Debate no Weibo questiona política do regime e revela insatisfação com tratamento a estrangeiros em meio a altas taxas de desemprego entre jovens.
O anúncio do visto K gerou um raro protesto nas redes da China, com milhares de mensagens no Weibo criticando a nova política do regime. Criado para atrair talentos estrangeiros em ciência e tecnologia, o documento foi recebido com desconfiança por internautas que temem aumento do desemprego, desigualdade e até uma crise migratória.
Segundo a Folha de S. Paulo, as críticas expõem uma tensão pouco comum em um ambiente digital fortemente controlado pelo governo, onde manifestações abertas contra medidas oficiais raramente ganham repercussão.
Por que o visto K provocou reação inédita
O visto K entrou em vigor no dia 1º e foi anunciado como parte da estratégia chinesa para disputar talentos globais, em resposta às restrições dos Estados Unidos para estudantes e trabalhadores estrangeiros.
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Diferentemente do modelo norte-americano, o documento chinês não exige altos custos nem vínculo prévio com instituições locais, o que deveria facilitar a atração de jovens profissionais.
Entretanto, usuários chineses enxergaram a medida como uma desvalorização dos graduados locais.
Para eles, a iniciativa favorece estrangeiros em detrimento de estudantes formados em universidades do país, que já enfrentam um mercado saturado e altas taxas de desemprego juvenil.
Críticas nas redes sociais
Perfis anônimos acusaram o regime de criar uma política que beneficia estrangeiros enquanto ignora dificuldades internas.
Comentários destacaram que o governo estaria “abrindo portas para bolsistas africanos e indianos” sem garantias de qualificação. Outros alegaram que o visto poderia trazer riscos à segurança nacional.
Um dos usuários citados pela Folha de S. Paulo escreveu: “Antes já não conseguíamos lidar com o pequeno número de estrangeiros que tinham tratamento de supercidadãos.
Agora querem trazer ainda mais?”. Essa percepção reforça a ideia de que há um sentimento de desigualdade e de preferência por estrangeiros, visto como injusto por parte da população local.
Quem apoia e o que ainda falta esclarecer
Apesar da onda de críticas, alguns internautas defendem o visto K, afirmando que ele não é um visto de trabalho e que a modalidade prevê apenas residência temporária e renovável, o que afastaria o temor de uma crise migratória.
Para esses apoiadores, o documento pode ajudar a fortalecer a inovação tecnológica no país, desde que sejam definidos critérios mais rigorosos.
Ainda não há informações completas sobre os requisitos de qualificação. A autoridade de imigração da China afirma que embaixadas e consulados vão detalhar as regras específicas, mas não informou quais exigências acadêmicas ou linguísticas serão necessárias.
A falta de clareza alimenta o debate e amplia a resistência nas redes sociais.
Impactos para o futuro
O raro protesto nas redes da China mostra como a população jovem encara o visto K como ameaça em um cenário de forte competição por empregos.
Ao mesmo tempo, a medida revela a pressa do regime em acelerar sua disputa com os Estados Unidos na corrida por inovação científica e tecnológica.
O sucesso ou fracasso do visto K dependerá da forma como a política será detalhada e aplicada. Para especialistas, a questão central será conciliar a atração de cérebros internacionais com a valorização dos próprios formados chineses, evitando que o descontentamento social cresça em paralelo.
A insatisfação no Weibo acende um sinal de alerta para Pequim: abrir as portas para estrangeiros pode fortalecer a China na corrida tecnológica, mas também provocar tensões internas.
E você, acredita que a China conseguirá equilibrar a atração de talentos estrangeiros com a valorização de seus próprios jovens? Deixe sua opinião nos comentários.