas solares, gerando economia para instituições públicas e maior qualidade nos serviços oferecidos à população.
Perspectivas para o futuro
O avanço da energia solar em telhados não mostra sinais de desaceleração.
Com o aumento constante da eficiência dos painéis fotovoltaicos e a popularização de tecnologias complementares, como baterias de armazenamento, a tendência aponta para crescimento acelerado nos próximos anos.
Em Rondônia, a meta é continuar expandindo o acesso a todos os perfis de consumidores, desde famílias de baixa renda até grandes empreendimentos.
Dessa forma, a democratização do uso da energia limpa fortalece a transição energética e prepara o estado para enfrentar os desafios climáticos e econômicos do futuro.
O cenário nacional também se mostra promissor.
Estudo da consultoria Volt Robotics, encomendado pela ABSOLAR, estimou que a economia líquida para todos os brasileiros com a geração distribuída alcançará R$ 84,9 bilhões até 2031.
Esse valor beneficia inclusive quem não possui sistema instalado, já que reduz custos operacionais das distribuidoras e evita investimentos pesados em expansão da rede elétrica.
Outro avanço esperado é a integração entre energia solar e mobilidade elétrica.
Como os carros elétricos tendem a ganhar espaço no mercado brasileiro, a possibilidade de recarregá-los diretamente em residências abastecidas por energia solar cria uma nova dinâmica de consumo e sustentabilidade.
Rondônia, com seu potencial já comprovado, poderá ser referência nesse movimento de inovação. Com seus mais de 50 mil sistemas instalados, simboliza o potencial da tecnologia para transformar a vida das pessoas, gerar empregos, atrair investimentos e proteger o meio ambiente.
Mais do que uma tendência passageira, a geração própria de energia se consolida como parte fundamental da matriz elétrica brasileira.