1. Início
  2. / Agronegócio
  3. / Porco Moura do Sul do Brasil: suíno rústico descendente dos ibéricos, criado em harmonia com a floresta, produz carne amendoada e toucinho nobre que conquistam a charcutaria
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Porco Moura do Sul do Brasil: suíno rústico descendente dos ibéricos, criado em harmonia com a floresta, produz carne amendoada e toucinho nobre que conquistam a charcutaria

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/09/2025 às 23:33
Descubra como o porco Moura, descendente dos ibéricos, adaptou-se ao Brasil, sendo criado em florestas nativas e produzindo carne marmorizada única.
Descubra como o porco Moura, descendente dos ibéricos, adaptou-se ao Brasil, sendo criado em florestas nativas e produzindo carne marmorizada única.
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Raça Moura criada solta em áreas de floresta no Sul do Brasil alia rusticidade, sustentabilidade e carne marmorizada valorizada pela charcutaria artesanal.

A suinocultura brasileira guarda histórias singulares, e uma delas é a do porco Moura, um animal descendente dos famosos ibéricos trazidos por portugueses e espanhóis.

A raça, hoje reconhecida como nativa do Brasil, passou por um processo de seleção natural no Sul do país e tornou-se símbolo de rusticidade, sabor e integração com o meio ambiente.

Criado em áreas de floresta nativa, esse suíno oferece características únicas para a charcutaria e resgata práticas que unem tradição, agro e preservação.

Origem e adaptação natural

O porco Moura chegou ao Brasil junto com os colonizadores ibéricos. Portugueses e espanhóis trouxeram animais que descendiam dos tradicionais “pata negra”, célebres na Europa por sua carne marmorizada e sabor marcante.

No Sul do país, esses porcos foram submetidos a condições específicas do clima e da vegetação subtropical. O resultado foi uma seleção natural que originou uma raça rústica e adaptada, hoje considerada totalmente brasileira.

Essa transformação não ocorreu por cruzamentos planejados, mas sim pela força do ambiente.

Os animais se ajustaram ao habitat, desenvolveram resistência e conservaram traços que remetem aos ibéricos, como o couro grosso, a gordura entremeada e a docilidade.

Em pouco mais de dois anos de criação dedicada, os produtores já observaram a robustez do Moura, sem registro de doenças ou fragilidades.

Criação em floresta nativa

Diferente dos modelos industriais de confinamento, o porco Moura é criado em áreas de floresta preservada.

Nas propriedades, os animais vivem soltos em piquetes delimitados, divididos por idade, com acesso a nascentes de água pura e espaços de lama natural, que funcionam como banho medicinal. Essa rotina reduz o estresse e mantém o ambiente equilibrado, sem pressão de predadores.

A dieta também reflete essa integração com a mata. Além da ração balanceada com farelo de soja, os suínos consomem frutos e sementes locais, como pinhão, guavirova, pitanga e, principalmente, a semente de embuia.

Esse alimento contém óleo semelhante às bolotas que alimentam os ibéricos na Espanha, proporcionando à carne brasileira um sabor amendoado característico, altamente valorizado para charcutaria.

Carne diferenciada para charcutaria

A carne do porco Moura chama atenção pela marmorização, coloração vermelha intensa e sabor singular. Os cortes apresentam semelhanças visuais com carnes bovinas, mas mantêm a textura própria da suinocultura.

Além disso, o animal possui um toucinho de qualidade superior, muito apreciado em produtos artesanais de cura e defumação.

Por essas características, a charcutaria brasileira já considera o Moura como referência.

O produto final alcança preços diferenciados em relação ao suíno comum, e há um esforço em andamento, com apoio do Sebrae e da Amabel, para registrar a denominação de origem da raça, seguindo o exemplo de italianos e espanhóis.

Estrutura simples e tradição preservada

As instalações para criação do Moura mantêm a simplicidade, em harmonia com a proposta de integração ao ambiente natural.

Os abrigos servem apenas para dias de chuva ou frio intenso, preservando a floresta em pé como cenário central. Essa prática se assemelha ao modelo familiar europeu, onde pequenos produtores mantêm animais soltos no campo, aliados a culturas agrícolas diversas.

O manejo também valoriza o contato próximo com os animais.

As fêmeas, por exemplo, permitem a presença dos criadores durante o parto, que ocorre em ambientes naturais e com acompanhamento humano. Essa docilidade reforça a ideia de que o Moura é uma raça inteligente, adaptada e de fácil convivência.

Ciclo de produção e manejo alimentar

O ciclo produtivo do Moura se completa a partir dos oito meses de idade, quando os animais atingem peso próximo de 95 quilos. O processo inclui etapas claras: pesagem ao nascimento, novo acompanhamento no desmame aos 35 dias e crescimento em piquetes com alimentação reforçada. As rações, preparadas de acordo com a idade, incluem ingredientes como calcário, sal comum e abóbora, além da dieta natural da floresta.

Esse manejo cuidadoso garante que os leitões cheguem ao desmame já fortes, com peso médio de 12 quilos, o que evidencia a rusticidade e o bom aproveitamento da dieta balanceada.

Agro, meio ambiente e valorização cultural

O exemplo do porco Moura mostra que o agro pode caminhar junto com o meio ambiente. Criado sob a sombra da Mata Atlântica, com respeito ao ciclo natural e aproveitamento da biodiversidade local, o suíno reforça a ideia de que produção e preservação não são excludentes.

Ao contrário, tornam-se aliados na construção de valor agregado para o campo.

A carne do Moura não é apenas um produto diferenciado: ela carrega a história da adaptação, da rusticidade e da integração do animal ao território brasileiro.

Essa combinação transforma a suinocultura em algo mais do que atividade econômica — em um patrimônio que une tradição, sustentabilidade e identidade nacional.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x