Projeto Rhisotope usa radioatividade segura para tornar chifres de rinoceronte detectáveis, oferecendo estratégia preventiva contra caça e contrabando na África do Sul
Uma nova estratégia sul-africana pretende transformar o objeto mais cobiçado pelos caçadores em arma contra o tráfico. Pesquisadores da Universidade de Witwatersrand passaram a injetar isótopos radioativos nos chifres de rinocerontes. A técnica busca dificultar o contrabando e facilitar a detecção do material em aeroportos e portos.
Segundo os cientistas, a substância não oferece risco aos animais. Ela pode ser identificada por sensores de radiação, permitindo antecipar a ação dos criminosos e não apenas reagir aos ataques.
Projeto Rhisotope
Batizado de Rhisotope, o projeto é resultado de seis anos de pesquisa. Foi desenvolvido em parceria com autoridades nucleares e conservacionistas. Em fase preliminar, cerca de 20 animais de um santuário passaram por testes.
-
TV LED travando ao abrir aplicativos: Como identificar e corrigir o problema
-
Celular com internet grátis em mais de 60 países? Conheça o mini smartphone que dispensa chip e Wi-Fi
-
Anatel libera a chegada do celular mais popular da Samsung no mundo, que estreia no Brasil com upgrades importantes
-
POCO M7 Plus 5G chega com chip Snapdragon 6s, taxa de 144 Hz e brilho de 700 nits, bateria gigante de 7.000 mAh e promete balançar o mercado de intermediários por apenas R$ 924
Após bons resultados, a técnica foi aplicada em cinco rinocerontes do Parque Nacional Kruger, que abriga um quarto da população africana da espécie. A meta é expandir o uso para mais exemplares.
“O processo é completamente seguro para o animal e eficaz para tornar o chifre detectável nos sistemas de segurança nuclear das alfândegas internacionais”, disse James Larkin, diretor científico do projeto, ao The Guardian.
Ele explicou que até mesmo um chifre com níveis de radioatividade muito abaixo dos planejados conseguiu acionar os alarmes.
Em alguns casos, detectores identificaram o material escondido dentro de contêineres de 12 metros totalmente carregados.
Pressão da caça ilegal
A África do Sul abriga cerca de 16 mil rinocerontes, a maior população mundial. Ao mesmo tempo, lidera os índices de caça ilegal, favorecida pela concentração da espécie e pela dificuldade de fiscalização em áreas extensas.
De acordo com a ONG Save the Rhino, mais de 400 animais são mortos anualmente desde 2021. Só no primeiro trimestre de 2025, 103 já haviam sido abatidos.
O chifre do rinoceronte é alvo de forte demanda no mercado ilegal, principalmente na China e no Vietnã. Embora seja composto basicamente de queratina, a mesma de unhas e cabelos humanos, é usado na medicina tradicional, onde é falsamente associado a propriedades medicinais.
Além disso, o material virou símbolo de status entre elites, elevando ainda mais seu valor.
Abordagem preventiva
Para Larkin, a tecnologia radioativa representa um avanço por ser preventiva. “Pelo menos um animal ainda está sendo caçado por dia.
Acho que esses números só vão aumentar se a gente não fizer nada”, afirmou à BBC.
Ele considera a técnica “uma ferramenta significativa” para reduzir mortes, por permitir ação proativa.
Opinião de conservacionistas
A ativista Jamie Joseph, da Saving the Wild, classificou a medida como “inovadora e muito necessária”. Porém, destacou que não é a solução definitiva.
“Só uma legislação mais eficaz e vontade política podem acabar com a crise dos rinocerontes. Mas certamente ajudará a dificultar o fluxo de chifres e permitirá mapear melhor os canais ilegais ao fornecer dados confiáveis”, disse à BBC.
Com informações de Super Interessante.