Deflação em agosto, puxada pelo bônus de Itaipu e queda da energia elétrica, fortalece expectativa de corte de juros e reacende debate sobre retomada econômica.
A queda da inflação registrada em agosto representou um ponto de virada no cenário econômico brasileiro. O índice oficial (IPCA) apresentou variação negativa, reflexo direto do bônus de Itaipu e da redução de 4,2% nas contas de luz. Segundo a Veja, cerca de 80 milhões de brasileiros receberam desconto médio de R$ 11,60 na fatura, fator decisivo para o resultado. O alívio não apenas reduziu o índice de preços, como também abriu espaço concreto para o Banco Central avaliar o primeiro corte da Selic em 2026.
Esse movimento tem impacto direto nas expectativas de crescimento. A taxa Selic, mantida em 15% ao ano, é considerada o maior obstáculo para a expansão do crédito e do consumo.
A possibilidade de corte antecipado reacende a perspectiva de retomada da economia já no próximo ano, mesmo diante dos desafios fiscais que ainda cercam o governo.
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Quem ganha com a queda da inflação
A redução da inflação beneficia diretamente consumidores e empresas. Itens essenciais, como arroz, carnes, café e ovos, registraram deflação pelo terceiro mês consecutivo, resultado da supersafra brasileira e da maior oferta interna.
Ao mesmo tempo, a valorização do real frente ao dólar queda de 12% desde janeiro ajudou a baratear importados e insumos, reforçando o alívio nos preços.
Do ponto de vista internacional, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também deve iniciar cortes de juros, o que reduz a pressão sobre o câmbio.
Segundo o economista André Valério, do banco Inter, “juros menores nos Estados Unidos contribuem para que o Brasil possa cortar a Selic sem deteriorar o câmbio”. Esse alinhamento externo favorece a política monetária brasileira.
Quanto ainda preocupa no cenário interno
Apesar do alívio nos preços gerais, o setor de serviços continua pressionando a inflação. Restaurantes, mensalidades escolares, salões de beleza e serviços de manutenção acumulam alta de cerca de 6% em 12 meses, índice superior ao IPCA.
Como esses segmentos estão ligados à renda e ao emprego, sua desaceleração tende a ser mais lenta.
Outro ponto de atenção é o quadro fiscal. Especialistas alertam que sem equilíbrio entre gastos públicos e arrecadação, a queda da inflação pode ser insustentável.
Isso significa que, além da trajetória de preços, a confiança dos investidores na disciplina fiscal do governo será decisiva para permitir cortes mais consistentes da Selic.
Onde a Selic pode começar a cair
O debate agora está no calendário. Uma ala de analistas acredita que o Copom pode iniciar os cortes já em dezembro, enquanto a maioria aposta entre janeiro e março de 2026.
As expectativas reforçam a leitura de que a política monetária conduzida por Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, começa a ganhar confiança após meses de ceticismo do mercado.
O Boletim Focus confirma essa tendência: foram 14 quedas consecutivas nas projeções de inflação, com o IPCA de 2025 recuando de 5,6% em março para 4,8% em setembro, abaixo do teto da meta de 4,5%. A melhora nas projeções fortalece a percepção de que o ambiente está mais favorável do que no início do ano.
Por que a queda da inflação é decisiva para 2026
A inflação controlada é a condição essencial para a redução dos juros. Com Selic mais baixa, o crédito fica mais acessível, o consumo ganha força e os investimentos são retomados, estimulando o crescimento econômico.
Historicamente, cada ciclo de queda da Selic no Brasil esteve associado a fases de expansão mais vigorosa.
Se confirmada, a virada no ciclo monetário pode significar um 2026 marcado por maior dinamismo econômico, com alívio para famílias endividadas, estímulo ao setor produtivo e melhora do ambiente de negócios.
Porém, tudo dependerá da combinação entre política fiscal responsável, manutenção da confiança internacional e continuidade da trajetória de desaceleração inflacionária.
A queda da inflação em agosto trouxe não apenas um alívio imediato no bolso dos brasileiros, mas também a possibilidade concreta de corte da Selic em 2026.
O movimento pode redefinir os rumos da economia, antecipando a retomada do crescimento e aumentando o otimismo em setores estratégicos.
E você, acredita que a redução da Selic em 2026 será suficiente para acelerar o crescimento do Brasil? Ou acha que os desafios fiscais e estruturais ainda vão pesar mais do que a queda da inflação?
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